O conjunto edificado integra parte do antigo convento e outras construções posteriores já de adaptação à função hospitalar e assistencial. O primeiro edifício a ser construído de raiz é o Balneário D. Maria II, que tinha funcionalidades terapêuticas no tratamento das doenças mentais através de banhos variados, devido ao seu sistema hidráulico, sendo considerado um dos mais modernos balneários da Europa, em estilo eclético, com variação de estilos e revivalismos góticos e renascentistas. No Pavilhão panóptico eram internados os doentes inimputáveis ou condenados, um edifício vanguardista, revelando na sua linguagem formal os arredondamentos de arestas, visíveis em paredes, vãos, bancos e mobiliário fixo em pedra, proporcionando não só facilidade na limpeza como também maior resistência e menores danos físicos nas contusões dos doentes; é um dos seis edifícios circulares panópticos, no mundo, sistema inventado e preconizado por Jeremy Bentham em 1791 em prisões circulares com vigilância desde uma torre central, e o único com pátio a céu aberto, que permitia aos doentes permanecerem ao ar livre durante o dia, melhorando o seu estado de saúde e evitando transmissão de doenças.
O conjunto edificado integra parte do antigo convento e outras construções posteriores já de adaptação à função hospitalar e assistencial, tais como o Edifício Principal, de construção mais antiga, destinado à direção, a S., o Balneário de D. Maria II, a E., o Pavilhão de Segurança, um pavilhão circular e um segundo panóptico, situados a N. e o conjunto de Enfermarias, a O.. O EDIFÍCIO PRINCIPAL de planta retangular e de volume compacto, tem coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, que resulta da articulação de diversos corpos, integrando a antiga igreja, o edifício conventual de três pisos e, para E., três alas, de três e seis pisos, desenvolvidas em torno de um pátio retangular. A antiga zona conventual remata em platibanda interrompida por um frontão triangular que marca o eixo de simetria e também a entrada do edifício, tendo nos pisos superiores janelas de sacada. O pano central encontra-se delimitado por pilastras, com o piso térreo revestido a pedra e o piso nobre marcado por janelas de sacada com varanda corrida; a restante fachada principal, resulta de uma ampliação posterior, onde é repetido o ritmo dos vãos da fachada do edifício conventual, alterando o desenho de janela de sacada para janela de peitoril. INTERIOR marcado por amplo vestíbulo com escadas com guardas em ferro fundido, de acesso ao salão nobre, percorrido por silhares de azulejos figurativos, narrando episódios da vida de São Vicente de Paulo, com teto abobadado. Adossado ao antigo Convento, o BALNEÁRIO D. MARIA II, de planta em U, resultante da articulação de três corpos, em torno de pátio com arcadas de volta perfeita, que abrem para um espaço envolvente exterior, protegido por grades metálicas. As fachadas, com apenas um piso, dividem-se em vários panos, revestidos a azulejos policromos de desenho geométrico e são rasgados por vãos em arcos apontados. INTERIOR composto por vários balneários *2. ENFERMARIAS 1 a 4 formam três edifícios de planta retangular com 85 metros de comprimento, dispostos paralelamente, formando espaços ajardinados entre as três alas, e ligados entre si transversalmente por um corpo central, com 65 metros de comprimento, possibilitando assim a ligação entre todos os edifícios. O PAVILHÃO CIRCULAR ou de Segurança é de planta panóptica com um só piso e pátio interior descoberto, com um ponto central de vigilância. As paredes são de betão armado à vista, paredes portantes em alvenaria caiadas e cobertura em telha, interrompida por uma cobertura em zinco que marca o espaço coberto do alpendre. INTERIOR com células, dormitórios, retretes e banhos que se dispõem de forma radial em torno do pátio; possui duas salas retangulares a E. e a O., com as funções de reuniões e refeições, respetivamente. A S., surge a enfermaria, que marca, simultaneamente, a entrada no edifício. Este corpo está ligado visualmente ao edifício principal por uma alameda arborizada, que se afasta do traçado antigo do eixo que organiza a zona agrícola da antiga quinta.
Materiais
Observações
EM ESTUDO *1 - DOF: Balneário D. Maria II e Pavilhão de Segurança (8.ª Enfermaria) do Hospital Miguel Bombarda. *2 - os vários banhos interiores faziam parte das terapêuticas psiquiátricas então prescritas, com banhos de chuva, de onda, de imersão, de duche descendente, lateral ou local, frios, tépidos, mornos ou quentes, de estufa e de vapor, com aromas medicinais. A água quente e o vapor eram fornecidos por um sofisticado sistema de caldeiras, que também proporcionava o aquecimento necessário ao das marmitas e fogões da Cozinha Industrial que foi construída junto ao Balneário. *3 - os dois edifícios classificados (Balneário e Edifício de Segurança) e o antigo convento são os únicos que se mantêm no Plano de Loteamento para o Hospital Miguel Bombarda, realizado pelo arquiteto Belém Lima, que se insere em área antiga consolidada e em toda a envolvente, estando prevista a manutenção de 60% de área verde, sendo cerca de 9.000m2 dos 27.000m2 arborizados de acesso privado, a área de construção será de 8.000,00m2, formalizada por 6 torres de dez pisos, prevendo-se que habitem cerca de 600 pessoas, em 193 fogos, com 21.800,00m2 de estacionamento subterrâneo, 3.500,002 para comércio e 2.500,00m2 e para serviços. Os edifícios a manter serão restaurados ou recuperados para diferentes usos. O Convento destina-se a hotel, com ligação ao Balneário D. Maria II, mantendo-se com vocação cultural o Pavilhão de Segurança e o edifício da Morgue.