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Bairro da Vilarinha

Bairro da Vilarinha

O ponto de interesse Bairro da Vilarinha encontra-se localizado na freguesia de Ramalde no municipio de Porto e no distrito de Porto.

Setor urbano. Área com unidade morfológica contemporânea de traçado regular. Habitação económica de promoção pública estatal (DGEMN). Bairro de casas económicas de grande dimensão composto por casas em banda e geminadas unifamiliares de dois pisos das classes A (tipo 2, 3, 4), B (tipo 2, 3, 4), C (tipo 2, 3, 4) e D (tipo 2, 3, 4), com logradouro à frente e no tardoz. Faz parte do equipamento coletivo do bairro uma Escola Primária (v. IPA.00026808). O bairro de casas económicas da Vilarinha em conjunto com os bairros Marechal Gomes da Costa (v. IPA.00020503), António Aroso (v. IPA.00005434) e do Amial (v. IPA.00005439) fazem parte da segunda fase de construção de moradias unifamiliares, projetadas segundo os moldes do Decreto-Lei n.º 33 278, de 24 de Novembro de 1943, que define a construção de mais duas classes C e D, destinadas a estratos sociais mais altos. A organização destes bairros teve como modelo de inspiração as "cidades-jardim" britânicas.

Conjunto urbano de traçado regular, constituído por duzentas e duas moradias unifamiliares, geminadas, organizadas em redor de um retângulo irregular, distribuídas de forma simétrica em torno de três arruamentos principais e paralelos entre si, as ruas de Penafiel, do Marco de Canaveses e de Paços de Ferreira, e várias travessas e arruamentos secundários, de toponímia ligada a nomes de vilas e cidades do Douro Litoral como: Santo Tirso, Paredes, Douro, Amarante, Valongo, Lousada, Maia, Baião, Felgueiras e travessa de Paços Ferreira. Situada a S. do bairro, encontra-se uma praça arborizada e fechada, em forma de ferradura, onde se situa a escola primária. Tipologicamente as habitações agrupam-se em classes diferenciadas classificadas de A, B, C, e D *1, dos tipos II e III, atribuídas consoante o número do agregado familiar e rendimento mensal do mesmo. A existência de diferentes categorias de casas económicas permitia uma hierarquização bem marcada na estrutura urbana. Todas as classes e tipologias, orientadas no sentido Este / Oeste, apresentam rés-do-chão e um andar, quintal nas traseiras, que pode variar entre os cem e duzentos metros quadrados de forma a permitir futuras ampliações e transformações das tipologias mais simples, logradouro com jardim junto da fachada principal, e chaminé. As classes A e B, de menores dimensões, são caracterizadas por uma maior simplicidade, sendo desprovidas de qualquer elemento arquitetónico de embelezamento para além dos vãos destacados por molduras salientes. O número de vãos varia consoante a classe e tipologia, apresentando a T2 - porta e janela na fachada principal, janela e seteira na fachada lateral, e porta, janela e fresta na fachada posterior; T3 - porta e duas janelas na fachada principal, e porta, duas janelas e duas frestas na fachada posterior; as classes, C, e D normalmente localizadas nas artérias principais, distinguem-se para além da sua dimensão, pela presença de alguns elementos arquitetónicos como varandas redondas ou retangulares, e porta no andar superior da fachada principal, alpendre na fachada principal ou lateral. O número de divisões varia entre cozinha, casa de banho; sala comum e dois quartos para a classe A tipo 2, e cozinha, W.C., despensa, sala de jantar, sala de estar, escritório, vestíbulo, casa de banho e quatro quartos para a classe D tipo 2.

Materiais

Fundações em alvenaria de pedra com argamassa de cimento e areia; paredes exteriores em alvenaria de perpianho de pedra com argamassa de cimento e areia; peitoris de cantaria; vergas das janelas guarnecidas com argamassa; portas exteriores, caixilhos e portadas de janelas de madeira de pinho nas classes A e B e madeira de castanho nas classes C e D; janelas de vidro de fabrico nacional; grades de ferro; armação do telhado em madeira de pinho e cobertura de telha "marselha; chaminés de tijolo, rebocadas e pintadas forrada a mosaico vermelho hidráulico no fundo e dos lados forradas a azulejos brancos; paredes interiores de tijolo e blocos de betão; escadas, corrimão e pavimentos de madeira com excepção das cozinhas e casas de banho que são de mosaico.

Observações

Foi projetado para o bairro, para além da escola, um parque infantil, uma creche, um posto médico, um posto de assistência social e uma igreja que não chegaram a ser construídos. *1 - O projeto inicial contemplava 82 habitações da classe A, 60 da classe B, 40 da classe C e 20 da classe D. A memória descritiva do projeto refere a preocupação em "proporcionar aos habitantes uma vida higiénica e aprazível, criando-lhes o gosto pelo lar e por tudo o que o rodeia, seja a casa dos vizinhos, seja a sua rua, o recanto público alindado, a igrejita, a escola o mercado - enfim todo o espaço em que a sua modéstia está à vontade ao lado da modéstia de muitos mais." Refere ainda que "a rua é pequenina, mas alegre e calma..." "A casa é minúscula, mas é o seu lar e dos seus filhos, com couves e flores no quintalito, onde o sol entra e não vai o médico...". *2 - Este decreto tinha como finalidade promover uma consciência familiar e resolver o chamado "problema da habitação" que afetava principalmente as grandes cidades. Cabia ao governo promover a construção dos bairros de casas económicas através do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, em colaboração das Câmaras Municipais, corporações administrativas e organismos corporativos. A habitação social teria de ser a moradia individual, como forma de conservação da ordem social e moral, como se pode ler no artigo 14º da constituição de 33. Só tinham direito a estas habitações os "chefes de família" com idade entre os 21 e os 40 anos, empregados, operários ou outros assalariados, membros dos sindicatos nacionais, funcionários públicos, civis e militares, e outros operários dos quadros permanentes dos serviços do Estado e das Câmaras Municipais. A forma jurídica adotada definia-se pela "propriedade resolúvel" que consistia no pagamento de um determinado número de prestações mensais, nunca interior a 240, passando a propriedade plena depois do pagamento da última prestação. A partir de 1933 o Estado passa a ter uma intervenção direta na construção de casas económicas, construídas um pouco por todo o país, tendo construído doze no Porto entre 1935 e 1965, num total de 2378 alojamentos.