Escola primária, projetada e construída na década de 1950, por Dário Vieira da Silva, no âmbito da segunda fase do plano dos Centenários, programa de construção em larga escala levado a cabo pelo Estado Novo a partir de 1941, em sucessivas fases, com o objetivo de constituir uma rede escolar de abrangência nacional. Nesta segunda fase do plano dos Centenários, em Lisboa, processa-se uma decisiva viragem para uma arquitetura moderna. Libertos do cariz monumental e regionalista da fase subsequente, os novos projetos apresentam propostas que revelam uma visão humanizada e funcional do edifício, adequando-o ao universo infantil e aos critérios modernos de orientação solar. O projeto do Grupo Escolar do Bairro Social do Arco do Cego é, no entanto, dentro do conjunto de grupos escolares edificados ao abrigo da segunda fase do plano dos Centenários em Lisboa, um caso particular. Edificado para preencher a lacuna deixada pela conversão do edifício projetado pelo arquiteto Jorge Segurado de escola central primária em liceu nacional, o grupo escolar desenhado pelo arquiteto Dário Vieira da Silva vai formar com o liceu um conjunto de equipamentos escolares, pelo que o seu traço teve em linha de conta o projeto do edifício central. A separação dos dois edifícios escolares, destinados à secção feminina e à secção masculina é, neste caso, mais efetiva do que nos restantes grupos escolares, uma vez que o eixo de simetria que os divide é aqui formado pelo próprio edifício do antigo liceu nacional. A aplicação de obras de arte ao contexto arquitetural que vai marcar os grupos escolares construídos a partir desta segunda fase é, também, aqui condicionada pela preexistência, os baixo-relevos que marcam a entrada nos dois edifícios do presente grupo escolar não apresenta figuras saídas do imaginário infantil, mas antes a figura sóbria, estática e tutelar do padroeiro, São João de Deus. Interiormente, o seu programa funcional segue as orientações iniciais do plano dos Centenários. A unidade de construção continua a ser a sala de aula, com uma capacidade máxima de 40 crianças (medindo 8 x 6 metros, com 3,5 metros de pé-direito, servidas por grandes janelas). Desenvolvem-se em número par, constituindo dois blocos idênticos, um destinado a alunas e outro a alunos. Nestes, para além das salas de aula, a presença de refeitórios para c. de 100 crianças, amplos alpendres (recreios cobertos, com c. 160 m2) assentes em pilotis, que abrem para dois espaços de recreio ao ar livre, e instalações para o corpo docente, secretaria e instalações sanitárias.
Conjunto de dois imóveis idênticos de planta composta por quatro corpos retangulares, de dois pisos, articulados em volta de um pátio central em forma de retângulo alongado no sentido oeste-este. Ao corpo retangular oeste adossa-se um pequeno quadrado (torre que assinala a entrada em cada um dos edifícios do grupo escolar), no ângulo sudoeste, no edifício da Escola Básica do 2.º Ciclo D. Filipa de Lencastre, e no ângulo noroeste no edifício da Escola Básica do 1.º Ciclo São João de Deus. As coberturas são em telhados de duas águas, sendo de três águas nas extremidades do corpo letivo original, de quatro águas na torre, e planas nas estruturas alpendradas que servem de recreio coberto e nas alas dos corpos letivos de construção mais recente. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por janelas retilíneas com molduras de alvenaria simples e percorridas por soco de alvenaria. O acesso aos imóveis é feito nos ângulos sudoeste no edifício da Escola Básica do 2.º Ciclo D. Filipa de Lencastre, e no ângulo noroeste no edifício da Escola Básica do 1.º Ciclo São João de Deus. A fachada principal, de dois e três pisos (virada a sul no caso da escola do segundo ciclo e a norte na do primeiro) é composta por quatro panos. O primeiro, mais recuado, de dois pisos, antecedido por três degraus, é rasgado no primeiro piso pela porta principal, com moldura de verga reta, encimada, ao nível do segundo piso, por um amplo janelão retilíneo. Este pano faz ângulo com a fachada oeste da torre, parede cega de três pisos onde figura um baixo-relevo da autoria do mestre Joaquim Correia (1920-2013). A fachada sul da torre, o segundo pano da fachada principal, de três pisos, é rasgada por três pequenas janelas quadrangulares ao nível do teto do primeiro piso encimadas por frestas de iluminação vertical, ao nível dos segundo e terceiro pisos. A fachada este da torre apresenta uma parede cega, faz ângulo com o terceiro pano da fachada principal, de dois pisos, rasgado, em cada piso, por uma janela quadrangular, um janelão e outra janela quadrangular, faz ângulo com o quarto pano, novamente mais recuado, é rasgado, ao nível do primeiro piso, por uma porta de acesso ao exterior antecedida por um alpendre conseguido por laje de betão sobre piloti. A fachada lateral esquerda do imóvel é composta três panos de dois pisos, um primeiro, mais saliente, apresenta uma parede cega, faz ângulo com a fachada posterior do corpo letivo inicial, o segundo pano é centralizado por quatro grupos de cinco pequenas janelas retilíneas ao nível do teto de cada piso ladeados por um pequeno grupo de duas janelas, também ao nível do teto e, nos extremos, uma janela quadrangular em cada piso. A fachada posterior comporta na primeira metade, as escadas de acesso a um terraço que cobre a estrutura alpendrada que serve de recreio coberto, a segunda metade apresenta uma parede com porta de acesso ao exterior (ângulo noroeste no edifício da Escola Básica do 2.º Ciclo D. Filipa de Lencastre, e no ângulo sudoeste no edifício da Escola Básica do 1.º Ciclo São João de Deus). Por último, a fachada lateral direita corresponde à fachada principal do novo corpo letivo, é rasgada, em cada piso por quatro grupos de cinco janelas retilíneas. Em torno do pátio encontram-se: a fachada posterior do corpo de entrada, rasgada por três portas encimadas por três janelas quadradas retilíneas; a fachada principal do corpo letivo original, rasgada por uma janela quadrangular em cada piso, ladeada por quatro grupos de cinco janelas retilíneas; a fachada principal do novo corpo de acesso à estrutura alpendrada, rasgada na primeira metade por dois grupos de cinco janelas retilíneas em cada piso, cuja divisão é marcada pela presença da laje que serve de alpendre; a fachada posterior do novo corpo letivo marcada por quatro grupos de cinco janelas retilíneas em cada piso. INTERIOR: o grupo escolar encontra-se estruturado a partir dos dois edifícios idênticos (que correspondiam à escola masculina e à feminina), em cada um deles acede-se ao interior a partir de um átrio, localizado no ângulo sudoeste do edifício mais a norte e no ângulo noroeste no edifício mais a sul, de onde partem amplos espaços de circulação, corredor do rés-do-chão, escadas e elevador de acesso ao piso (ambos os corredores com iluminação unilateral, virada a norte, feita a partir de janelas colocadas ao nível do teto nas fachadas do corpo letivo primitivo e por janelas idênticas às das salas de aula na fachada do novo corpo letivo), que dão acesso a oito salas de aula semelhantes entre si (com 8 x 6 metros e 3,50 metros de pé-direito), no corpo letivo original e a cinco novas salas de aula no novo corpo letivo, construído na última campanha de obras (duplicação do comprimento original do corpo nascente e acrescento de mais um piso). Originalmente os edifícios comportavam ainda a existência de copa/cantina junto à sua fachada principal (a sul no edifício mais a norte e a norte no mais a sul), de um só piso, e de gabinete para docentes e instalações sanitárias, no corpo nascente. Atualmente, toda esta área foi profundamente remodelada, encontrando-se o primeiro piso ocupado pelas áreas administrativas e de docentes e tendo ganho mais um piso, que correspondem a mais três salas de aula. O corpo nascente (novo corpo letivo) continua a comportar a existência gabinete para docentes e instalações sanitárias, assim como de uma cafetaria. Por último, é de assinalar a existência de mais duas salas de aula no topo norte do edifício do segundo ciclo do ensino básico e no topo sul no edifício do primeiro ciclo. O recinto comporta ainda a existência de estruturas alpendradas que servem o recreio coberto (com 160 m2 cada) e recreio descoberto, servido por equipamento lúdico e campos desportivos, é vedado por cerca de arame.
Materiais
Estrutura em betão armado e alvenaria de tijolo, rebocada e pintada; socos, revestimentos, degraus e pavimentos em cantaria calcária; caixilharias em metal; painéis de mosaico decorativo.
Observações