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Conjunto de São Roque

Conjunto de São Roque

O ponto de interesse Conjunto de São Roque encontra-se localizado na freguesia de Misericórdia no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura educativa, maneirista e barroca, arquitectura residencial, pombalina, arquitectura assistencial, oitocentista e do séc. 20. Quarteirão constituído por cinco núcleos arquitectónicos, de épocas diferentes, inicialmente autónomos, mas que foram gradualmente interligados, constituindo actualmente parte de um único complexo, de serviços da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O Colégio Jesuítico, que abre para o Largo Trindade Coelho e para a Rua de São Pedro de Alcântara, tem a igreja à esquerda e o edifício residencial estruturado em função de um pátio e um claustro, alinhados, conciliando o chamado "modo nostro", de planta simples e funcional, com as tendências e tradições nacionais de vocabulário plástico austero e proporções mais pesadas. O antigo Palácio dos Marqueses de Nisa, construído a sul, com a fachada principal para o Largo Trindade Coelho e a lateral para as Escadinhas do Duque, e o antigo Hospital Infantil de São Roque, que se dispõe de forma orgânica ocupando lotes previamente existentes e mantendo os arruamentos entretanto absorvidos no conjunto, caracterizam-se pela regularidade de fenestração, composta por vãos rectilíneos com molduras formando brincos rectos, no segundo piso encimados por friso e cornija. As habitações construídas ao longo da Calçada da Glória são pombalinas, embora projectadas já no reinado de D. Maria I, traçadas de acordo com o Plano de Reedificação da Cidade que pautou a Baixa Pombalina (v. IPA.00005966), com vãos estandardizados, moldurados a cantaria e sem qualquer animação arquitectónica. O antigo Asilo do Amparo é composto por vários corpos organizados de forma orgânica por entre pré-existências, utilizando métodos de construção antigos. As fachadas são regulares e simples, correspondendo a um aumento das necessidades assistenciais da população na primeira metade do séc. 19. A antiga lavandaria, ocupando parte da antiga cerca jesuítica, tem planta quadrangular e telhados escalonados, com vãos abatidos sem moldura ou com moldura em tijolo. Apresenta uma tipologia moderna e inovadora para a época, seguindo os mais inovadores parâmetros britânicos, semelhante à Lavandaria do Hospital de Santana (v. IPA.00005068).Conjunto complexo que reflecte as várias ocupações e utilizações do espaço por parte da SCML. Preserva ainda, em grande medida, as fachadas e paredes interiores originais da Antiga Casa Professa e do núcleo urbano em torno do Palácio dos Marqueses de Nisa, transformado em Hospital. De facto, este núcleo foi construído sobre pré-existências de difícil caracterização, que corresponderia a um aglomerado urbano diverso, anterior ao terramoto, que incluía o antigo Palácio dos Marqueses de Nisa e várias casas particulares, distribuídas em torno de um arruamento que ligava à Calçada do Duque. O aglomerado urbano foi absorvido, dando lugar ao Hospital de São Roque, preservando-se parcialmente as plantas e paredes originais, recebendo uma campanha de uniformização das fachadas que lhe conferiram as características da arquitectura de saúde do início do séc. 20. O conjunto habitacional ao longo da Calçada da Glória aproveitou os limites norte da cerca jesuíta, apesar do seu grande declive, dispondo-se em forma de pátio urbano com entrada por arco, entretanto demolido, na Rua de São Pedro de Alcântara. Eram casas destinadas a arrendamento para gerarem receita para a SCML e que posteriormente foram absorvidas pelos serviços administrativos.

Complexo composto por cinco núcleos arquitetónicos distintos, construídos em diferentes épocas e com diferentes funções: a sul / sudoeste, a antiga Casa Professa e Igreja de São Roque; a sul, o antigo Palácio dos Marqueses de Nisa e o antigo Hospital Infantil de São Roque; a noroeste, um conjunto de edifícios pombalinos; a este, o antigo Asilo do Amparo e o edifício da antiga Lavandaria. ANTIGA CASA PROFESSA E IGREJA DE SÃO ROQUE (v. IPA.00006227) - conjunto arquitetónico de planta retangular cortada do lado esquerdo, em cunha, pela Rua de São Pedro de Alcântara, que o limita a ocidente; a sul está limitado pelo Largo Trindade Coelho, a norte por pátio interno, tendo a fachada desta vertente um corpo longitudinal, adossado, disposto perpendicularmente ao corpo principal do núcleo; a este, o núcleo confina com pequeno pátio ajardinado e parte do núcleo do antigo Asilo do Amparo. Planta estruturada em função da igreja, situada a poente, de gaveto, retangular, composta de nave única com oito capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito e capela-mor pouco profunda, ladeada por duas torres quadradas no exterior volumetricamente destacadas, e edifício da Casa Professa, a nascente, retangular, formado por claustro das cisternas, atualmente ocupado pela sala de extrações, e pátio, mais pequeno, com corredores laterais de circulação lateral e posterior a articular os espaços, atualmente ocupados pelo Museu de São Roque e Serviços da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, adossando-se ainda a oeste, sacristias, torre sineira quadrada, dependências da Irmandade de São Roque e salas de arrumos. Coberturas em telhados de duas e quatro águas e terraço. Fachadas laterais e posterior rebocadas e pintadas a beije, de dois, três e quatro pisos, rasgadas a ritmo regular por vãos retilíneos e em arco abatido, de peitoril e sacada, com caixilharia em madeira pintada a branco e bandeira. A fachada principal corresponde à fachada da Igreja e do Museu de São Roque e do acesso principal ao complexo. ANTIGO PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA E O ANTIGO HOSPITAL INFANTIL DE SÃO ROQUE - Núcleo erguido numa área anteriormente construída, sendo constituído por nove corpos dispostos em U, em torno de pátio interno longitudinal e irregular que abre para o Largo Trindade Coelho, dois dos quais unidos por passagem superior. O traçado dos arruamentos pré-terramoto, entre os quais a linha da muralha fernandina, mantém-se, bem como a sua estrutura, com calçada irregular sobreposta por uma fina camada de alcatrão e passeios estreitos em calçada à portuguesa. Implantado em terreno com declive, é limitados, a sudoeste, pelo Largo Trindade Coelho, a sudeste, pelas escadinhas do Duque, a nordeste, pelos edifícios da CP e, a noroeste, por parte do núcleo da antiga Casa Professa de São Roque e pelo núcleo do antigo Asilo do Amparo. Volumes articulados, dispostos horizontalmente com coberturas diferenciadas, em telhados de duas, quatro e oito águas. Fachadas rebocadas e pintadas a beije, à exceção da principal e lateral direita, as que ficam voltadas para o exterior do complexo, que são pintadas a creme; apresentam dois, três e quatro pisos, rasgadas por vãos retilíneos a ritmo regular, moldurados. Fachada principal voltada a ocidente, para o Largo Trindade Coelho, rematada em platibanda plena, com friso superior, de três pisos, o último correspondendo a mezanino, e de cinco panos definidos por pilastras colossais, criando dois panos mais estreitos, dispostos regularmente e terminados em frontão triangular, interrompendo o remate; estes panos integram vãos em arco de volta perfeita bastante longilíneo, encimado por cartela retangular com laçarias laterais e elementos fitomórficos nos seguintes; no pano esquerdo abre-se portal de acesso ao pátio, em torno do qual se distribuem os edifícios, e o da direita foi fechado, possuindo duas janelas de peitoril, sobrepostas, com moldura formando brincos retos, a do primeiro piso retilínea e a do segundo de verga abatida; ao nível do mezanino rasga-se janela jacente. Nos outros panos, simétricos, rasgam-se oito eixos de vãos (de dois vãos nos panos laterais e de quatro no central), constituídos por janelas de peitoril de molduras formando brincos retos e terminadas em cornija no primeiro e segundo piso, aqui encimadas por friso e cornija reta, todas com caixilharia de duas folhas e bandeira, e por janelas retangulares jacentes no mezanino. A fachada lateral direita, acompanhando o desnível do terreno, apresenta vários corpos e panos, o primeiro com o mesmo esquema de fenestração que a frontaria. EDIFÍCIOS DA CALÇADA DA GLÓRIA - conjunto habitacional composto por um prédio situado na Rua de São Pedro de Alcântara *1 e por cinco na Calçada da Glória, perpendicularmente ao anterior e dispostos ao longo da rua, todos de planta retangular, de massa simples, dispostos horizontalmente e cobertura em telhados de duas águas. A fachada posterior destes edifícios abre para pátio interno do complexo, a sudeste, e encontra-se ligada ao núcleo arquitetónico da antiga Casa Professa. As fachadas surgem rebocadas e pintadas a beije, com um, dois, três ou quatro pisos, consoante permite o grande declive do terreno, terminadas em cornija de massa ou platibanda plena e rasgadas por vãos simples, a ritmo regular, retilíneos, com moldura formando falsos brincos retos, ou de verga abatida; alguns vãos têm grades. ANTIGO ASILO DO AMPARO - Conjunto de planta irregular composto por três corpos autónomos, dois de planta retangular e um em L irregular, que se dispõem de forma orgânica, formando um Z, adaptando-se ao terreno disponível, entre a antiga Casa Professa, a oeste, e o antigo Hospital infantil de São Roque, a este. A norte e a sul, abre para pátio interno. Volumes articulados, dispostos horizontalmente, com cobertura em telhados de três águas. Fachadas rebocadas e pintadas a beije, de quatro pisos, rasgadas por vãos retilíneos, a ritmo regular, maioritariamente de varandim, com guarda em ferro, e de peitoril, e terminadas em cornija de massa ou platibanda plena. A fachada principal possui ao centro portal em arco de volta perfeita, com fecho relevado, sobre capitéis retilíneos, precedido por escada de dois braços, com guarda plena em alvenaria rebocada e pintada e capeada a cantaria; inferiormente possui vão de verga reta. ANTIGA LAVANDARIA - Edifício isolado, implantado em pátio interno que se desenvolve nas traseiras da antiga Casa Professa, de planta quadrada, massa simples e cobertura em telhado de quatro águas, com zona central sobrelevado, terminada em aba corrida sobre travejamento de madeira. Fachadas rebocadas e pintadas a amarelo, de um e dois pisos, acompanhando o grande desnível do terreno, rasgadas predominantemente por vãos amplos abatidos sem moldura. Fachada principal virada a nordeste, de três panos, o central mais avançado, e de dois pisos, o primeiro rasgado por portal de verga abatida, moldurada, ladeado por duas janelas de peitoril, e o segundo por três janelas semelhantes, e os panos laterais rasgados por uma janela igual em cada um dos pisos; no pano central surgem ainda pequenas frestas entre os pisos. A fachada noroeste, virada ao pátio, é rasgada por três janelas de peitoril de aduelas calçadas, simples, em tijolo, com pedra de fecho saliente em cantaria e parte superior das jambas também em cantaria, interligadas por friso formando dente de serra, em tijolo.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada; pavimentos de tijoleira, madeira e linóleo; azulejos nas paredes interiores (corredores, zonas de serviço e instalações sanitárias); janelas de duas folhas com caixilharia em madeira; cobertura de telha.

Observações

*1 - O prédio na R. de S. Pedro de Alcântara foi parcialmente demolido para desafogar a passagem do trânsito. Inicialmente o piso térreo era composto por anexos da Casa professa enquanto que os dois pisos superiores eram para arrendamento, fazendo-se a entrada dos inquilinos pelo logradouro. O prédio da Rua de São Pedro de Alcântara estava unido aos da Calçada da Glória através de um arco com uma passagem superior, conforme se observa em fotografias antigas.