Villa romana e povoado medieval. O loca tem multiplicidade de ocupações desde do neolítico antigo e provavelmente de períodos anteriores, até à idade média; vestígios do templo paleocristão bem conservados; 22 sepulturas com ossadas de diferentes épocas; uma "estela antropomórfica" de grandes dimensões, podendo o seu aproveitamento reportar-se ao Neolítico, assim como um imponente Menir. A presença de uma casa senhorial e da zona balnear testemunham a importância desta "Villa Senhorial Romana".
Ruínas arqueológicas que integram uma complexidade de estruturas desde o paleolítico aos nossos dias. Segundo os arqueólogos responsáveis, a ocupação pré-histórica encontra-se presente nas marcas encontradas em várias rochas, onde provavelmente estariam adossadas cabanas do neolítico antigo. Restos de um murete e buracos de poste, que terão correspondido a uma cabana datável do bronze final e a recolha de abundante material lítico, material cerâmico, uma provável "estátua menir" e uma "estela antropomórfica", são testemunhos deste período. Na zona superior da estação, a SO. encontra-se uma estrutura habitacional de granito, de planta circular, também da idade do bronze. A presença romana, encontra-se dividida em três fase (Sá Coixão, 2005): à 1ª corresponde a "Villa Senhorial" composta por um edifício apalaçado de planta rectangular localizado a N. e zona termal a O. A 2ª fase (2ª metade do século III) apresenta sinais de uma ocupação mais ruralizada, a que correspondem as ampliações efectuadas nos espaços de características palacianas da 1ª fase. Foram localizadas estruturas ligadas ao armazenamento e moagem de cereais, bem como cozinha, forno de fundição de metais e lareira. Sujeita a saque e incêndio durante o último quartel do século III, foi a Villa abandonada e reocupada nos finais do século IV, a que corresponde a 3ª fase de ocupação romana, com uma elevada utilização com base na agricultura e pecuária "Pars Fructuária", situada num patamar superior a NO. Apresenta uma estrutura quadrangular, a cozinha; uma circular seguida de um pátio pavimentado, área de moagem; uma pequena estrutura quadrangular pavimentada, trata-se provavelmente de um tanque ou tulha; seguido, em sentido descendente, de uma lareira, um forno (de cozer pão?) de planta ovalada, com muro cego ao centro; e mais abaixo uma estrutura semi-circular formada por muro duplo, que terá funcionado, provavelmente, como área de armazenamento e secagem de cereais. Este sector apresenta ainda uma fossa para depósito de "dolium". Em algumas destas estruturas foi aproveitado o afloramento, que afeiçoado é integrado na construção. A N. encontra-se o templo paleocristão construído sobre a casa senhorial romana, com uma longa ocupação, perdurando até ao século XIII. O templo apresenta planta longitudinal, rectangular, 3 naves e capela-mor, com orientação E./O. Bases, fustes e capitéis de colunas romanas, foram reutilizados no adorno ou como elementos estruturais. A N. e S. adossa duas alas, rectangulares resultantes da ampliação do século X; dentro do templo e espaços anexos, foram postas a descoberto 22 sepulturas de diferentes épocas, de forma rectangular, definidas por caixa cavada em blocos de granito ou composta por lajes de granito e xisto, e cobertura de xisto. Próxima à igreja, caminhando para S. um forno moderno (utilizado para secar figos) foi construído sobre as ruínas romanas. Apresenta planta semi-circular, cobertura plana, paramentos em alvenaria de granito aparente, e dois registos, sendo o primeiro mais saliente. A fachada principal, apresenta vão rectangular, moldurado por blocos de granito de maiores dimensões. Ainda neste espaço, encontramos algumas casas de planta rectangular, compostas de vários compartimentos rectangulares e quadrangulares, com vestígios de uma ocupação mais ruralizada, como fornos de fundição de metais, e algumas estruturas de planta circular. Num patamar superior, a NO, encontra-se uma provável zona de fundição de metais, constituída por estruturas rectangulares, algumas delas lajeadas, possíveis zonas de armazenamento; lareira e forno. Foram aproveitados 3 edifícios agrícolas existentes a SO., junto à entrada da Estação Arqueológica, para edifícios de apoio e centro de interpretação. Estes apresentam planta rectangular, simples, formando volume único, com cobertura de 2 águas e fachadas em alvenaria de granito aparente. Acompanhando o declive e o afloramento natural, foi adaptado um anfiteatro ao ar livre para actividades culturais.
Materiais
Granito, xisto, tegula, imbrex, saibro, barro, opus signinum, tijoleira.
Observações
O sítio do prazo trata-se de um sítio lendário para a povoação de Freixo, onde se dizia ter sido o "Freixo antigo"e onde teria existido a Capela de S. João ou Santa Ana. Recentemente foi construída uma capela designada de "Capelinha de São João do Prazo", no sítio onde de encontrava a inscrição "IOANNIS" gravada numa rocha. Os trabalhos de arroteia, para plantio de amendoeiras, destruíram sepulturas de xisto (do tipo caixotões) bem como muros. Estes trabalhos trouxeram à superfície bases e fustes de colunas de granito de pedra de aparelho. Esta situação chamou à atenção do historiador Dr. João A. Pinto Ferreira, que em 1954 faz referência a esses vestígios na sua obra (FERREIRA, J. A. Pinto, 1954). Os Doutores Armando Coelho Ferreira da Silva e António Baptista Lopes fazem os primeiros registos e desenhos de estruturas e materiais. Dificuldades de negociação com os proprietários do terreno levaram a que até 1995 não tivesse havido qualquer intervenção na estação arqueológica do prazo. O espólio desta estação é constituído por material da indústria lítica, pedra polida, elementos de mó, cerâmica incisa, a punção e mamilada de idade neolítica. Moedas, objectos de ferro cobre o bronze, vidro, escórias, agulhas de osso, materiais ligados à tecelagem, cerâmicas (pesos de tear, cerâmicas finas e comuns, cinzentas, potes e dolia) e esqueletos humanos. Este espólio pode ser visitado no Museu de Freixo de Numão, instalado na Casa Grande (V. PT010914060012).