Palacete construído no séc. 20, em estilo revivalista e eclético, com planta irregular, composta por corpo principal em T, ao qual se adossam dois corpos rectangulares na fachada principal e posterior. O palacete construído por "torna-viagem", poder-se-á enquadrar na chamada "Casa de Brasileiro", com fachadas caracterizadas por um neobarroco bastante simples, procurando imitar um solar, ritmadas por vãos em verga recta e arco abatido, com alpendre em tripla arcaria, precedido por escadaria de dois lanços curvos e um recto, cunhais apilastrados coroados por pináculos piramidais com bola e na fachada posterior varanda corrida em ferro com guarda e recortes dos arcos com desenhos arte nova. Interior ricamente decorado, com tectos estucados neobarrocos e neorococós, principalmente notório na decoração do Sala dos Espelhos, com recurso excessivo a concheados e cenas galantes típicas do séc. 18. A inspiração das fachadas no solar nortenho foi quebrada pelo uso do esbarro em granito, como se de uma fortaleza se tratasse. A simplicidade das fachadas exteriores contrasta com a riqueza da decoração interior, principalmente notório na Sala dos Espelhos com um jogo de concheados e motivos fitomórficos, formando pesadas molduras nos espelhos e cenas galantes que decoram o tecto.
Planta irregular, composta por corpo principal em T, ao qual se adossam dois corpos rectangulares na fachada principal e posterior. Volumes articulados e escalonados de dominante vertical, com corpo da fachada principal mais baixo. Coberturas em telhados diferenciados, de quatro águas no corpo principal e três águas nos corpos secundários. Fachadas de três registos, separados por friso, rebocadas e pintadas de branco, com largo embasamento de cantaria, em esbarro, correspondendo ao piso térreo. Panos enquadrados por cunhais coroados por pináculos piramidais com bola. As fachadas são ritmadas por vãos em arco abatido, no primeiro e último registo e de verga recta no segundo. Remates em cornija sob beiral saliente, precedida por argolas de ferro. Fachada principal a N., com pequeno corpo secundário, correspondente a alpendre, suportado por tripla arcaria plena, com escadaria de granito de dois lanços curvos, com patamar intermédio de ligação a lanço recto. Guarda em balaustrada, com arranque em coluna toscana estriada coroada por esfera. Sobre este alpendre abrem-se duas portas de verga recta. Fachada lateral E., com dois largos vãos envidraçados no primeiro registo, e nos superiores, varanda corrida de ferro, alpendrada, suportada por colunelos, formado na cobertura uma outra varanda, no último registo. Guardas em ferro, possuindo no extremo esquerdo escada helicoidal de ferro, de acesso ao piso superior, e do direito escadaria de um lanço, mais larga na extremidade. Fachada lateral O., com varanda corrida, em granito, no último registo, com guarda em balaustrada. Fachada posterior, com corpo secundário possuindo no último registo arcaria plena envidraçada, em cada um dos panos. INTERIOR correspondendo o andar nobre ao segundo piso, com acesso principal por corredor de circulação que comunica com vestíbulo central, com escadaria de três lanços, com patamares intermédios, iluminada por clarabóia. No primeiro piso desenvolvem-se as salas de atendimento, sector administrativo, arquivos e área de consulta de periódicos e revistas. No segundo e terceiro pisos, encontram-se várias salas da biblioteca, Sala do Conto, uma sala polivalente e áreas administrativas. Estes dois pisos, apresentam pavimento em soalho e tectos estucados, algumas com decoração bastante profusa, essencialmente com decoração fitomórfica. No andar nobre destaca-se a Sala dos Espelhos, usada como polivalente, com lambril apainelado de madeira, com paredes decoradas por painéis e espelhos moldurados por motivos fitomórficos e concheados. A sala demarcada por colunas coríntias que suportam os diferentes painéis que decoram o tecto, com pinturas de cenas galantes, molduradas por grandes concheados e motivos fitomórficos. A antiga Sala de Jantar, também neste piso apresenta lambril de madeira, com painéis de azulejos policromos de figura avulsa.
Materiais
Estrutura, elementos decorativos, cunhais, frisos, cornijas de remate, varandas e escadarias exteriores em granito; portas, janelas, pavimentos interiores, silhares e escadaria interior em madeira; varanda corrida da fachada posterior e algerozes em ferro fundido; tectos de estuque pintado; azulejos tradicionais recentes; cobertura em telha de canudo.
Observações
*1 - Emílio Ló Ferreira nasceu em Trevões, São João da Pesqueira e trabalhou como artífice na construção do Porto de Leixões. Emigrou para o Brasil, tendo trabalhado como empreiteiro em algumas obras estatais brasileiras, graças ao seu cumpadre, o Dr. Constantino Nery, Governador do Estado de Manaus. Emílio Ló Ferreira quando enriquece estabelece-se em Matosinhos, com a esposa e dois filhos, mandando construir o Teatro Constantino Nery (v. PT011308060037), como homenagem ao seu cumpadre; *2 - a pedra de armas do palacete, em calcário encontra-se exposta no espaço exterior junto à Câmara Municipal de Matosinhos; *3 - o palacete foi também pertença do Conde da Covilhão e Eurico Felgueiras. Esteve lá instalada a Escola Comercial e Industrial, uma secção do Liceu D. Manuel II e a Escola Preparatória de Matosinhos.