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Convento de Monchique

Convento de Monchique

O ponto de interesse Convento de Monchique encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos no municipio de Porto e no distrito de Porto.

Arquitectura civil e religiosa, quinhentista, seiscentista e setecentista. Paço dos fundadores de origem quatrocentista, adaptado a convento feminino franciscano e igreja quinhentista, de planta longitudinal, capela-mor rectangular e nave única iluminada por quatro janelas, cuja cobertura era em abóbada, em cruzaria de ogivas, de linguagem construtiva igual à utilizada no refeitório de Santa Cruz de Coimbra, também da autoria de Diogo de Castilho; coro alto e baixo, sacristia e um campanário em forma de torre com ameias. Pórtico principal manuelino de arco pleno enquadrado por pilastras e colunas, ladeado por modilhões com esculturas, e ao centro a pedra de armas dos fundadores, rematado por frontão triangular interrompido, com duas coroas de espinhos colocadas junto dos vértices do triangulo, e ao centro uma cartela elíptica assente em pequeno pedestal com as chaves de São Pedro e a coroa papal. A partir dos finais do século dezanove alguns dos espaços conventuais foram adaptados a várias áreas da actividade industrial e os restantes votados ao abandono restando apenas as paredes. Os claustros foram destruídos conservando-se, em estado razoável, o refeitório que tem funcionado como armazém. Do convento de Monchique pouco resta, todavia tendo por base as descrições de alguns autores que ainda o conheceram antes de apresentar o estado decadente em que hoje se encontra, a igreja, de pequenas dimensões, era mais um belo exemplar da arquitectura renascentista, de interior profusamente preenchido ao gosto barroco, considerada uma "raridade pelo seu primor e riqueza artística"como as Igrejas de São Francisco (v. PT011312130005) e Santa Clara (v. PT011312140004) também Franciscanas. A abóbada da capela-mor, com nove chaves, seria idêntica à que Diogo de Castilho executou para a Igreja de Santa Cruz de Coimbra.

Conjunto conventual de grande dimensão, de planta composta e volumes escalonados, diferenciados, com comunicação entre si através de escadas. O conjunto, disposto em cascata ao longo da encosta, encontra-se praticamente em ruína, desprovidos alguns dos edifícios de cobertura, como a igreja*1 e o edifício principal. Os restantes apresentam telhados de duas, três e quatro águas. Igreja de planta longitudinal, constituída por nave única e capela-mor rectangular. Apresentava coro alto e baixo que comunicavam com a nave através de dois arcos sobrepostos, sacristia, e campanário localizado na torre O. situada entre a igreja e o edifício conventual. Este de planta rectangular, percorrido por arcaria de pedra, com três pisos, sendo os dois primeiros destinados a dormitórios e o inferior a refeitório com cerca de quarenta metros de comprimento, três naves formadas por duas alas de colunas inteiriças, tendo em cada ala oito, que sustentam os arcos de cantaria que apoiam a abobada. A E. do edifício conventual encontra-se outra torre destinada a "mirante de recreio para as Freiras". As duas torres, de planta rectangular, são rematadas por ameias, apresentando a situada a E. cobertura de quatro águas. Atrás dos coros da igreja ao nível da arcaria da cozinha, localizava-se o claustro principal*2. Existia ainda um segundo claustro de menores dimensões, também em arcos e colunas, mas de tijolo, com um chafariz de pedra, muito antigo ao centro. Ao lado deste claustro ficava a capela do Senhor dos Passos*3. Findas as funções religiosas, as ocupações posteriores foram todas de carácter industrial, levando ao acrescento e adaptação de vários espaços, necessárias às várias actividades industriais que sucessivamente se foram instalando, onde permanecem ainda hoje algumas delas.

Materiais

Paredes exteriores em alvenaria de pedra e granito aparente e rebocadas; caixilharias e portas de madeira; janelas com vidro; pavimentos em lajedo de granito e madeira nos pisos intermédios; grades e varandas de ferro.

Observações

*1 - Cuja cobertura era em abóbada de ogivas, polinervada, dividida em dois tramos, tendo ao centro, em cada um dos tramos as armas de Pedro da Cunha Coutinho e de D. Beatriz de Vilhena (FERREIRA-ALVES, Joaquim J., 2002, p.134). *2 - De planta perfeitamente quadrada, tinha em redor capelas inseridas nas paredes laterais. Era aberto para o centro ajardinado com arcaria gótica, sustentada por arcaria de pedra, assente sobre peitoril de granito polido, que forma as guardas do mesmo claustro, em cujo centro tem chafariz; as portas das capelas do claustro recortadas em semicírculos conjuntos, sustentados por colunas, formando duas entradas para cada um dos oratórios (FERREIRA-ALVES, Joaquim J., 2002, p.134). *3 - Esta capela apresentava uma arquitectura igual à do claustro principal *4 - Por iniciativa de Pedro da Cunha Coutinho e sua mulher D. Beatriz de Vilhena, que não tinham descendência, todos os seus bens incluindo o paço de Monchique e terras na Maia, passam para a fundação de um convento de religiosas franciscanas com a designação de "Convento da Madre de Deus de Monchique". *5 - A igreja teria setenta palmos de comprimento, desde a parede do coro até ao arco da capela-mor, e de largura trinta e oito palmos. A nave da igreja teria duas capelas de pedra, de cinco chaves cada uma colocando-se nas chaves principais as armas dos seus fundadores, Pedro da Cunha Coutinho e sua esposa D. Beatriz de Vilhena. A iluminação seria feita através de duas frestas de cada lado. A porta principal com onze palmos e meio de largo e com altura necessária. Seria feita segundo um esboço apresentado. A capela-mor teria vinte palmos quadrados e abóbada de nove chaves tudo feito de pedra. Teria também uma fresta de oito palmos de altura por três palmos de largura e um arco de dezasseis palmos de largura e vinte e quatro de altura. As paredes do mosteiro e capela seriam de três palmos e meio de grosso e as do mosteiro com quarenta palmos de altura. Todas as paredes seriam de alvenaria de pedra e cal sem guarnição. Diogo de Castilho receberia pela construção da igreja e convento quinhentos e cinco mil réis (FERREIRA-ALVES, Joaquim J., 2002, p.132-133). Desde a extinção das ordens religiosas a igreja e restantes construções foram caminhando para a degradação, chegando até nós muito pouco para além das descrições que nos ajudam a imaginar como seria nos seus tempos áureos este conjunto monumental do património histórico portuense. São várias as descrições existentes, que relatam ao pormenor o interior do templo, destacado pela sua beleza e qualidade artística da talha dourada, não havendo o mais pequeno espaço onde se notasse a falta e descuido do dourador, equiparada a uma mina de ouro sobre a terra. Além do altar-mor, onde se apoiava a tribuna também de talha dourada, possui-a a igreja mais dois altares do lado do Evangelho, um do lado da Epístola, e dois colaterais ao lado do arco cruzeiro, púlpito e pia de água benta de mármore vermelho, situada na base do púlpito. Esta talha e retábulos foram pedidos por várias igrejas, tendo a Igreja de São Mamede Infesta, recebido a maior parte, cinco dos retábulos incluindo a retábulo-mor, dois retábulos em baixo relevo e diversa talha. Outro retábulo foi destinado para o Hospital Militar de D. Pedro V, e destruído em 1918 por um incêndio antes de ser colocado no respectivo local. A restante talha foi cedida para a Igreja de São Pedro de Miragaia. *6 - Obra executada segundo o risco do arquitecto João Pereira dos Santos, uma das figuras mais importantes da arquitectura portuense entre os finais do século XVII e o primeiro quartel da centúria seguinte. *7 - A morte do mestre pedreiro Manuel Vieira levou à realização de um novo contrato celebrado entre o filho, Manuel Moreira, e sobrinho, João Moreira, do falecido.