Convento teatino construído no séc. 17 e transformado em escola de ensino artístico marcada por uma fachada ecléctica e classicizante do tipo "beaux-arts", identificada pelo desenho do embasamento, mansardas, frontão triangular com conjunto escultórico e balaustrada. A leitura global da fachada principal não se identifica na totalidade com esta tipologia, identificando-se nela duas fachadas distintas correspondentes a diferentes épocas de construção. Tem um salão de concertos com plateia, balcão e tribuna, dispondo de entrada independente para a rua, foyer e espaços de apoio. O salão é configurado por um único espaço contínuo, sendo a relação do palco com a zona do público de cena contraposta e apresenta uma planta em "U". Tem uma lotação de 287 lugares. Para além do seu valor arquitectónico e das memórias de carácter histórico que encerra, o edifício assume um valor cultural destacado pelas funções artísticas que as escolas do Conservatório Nacional têm desempenhado na formação nos diversos campos da música e da dança e, anteriormente, também do teatro e do cinema, contribuindo assim para a criação de um ambiente cultural que caracteriza esta zona do Bairro Alto desde o séc. 19. Destaca-se do conjunto a fachada N. que, seguindo a composição da fachada principal, apresenta uma escala mais monumental devido não só ao seu comprimento, como também à acentuada inclinação da Rua João Pereira da Rosa.
Edifício de planta quadrangular composta, de traçado oblíquo a N. e integrando no ângulo SE. um corpo de planta em "L". É vazado por pátio de planta rectangular e saguão de planta triangular e desenvolve-se em quatro pisos, com o térreo parcialmente ocupado - a aproveitar o desnível do terreno - e o último projectado em mansarda. A volumetria é horizontal e as coberturas, diferenciadas e escalonadas, são em telhados de duas e três águas. A O. levantam-se construções anexas de igual volumetria, onde se destaca um edifício paralelepipédico de composição idêntica à fachada posterior do edifício principal. A frontaria, onde se rasga o acesso principal (E.), a extensa fachada lateral N. e o edifício anexo a O. datam da reconstrução de 1911 e correspondem à área ocupada pelo antigo convento, onde se instala o Conservatório em 1837; a fachada contígua, para S., de cércea inferior e composição distinta, corresponde ao corpo em "L", levantado no séc. 19 para prover o Conservatório de uma sala de espectáculos. A composição das fachadas resultantes da remodelação do séc. 20 assentam num conjunto de elementos comuns como: embasamento de pedra; panos rebocados e rasgados por fenestração regular, de vãos alinhados e distribuídos a espaçamentos iguais - janelas de verga curva no piso térreo, de verga recta com moldura saliente no primeiro piso e de sacada no segundo piso, com guarda de ferro forjado; cornija saliente na linha inferior do pavimento em mansarda, sendo esta revestida a ardósia, rasgada por sacadas e coroada por lambrequim em ferro. A fachada principal recebe um tratamento mais elaborado, embora dentro destas linhas e elementos. É caracterizada pela definição de distintos panos com superfícies que avançam e recuam, sendo dado particular destaque ao pano central, integralmente de cantaria: porta principal de verga arqueada, ladeada por duas janelas de peito; no piso superior, vão tripartido com guarda em balaústres, encimado por entablamento e com frontão triangular com tímpano esculpido no alinhamento da vão central; para o remate da empena, um frontão triangular à dimensão de todo o pano e a ocultar a mansarda, interrompido na base para receber uma composição escultórica. Os panos dos extremos E. e N. e os que ladeiam o gaveto boleado, apresentam revestimento de cantaria até ao segundo piso e sacada com balaustrada de cantaria e vão encimado por frontão curvo com decoração escultórica no tímpano. O corpo S. da fachada principal corresponde à intervenção oitocentista e tem apenas dois pisos, possui maior simplicidade, com vãos de leitura semelhante à restante fachada e idêntica preocupação de simetria. A fachada posterior possui leitura distinta das restantes: de maior austeridade, é rebocada e pintada a tinta de cor amarela, sendo a fenestração efectuada por janelas de peito emolduradas a cantaria. INTERIOR - o edifício é constituído por diversas alas, organizadas em redor de pátio central quadrangular usado pela escola, com pavimento em calçada. Este determina a organização dos espaços de circulação, pavimentados a pedra de lioz polida e pintados a tinta de cor beje; e possibilita a sua iluminação natural. Possui um núcleo de escadas junto ao átrio principal com cobertor revestido a pedra de lioz amaciado, com guarda em ferro e outro junto à fachada N. de igual composição. As salas de aula encontram-se todas alinhadas junto aos alçados E., N. e O., são de reduzida dimensão (uma vez que o ensino da música exige aulas de treino individual) e, sempre que possível, encontram-se agrupadas pelo tipo de instrumento leccionado. Para além destes espaços, o edifício conta com outras instalações, tais como uma biblioteca, uma sala para a realização de audições e o chamado "teatrinho" situado no último piso. De especial destaque é a existência de um salão de concertos (designado também salão nobre), que ocupa a totalidade da ala S. do edifício, com plateia, balcão e tribuna, dotado de órgão e dispondo de entrada independente para a rua, foyer e espaços de apoio. A sala é configurada por um único espaço contínuo, sendo a relação do palco com a zona do público de cena contraposta e apresenta uma planta em U. Tem uma lotação de 287 lugares distribuídos por plateia (246)*1, balcão (33) com subdivisão para 2 camarotes com 2 lugares cada e tribuna (4). A plateia possui uma ligeira pendente, coxias longitudinais central e lateral e coxias transversais de boca e de fundo. As cadeiras são fixas de madeira, forradas a tecido verde-seco, na zona da tribuna e camarotes as cadeiras são soltas e forradas a tecido bordeaux. O pavimento é forrado a alcatifa de cor beije. As paredes são de alvenaria, rebocadas e pintadas a tinta de cor beje e possuem lambril de madeira com almofadas; as guardas do balcão são de estafe com reboco, com base e topo em madeira e com capeamento em tecido aveludado. Na sala ganha especial destaque a decoração da tribuna, em talha, e a pintura do tecto. O palco, com uma largura de 4,6 m e uma profundidade de 2 m, possui soalho de madeira, paredes de cor idêntica à da sala e é dotado de órgão. A iluminação é feita por dois lustres. De apoio ao salão, um átrio de entrada com comunicação directa para a rua feita através de dois guarda-ventos em madeira, um foyer térreo com bengaleiro e um foyer no 1º piso, todos com pavimento, lambril e pilares forrados a pedra de lioz polida. As instalações sanitárias são acessíveis através da escada que faz a comunicação entre os dois foyers. O acesso de carga ao palco faz-se através de uma sala contígua ao mesmo e é dificultada pela existência de escadas e pela reduzida largura da porta.
Materiais
Alvenaria mista, betão armado, cantaria de calcário, ferro forjado, madeira, reboco pintado, cortiça, tapeçarias, estafe, talha, alcatifa, tecidos diversos
Observações
*1 - o nº conta o total de cadeiras existentes na sala, estando esta completa. Foram retiradas da plateia duas filas de cadeiras na zona central.