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Mercado dos Lavradores

Mercado dos Lavradores

O ponto de interesse Mercado dos Lavradores encontra-se localizado na freguesia de Funchal (Santa Maria Maior) no municipio de Funchal e no distrito de Ilha da Madeira (Madeira).

Mercado construído por volta de 1940, integrado na arquitectura denominada do Estado Novo, constituindo um ponto de referência na linguagem urbanística, arquitetónica e funcional da cidade. Tem planta trapezoidal implantada num quarteirão, com praça retangular moduladora, de espaço interior fragmentado e diversificado, imaginado como uma cidade em miniatura, com ruas largas e praças espaçadas que ritmicamente formam um marco na arquitetura doméstica de cunho regionalista.Testemunho puro na arquitectura denominada do Estado Novo, do estudo económico-social do quotidiano funchalense, é considerada a maior obra do arquiteto Edmundo Tavares, com inventiva diversidade de volumes torreados e de espaços interiores, de que se destaca o pátio e a lota. Painel de azulejo na fachada O. em volume semicírculo; dois painéis de azulejos na entrada principal e na peixaria foram pintados por João Rodrigues, na Faiança Battistini, na época de Maria de Portugal, de temática regionalista, de formas vegetalistas estilizadas em frisos decorativos com flores, folhas e frutos entrelaçados, policromos, e desenho de actividades quotidianas feirantes a azul e branco ao centro.

Planta trapezoidal disposta sobre quarteirão, com pátio central aberto, volumes articulados verticalmente. Cobertura em terraço, e em 2 águas com chapa de zinco e clarabóia. Marcação horizontal por embasamento, laje em consola entre 1º e 2º piso, platibanda, e vertical com pilares entre vãos. Fachada principal com torre quadrada, de escadaria de 3 pisos e vãos corridos encimados com escudo da cidade em basalto trabalhado; ao centro, num corpo mais baixo, a entrada principal em vão proeminente ladeada de pilares sumptuosos; segue-se corpo semicircular avançado e mais alto com painel de azulejos figurando entre pilares demarcados no 1º piso e vãos rectangulares regrados de caixilharia de ferro pintada a castanho ou vermelho no 2º. Alçado N. horizontalmente definido com vãos regulares, entrada central afirmada por caixilharia diferenciada e laje em consola. Alçado E. correspondendo à peixaria em toda a sua largura, de entradas no centro e extremidades com lajes em consola. Vãos em lajes envoltos em moldura de betão, separados com pilares decorados a tijolo intervalado a reboco, apresentando-se num conjunto quase simétrico. Alçado S. é o mais regular, com 3 pisos e 3 entradas enfatizadas por pilares adjacentes revestidos espaçadamente a tijolo. INTERIOR com pátio central pavimentado a calçada portuguesa de desenho geométrico e com pérgola ao meio, ladeado de E. e O. por 2 tanques, no centro dos quais vasos de cantaria trabalhada; nos 4 cantos estão bebedouros de mármore. As alas que dão para o pátio, de 2 pisos, têm colunata, sendo o 2º percorrido por varandim. Distribuídas ao longo do piso térreo numerosas lojas, espaçosas, de largas frentes envidraçadas circundam o pátio, as da fachada N. permitem o acesso pelo exterior, as da S. acompanham ambos os lados de um extenso corredor iluminado, perfazendo o piso da cave. Duas escadarias ladeadas por parede de azulejos florais sob as quais estão as instalações sanitárias / vestiário para pessoal, estão próximo da lota de peixe. Sobre estas, 2 volumes de outros sanitários ao nível do terraço. Neste piso encontram-se as alas de espaços de lambril de azulejos brancos e cobertura a chapa de zinco e clarabóia sobre o corredor central em cada ala. Pavimento cerâmico e caleiras defronte dos expositores facilitam a limpeza utilizando água do depósito sobre piso.

Materiais

Betão, blocos de alvenaria rebocado, basalto, tijolo, vidro, ferro, mármore, cerâmica.

Observações

Edmundo Tavares foi discípulo de José Luís Monteiro, seguindo humildemente na qualidade e gosto a linha de Raul Lino, expôs na SNBA 2 anos após ter terminado o curso na Escola de Belas Artes de Lisboa (1903 / 1913) projectos de casa de estilização portuguesa. Publicou e ilustrou alguns livros sobre a arquitectura doméstica tradicional, e projectou moradias em Lisboa: Bairro Social do Arco do Cego, com Frederico Machado (1919 / 35); Av. Gago Coutinho, nº 71, 1947 em Português Suave; no Funchal: agência do Banco de Portugal (anos 30 / 40); Liceu Jaime Moniz (1936 / 42) e outros em Coimbra, pontualmente em Santa Comba Dão, Vale de Lobos e Oliveira do Hospital. Na data da sua inauguração foi considerado o mercado mais moderno, de melhores instalações no país; hoje é o único pólo abastecedor significativo de produtos frescos na cidade.