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Jardim da Casa de Recarei

Jardim da Casa de Recarei

O ponto de interesse Jardim da Casa de Recarei encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Custóias no municipio de Matosinhos e no distrito de Porto.

Jardim de caracterização estilística seiscentista, barroca e revivalista. Jardim de uso privado. A figura central do chafariz com tanque em losango, existente na zona do séc. 18, é semelhante à encontrada no jardim da preguiça da Quinta da Boa Viagem (v.IPA.00003501). A rara amaoreira-do-papel aparece também no jardim do Campo Grande e no Campo Mártires da Pátria, em Lisboa, e no jardim da quinta de Nossa Senhora da Aurora, em ponte-de-Lima, da mesma época. Recarei é talvez o mais bem preservado jardins português do séc. 17 conservando em muito bom estado toda a estrutura de condução de água, lago, muros, alegretes e bancos. Este tipo de estrutura típica do jardim seiscentista português existe, na maioria dos casos, fragmentada ou descrita em documentos. O jardim transparece toda a sua grandeza no privilégio apreciar o perfume, as cores variadas, texturas e todo o seu traçado inigualável e excepcionalmente bem mantido. Os elementos arquitectónico-escultóricos introduzidos por Nicolau Nasoni no séc. 18 conferem ainda ao jardim um carácter artístico relevante. É também de salientar a antiguidade de muitas das espécies existentes no jardim, como as camélias, o teixo ou a magnólia, plantadas de origem. A casa de fresco apresenta as paredes interiores pintadas de azul, mantendo a cor forte de origem. A amoreira-do-papel existrente na zona do séc. 18 é raramente utilizada em portugal.

Planta rectangular, dividida em duas áreas por muro de granito correspondentes à zona antiga e a outra mais recente. percorríveis no sentido E. / O. por caminho sob latada de glicínias. ZONA ANTIGA: constituída por três zonas rectangulares, percorridas por uma alameda central, comunicando com a latada. A primeira, do séc. 17, tem ao centro um chafariz de tanque octogonal com repuxo central, cercado por bancos ladeados por alegretes. A do meio, da mesma época, apresenta quatro tabuleiros de desenho simétrico de parterres de buxo talhado formando canteiros preenchidos com herbáceas ou arbustos coloridos (salvias, cravos, poligonum, bordo, etc). A última, do séc. 18, tem um desenho assimétrico de canteiros de buxo talhado onde abundam árvores exóticas. Ao centro, chafariz com tanque em forma de losango com putto sobre golfinho e segurando numa das mãos, um búzio servindo de bica e noutra o brasão da família Alão. Nesta zona, adossada ao muro que limita o jardim a N., e alinhada com as duas outras peças de água da alameda, existe uma fonte, com alto espaldar recortado em que a água sai em duas quedas sucessivas para uma taça. Na parte posterior do espaldar adossa-se depósito de água para abastecimento da rega e a ornamentação do jardim. A E., no seguimento da fachada da casa, o muro está trabalhado desenhando as costas de um banco que lhe está adjacente. Nesta zona, existem outros bancos e mesas para estadia. Junto ao muro que limita a zona antiga, a O., está construída uma casa de fresco quadrangular com cobertura em coruchéu e pináculos nos ângulos. No interior, com paredes pintadas de azul, fonte ornamentada com figura humana policromada, que deita água por uma bica para taça encastrada na parede. Num dos lados, a parede é ligeiramente recuada em forma de nicho com um banco encaixado e noutro abre-se janela recortada sobre a zona antiga do jardim. No muro que separa a zona antiga e recente, existe um nicho confrontante com outro localizado no muro oposto, tendo cada um deles uma escultura feminina seiscentista, representativas da Bondade e da Felicidade *2. Entre a casa de fresco e o nicho do muro rasga-se janela com vista para a zona recente, onde existem duas alamedas que se cruzam no centro em chafariz com tanque circular e repuxo central. Um outro caminho, lateral, estende-se paralelamente à alameda central, desde a janela rasgada no muro limite até ao portão com saída para a Via Norte. São assim definidos seis grandes canteiros com diversas espécies exóticas ou autóctones num jogo colorido.

Materiais

INERTES: granito na maior parte dos elementos constituintes do jardim (muros, bancos, peças de água, caleiras). VEGETAL: árvores - ácer (Acer sp), amoreira-do-papel (morus papyrifera),araucárea (Araucarea bidwilii), camélia (Camelia japónica), feto arbóreo (Sphaeropteris cooperi), lagestroemia (Lagaestremia indica), magnólia (Magnolia grandiflora), teixo (Taxus baccata); arbustos - azálea (Azalea sp), buxo (Buxus semperviriens), noveleiro (Viburnum opulus), rododendro (Rhododendron ponticum), Rosa (Rosa sp),; herbáceas -alegria-do-lar (Impatiens oliveri), cravo (Dianthus caryophillus), salvia (Salvia splendens); trepadeiras - glicínias (Wisteria Sinensis).

Observações

A quinta situa-se dentro do território medieval Villa Recaredi, nos arredores do Porto. O actual proprietário, é detentor de todo o arquivo da casa e da família Alão que lhe foi legado pelo descendente da família Alão que vendeu a propriedade no séc.18. *1 - Casa de Recarei, incluindo os jardins do século XVII e os elementos escultóricos atribuídos a Nicolau Nasoni; *2 - As cabeças das duas imagens foram cortadas durante os motins relacionados com a "Monarquia do Norte". Visitável mediante marcação com o proprietário.