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Câmara Municipal do Porto

Câmara Municipal do Porto

O ponto de interesse Câmara Municipal do Porto encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Cedofeita no municipio de Porto e no distrito de Porto.

Arquitectura política e administrativa, gótica e contemporânea. Planta composta por vestígios de antiga casa-torre irregular gótica, que corresponderia à antiga Casa da Câmara, com vãos em arco quebrado e vestígios de vãos de época posterior, reinterpretada segundo linguagem contemporânea através de torre parcialmente envidraçada, voltada à cidade. Esta obra polémica, em pleno centro histórico, de elevado valor patrimonial, procurou uma reinterpretação sui generis da ruína da antiga Casa da Câmara. A sua função inicial ligava-a administrativamente à cidade e na sua reinterpretação, através da colossal torre, essa ligação é devolvida visualmente através da criação de um miradouro sobre a cidade.

Planta composta pela vestígios da antiga Casa da Câmara, irregular, com torre contemporânea, quadrangular, sobreposta no topo E.. Volumetria de dominante vertical, com cobertura em terraço na torre. VESTÍGIOS DA ANTIGA CASA DA CÂMARA, em aparelho regular de granito aparente. É rasgada a O. e N. por portais gradeados em arco quebrado, em meia cana, o N. em cota superior com acesso por rampa criada na encosta. O portal da fachada O. apresenta as impostas demarcadas e prolongadas pela fachada. Sobre este, surgem vestígios de dois vãos *2, com parapeitos e arranque de ombreiras de moldura saliente, e lateralmente janelão rectangular gradeado. Interiormente, pela sua disposição na encosta, cria como que duas plataformas escalonadas, a térrea com pavimento em laje de granito. É perceptível nos paramentos do lado interior as aberturas relativas às vigas de suporte de pavimentos em madeira. Sobre as paredes E. O. e S. arrancam as paredes de betão da torre. Dentro da ruína encontra-se a estátua de O Porto, assente em pedestal de granito, voltada à fachada posterior da torre, de costas voltadas à cidade. TORRE com fachadas laterais e parte da fachada principal em betão revestido a cantaria, simulando aparelho regular de granito, e terço superior da fachada principal e fachada posterior, em vidro com quadrícula de ferro. Fachada principal, voltada a E., inferiormente marcada por pano rectangular ligeiramente recuado, ao centro do qual se rasga porta quadrangular. A encimar este pano surge inscrição. No terço superior, a estrutura de ferro e vidro, encontra-se ligeiramente recuada em relação à restante fachada. Fachadas laterais, a N. e S., idênticas, elevadas acima da cobertura. Na lateral N. encontra-se pedra de armas da cidade do Porto, com vestígios dos silhares do muro primitivo onde se integrava. Fachada posterior, com prolongamento das fachadas laterais encontrando-se a estrutura de vidro e ferro recuada. Os intradorsos das paredes laterais são ritmados por elementos relevados, rectangulares com representação de mãos. Inferiormente, destaca-se plataforma de ferro, que se desenvolve no perímetro da ruína, com acesso pelo interior. Interiormente, estrutura-se em três pisos com acesso por escadas.

Materiais

Estrutura em granito aparente (casa da câmara); estrutura de betão, revestida a cantaria (torre); estrutura de ferro e vidro (torre); ferro (gradeamentos da casa da câmara; pavimento em granito (casa da câmara); pavimentos em madeira (torre).

Observações

*1 - Esta designação, errada, resulta de o edifício ter albergado, no final do séc. 18, artesãos e materiais ligados à festa do Corpo de Deus; *2 - pela estereotomia da cantaria percebe-se que anteriormente a estes vãos emoldurados, terão existido vãos de sacada, sendo nítido o entaipamento com recurso a grandes pedras; *3 - Segundo documentos da época, a casa-torre era em cantaria lavrada e ameada, com a fachada principal voltada ao terreiro da Sé, com setenta palmos de altura e outra fachada para a Rua de São Sebastião, com cem palmos de altura. De acordo com os pormenores do contrato do carpinteiro, o primeiro sobrado, considerado o andar superior, ficava ao nível do adro da Sé, para onde abria "uma porta, com três degraus, que era a entrada nobre do Paço e dava acesso a uma sala ampla, dividida a meio em duas câmaras por um tabique, uma delas destinada ao parlamento apartado. Corriam-lhe à volta bancadas e carteiras, assim como no andar inferior conhecido como Casa do Auditório ou Foral do Concelho". O tecto do andar nobre era igual ao do salão do Castelo de São Jorge de Lisboa (v. PT031106120023). "Quanto à porta que abria para a Sé foi executada de labor mourisco, mui bem feito e obrado e com seu cadeado e fechadura de fora, com suas couceiras forradas de ferro. Este piso chegou a funcionar como sede provisória da Relação e Casa do Porto. Quanto ao andar inferior ou Casa do Auditório, os cadeirais para os tabeliães - também os havia, evidentemente, para os magistrados - tinham na frente, um forro de tabuado bem alto, para que a ninguém fosse possível ler as suas escrituras. O rés-do-chão tinha duas portas e ficava ao nível da actual Rua de São Sebastião." Aí existiu uma loja alugada. Segundo Luís O. Ramos, nesta loja existiu o "armazém da Câmara, onde se guardava parte importante das armas e munições que a edilidade adquiria para a defesa da cidade. Os restantes depósitos de armas ficavam na roqueta da Porta do Olival e no Forte da Porta Nova. O primeiro sobrado era utilizado como sala de audiências tanto pelo juiz de fora como pelos vereadores no cumprimento das suas funções judiciais. Também aí tinham lugar as audiências do corregedor da comarca e do juiz de fora dos orfãos...No segundo sobrado, para o qual se subia por escada interior de madeira, ficara instalada a Sala do Senado e nela se realizavam as sessões da Câmara. As paredes eram decoradas por painéis pintados em madeira e em telas. No centro, do maior, por detrás da mesa grande do Senado, figuravam pintados a óleo, Nossa Senhora com o menino e dois anjos com uma coroa. De um e outro lado figuravam anjos, segurando um o escudo, outro a esfera. Noutro painel mais pequeno era representado o padroeiro São Pantaleão....No mesmo sobrado ficavam instalados os armários e cofres do cartório municipal...."; *4 - Este piso estava desocupado e não era necessário aos serviços da Câmara. Na escriitura, realça-se que o sobrado de cima " estava e havia de estar a gaiola onde anda o Santo Sacramento por dia do Corpo de Deus"; *5 - O Senado pede parecer e conselho a Diogo Castilho que na altura trabalhava no Mosteiro da Serra do Pilar (v. PT011317160001) e Convento de Monchique. Este não entende que seja de demolir o que ameaçava ruína mas defende antes o reforço "do alicerce velho de botaréu". Estima a execução deste trabalho por 30 a 40 mil reis; *6 - a pedra desmontada é aplicada nas obras do Edifício da Relação na Cordoaria (v. PT011312150017); *7 - O projecto do Arquitecto Fernando Távora, pretende recriar a casa-torre volume da antiga Casa da Câmara, através de uma nova construção em betão sobreposta à anterior propondo exteriormente uma placagem em granito, com recurso a outros materiais como o vidro, o latão e o ferro. Funcionalmente, é projectado para servir para fruição do espaço envolvente e memorial da cidade.