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Convento de Santo António da Convalescença

Convento de Santo António da Convalescença

O ponto de interesse Convento de Santo António da Convalescença encontra-se localizado na freguesia de São Domingos de Benfica no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura religiosa, barroca e oitocentista. Convento de frades franciscanos capuchos, de planta rectangular simples, composto por templo e zona conventual, desenvolvida no lado direito, em torno de um claustro quadrangular, com três alas por lado, todas com acesso para a quadra, com o piso inferior formado por arcadas de volta perfeita assentes em pilares toscanos, surgindo, na superior, duas alas abertas com pilares de cantaria e duas fechadas, rasgadas por janelas de peitoril. As alas têm coberturas em abobadas de aresta e pavimento em cantaria de calcário preto e branco, para onde abrem várias salas em arco de volta perfeita; a quadra possui quatro canteiros recortados e a zona central, onde surgem vestígios do antigo chafariz. A zona conventual encontra-se muito remodelada, apresentando uma fachada principal neoclássica, simétrica, com a zona central rematada em frontão triangular, dividida em panos regulares rematados por platibanda balaustrada, sendo rasgada regularmente por vãos rectilíneos, o mesmo acontecendo na fachada lateral direita. Tem o interior composto por corredores de tectos planos, que acedem, por portas de verga recta, a várias dependências, com acesso por vestíbulo rebaixado, com cobertura em estuque oitocentista.

Planta rectangular simples, desenvolvida em torno de claustro quadrangular, de volume homogéneo com coberturas em telhados diferenciados de duas, três e quatro águas. Fachadas revestidas a azulejo de padrão policromo, desigual, constituindo um reaproveitamento, percorridas por embasamento de cantaria, com cunhais apilastrados e evoluindo em dois pisos, divididos por friso de cantaria, rematando em friso, cornija e platibanda balaustrada, com acrotérios paralelepipédicos, encimados por pequenos pinocos. Fachada principal virada a NE., simétrica, composta por cinco panos delimitados por pilastras toscanas colossais. O pano central, rematado por frontão triangular, com tímpano vazado por óculo circular, protegida por grade de ferro forjado com decoração concêntrica, rodeado por enrolamentos de acantos em estuque, possui, no piso inferior revestimento a azulejo policromo seiscentista, policromo azul e amarelo, formando padrão de alcachofras, com os vãos rodeados por friso de óvulos e dardos, sendo rasgado por três vãos rectilíneos, com molduras simples de cantaria e remates em friso e cornija, correspondendo a porta central e a duas janelas de peitoril com enorme pano de peito, recortado. No piso superior, forrado com azulejo policromo oitocentista, com os vãos envolvidos por azulejo monocromo verde, formando duplas molduras, surge uma sacada corrida, com bacia de cantaria com perfil curvo e assente em seis mísulas de cantaria, tendo guarda de ferro forjado vazado, criando elementos geométricos, para onde abrem três portas-janelas com molduras simples de cantaria e rematadas por friso e cornija. Os panos imediatos são forrados a azulejo semelhante nos dois pisos, de padrão oitocentista, policromo, com os vãos rodeados por azulejo de tom azul; cada um dos panos é rasgado, no primeiro piso, por três janelas de peitoril rectilíneas, com molduras simples e assentes em cornija, surgindo, no piso superior, três janelas de sacada, com bacias rectilíneas de cantaria, com guardas em ferro forjado, para onde abre uma porta-janela rectilínea, com moldura simples de cantaria. Os panos exteriores, voltam a ter a mesma dicotomia de revestimento de azulejo do pano central, surgindo, no exterior, duplas pilastras, surgindo entre elas barras de azulejo; no piso inferior, surge janela de peitoril semelhante às do pano central, encimada por janela de sacada, com bacia rectilínea em cantaria assente em duas mísulas e guarda em ferro forjado vazado, formando entrelaçados, para onde se abre porta-janela rectilínea com moldura simples e remate em friso e cornija. Fachada lateral esquerda, virada a NO.., parcialmente adossada a edifício comercial, sendo visível a parede rebocada. Fachada lateral direita, virada a SE., com os dois pisos divididos por friso de cantaria e cinco panos definidos por pilastras toscanas colossais, apenas o do extremo esquerdo com remate em platibanda balaustrada, sendo os demais rematados em platibanda plena, escalonada, revestida a azulejo de padrão e rasgada por vãos rectilíneos. O pano do lado esquerdo possui tripla pilastra divididas por barras de azulejo, sendo os dois pisos revestidos a azulejos de padrão distinto, ambos oitocentistas; no piso inferior, por janela de peitoril com moldura simples e por porta encimada por bandeira em arco abatido, correspondendo ao acesso a uma zona comercial; no piso superior, duas janelas de peitoril. O pano imediato possui o mesmo tipo de revestimento de azulejo, com porta de moldura simples, de acesso à zona comercial, ladeada por janela entaipada, que inscreve azulejo de padrão pombalino, com moldura do mesmo teor. O pano central possui uma porta encimada por janela de peitoril, ambos com molduras de cantaria, tendo, no piso inferior, padrão de azulejo seiscentista, de acantos; no pano imediato, uma porta e uma janela de peitoril entaipada, encimadas por duas janelas de peitoril, uma delas entaipadas; ambos os vãos entaipados possuem azulejo de padrão pombalino, semelhante ao anterior. O pano do extremo direito possui revestimento a azulejo de padrão seiscentista de acantos, rasgado por porta e uma janela de peitoril entaipada, com padrão de azulejo pombalino. A fachada prolonga-se num pequeno muro côncavo, de alvenaria rebocada e pintada de branco, onde se inscreve a porta carral, de verga recta e protegida por duas folhas metalizas, rematando em friso e cornija e pequeno espaldar curvo, volutado e ornado por botão, rematado por urna do tipo Médicis. Fachada posterior formando um L. correspondendo ao corpo principal e a um muro que prolonga a quadra no lado E.; o primeiro é rasgado por uma porta de verga recta, ladeada por duas janelas de peitoril, protegidas por grades e todas com molduras simples, em cantaria de calcário; no segundo piso, uma janela de sacada e duas de varandim, com guardas de ferro forjado, formando enrolamentos e elementos geométricos. A porta do piso inferior dá acesso a umas escadas e a um pátio elevado relativamente ao piso anterior, pavimentado a calçada de calcário, onde surge uma estrutura em metal e vidro, constituindo o bar. O corpo em L tem o bar adossado ao primeiro piso, surgindo, no segundo, quatro janelas de peitoril, com molduras simples de cantaria. INTERIOR composto por vestíbulo quadrangular, com acesso por escadas de calcário e pavimento do mesmo material, com paredes percorridas por silhar calcário e rebocadas e pintadas de cinza, rematadas por friso e cornija de estuque. No lado esquerdo, uma guarita, correspondendo às instalações do segurança, possuindo portas laterais e uma frontal, com acesso por escadas, todas em arco de volta perfeita, com fecho saliente e assente em pilastras de fustes almofadados. Esta acede ao claustro, quadrangular composto, no piso inferior, por três arcos de volta perfeita assentes em pilares toscanos de cantaria, com pavimento em calcário branco e preto, formando elementos geométricos, e coberturas em abóbadas de aresta saliente, pintadas de bege e branco. No piso superior, a quadra é reentrante, possuindo nas alas E. e O. dois pilares, actualmente fechados por estrutura metálica e em vidro, surgindo nas demais três janelas de peitoril rectilíneas. A quadra possui quatro canteiros laterais, cada um deles com uma enorme palmeira. Para cada ala, abrem três portas de volta perfeita, semelhantes à do vestíbulo; estas abrem para a secretaria, no lado O. e salas de aula. Na ligação ao bar, surge um recanto com dois painéis de azulejo figurativo, azul sobre fundo branco, representando cenas de género que se complementam, com uma aguadeira e um chafariz com vários personagens em redor. No piso inferior, na ala S., surge uma porta que acede a escadas de madeira e guarda de ferro forjado pintado de bege e com corrimão de madeira, de três lanços, os dois superiores paralelos e convergentes, de acesso ao segundo piso, formado por corredores com pavimento em ladrilho cerâmico e cobertura em tecto plano, rebocado e pintado de branco, para onde abrem várias portas rectilíneas, de acesso à biblioteca, na ala E., a salas de aula e, no lado O., à zona da administração.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista de calcário e tijolo, rebocada e pintada; modinaturas, plaibanda, acrotérios, pináculos, frisos, pilastras, espaldares, pavimentos, pilares em cantaria de calcário; elementos decorativos a estuque; revestimento a azulejo tradicional seiscentista e industrial do séc. 19; painéis de azulejo tradicional; guardas em ferro forjado; cobertura em telha.

Observações

*1 - a Província de Santo António, uma das primeiras com fundação capucha em Portugal, destacou-se, em 1565, da Província de Portugal, como Custódia, tendo passado a Província em 1568; ao longo da sua existência herdou ou fundou os seguintes conventos: Santo António da Castanheira (1402, v. PT031114090015), Santa Catarina da Carnota, em Alenquer (1408, v. PT031101110013), Santo António do Pinheiro, na Chamusca (1519, v. PT031407030031), Nossa Senhora do Amparo, em Verdelha (1553), Santo António dos Capuchos, em Lisboa (1570, v. PT031106450153), Nossa Senhora do Loreto, em Paio de Pele (1572), Santo António de Penela (1576, v. PT020614050004), Nossa Senhora dos Anjos, em Sobral de Monte Agraço (1590), Santo António da Aldeia Galega da Merceana (1600, v. PT031101020046), Santo António da Pedreira, em Coimbra (1602, v. PT020603020213), Santo António da Sertã (1675, v. PT020509120008), Santo António de Cantanhede (1675, v. PT020602040021), São José de Cernache de Bonjardim (1699), Nossa Senhora do Cardal, em Pombal (1707, v. PT021015090017), Santo António da Anadia (1750), Santo António da Lousã (1750, v. PT020607030039), Santo António de Condeixa (1750, v. PT020605110015). *2 - conhece-se a planta da igreja, por um levantamento efectuado pela Câmara Municipal de Lisboa, a qual tinha planta longitudinal composta por nave, capela lateral adossada, dedicada ao Senhor Jesus da Paciência, capelas laterais, e capela-mor mais estreita, tendo, no lado do Evangelho, uma porta de acesso à sacristia. A fachada principal rematava em frontão triangular, tendo dois registos separados por friso e cornija, divididos em cinco panos, os laterais cegos, separados por duas ordens de pilastras toscanas, as exteriores rematadas por fogaréus. Ao centro, portal axial em arco de volta perfeita, ladeado por janelas rectilíneas com molduras recortadas, encimado por janelão com o mesmo perfil, flanqueado por dois semelhantes. Em frente ao convento, existia um cruzeiro, datado do séc. 15-16, mandado fazer por Pedro Anes, onde se manteve até à extinção. *3 - na capela-mor, onde se venerava o Santíssimo Sacramento, existia a imagem da Senhora do Bom Despacho, a imagem de São Francisco e Santo António, tendo um cofre de tartaruga marchetado de prata para o Santíssimo; tinha, ainda, um painel da Senhora do Carmo, um de Nossa Senhora da Conceição e um Santo Cristo em marfim, bem como um relógio de parede; na Capela de Santa Ana, uma imagem desta a ensinar a Virgem a ler, ambas com resplendor e coroa de prata, a imagem de São José com o Menino, a imagem do Menino e um Crucificado em pau-santo e marfim; na Capela de São João, a imagem do orago, uma da Senhor da vida, um relicário do Coração de Jesus e um painel com Nossa Senhora; a Capela da Senhor das Dores, esta com espada e diadema de prata; na Capela do Senhor Jesus da Paciência, iluminada por um lanternim na cobertura, um painel mural com o Senhor, um Crucificado de pau-santo, o Senhor morto, Santa Rita, quatro painéis dos arcanjos, com molduras douradas, um painel de Santa Ana, um de Cristo morto, outro do Senhor dos Passos e outro da Adoração dos Reis Magos, surgindo, ainda, dois espelhos com molduras de talha douras, um cálice e uma patena, um relicário de prata e quatro de madeira dourada, um lustre de cristal e alcatifa, estando protegida por grades bronzeadas; na sacristia, uma custódia de bronze dourada, com cálice do mesmo, surgindo outro de prata, com a respectiva patena, um Menino Jesus, outro de vestir, um Crucificado, um Cristo ressuscitado; no coro, um Crucificado de marfim com resplendor de prata, uma Nossa Senhora com coroa de prata, um São Joaquim e dois painéis grandes, bem como estantes; na Portaria, a imagem do Crucificado, um Santo António no altar e, nos nichos do adro, São Francisco e Santo António (FERREIRA, pp. 39-42).