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Palacete Anjos

Palacete Anjos

O ponto de interesse Palacete Anjos encontra-se localizado na freguesia de Santo António no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Palacete neoclássica, de planta rectangular, de dois pisos, com cobertura alteada em mansarda. Com duas frentes, estando a fachada principal voltada á via pública e a posterior articulando-se com jardim. Fachada principal composta por três corpos, destacando-se o central, pelo rasgamento de três grandes portas, a introdução de varanda corrida, jogo de pilastras alternando com os vãos e remate em balaustrada. Corpos laterais simétricos. Utilização de linguagem clássica, de grande sobriedade decorativa, concorrendo para um edifício de linhas harmónicas e austeras, dentro de uma tradição de arquitectura privada lisboeta que remonta ao séc. 17.

Planta rectangular, volumetria paralelepipédica de massa horizontal, e cobertura efectuada por telhado de 2 águas, de perfil recto e revestido por telha de canudo, alteado em mansarda, perfurado regularmente por nove janelas trapeiras. Fachadas, de dois registos (mais piso amansardado), divididos por friso sobre cornija, e com pilastras gigantes nos extremos. São revestidas com placagem de cantaria ao nível do primeiro piso e rebocadas e pintadas de amarelo claro ao nível do segundo. Fenestração a ritmo regular, maioritariamente de peitoril e perfil recto. Fachada principal voltada a NE., organiza-se em três corpos, com destaque para o corpo principal em eixo, que avança ligeiramente. O primeiro registo do corpo central é rasgado por três portas de madeira, almofadadas e guarnecidas com gradeamento decorativo em ferro forjado, emolduradas por arcos de volta perfeita, com marcação do fecho, assentes em pilastras de capitel saliente. Com goteiras zoomórficas ladeando a porta central. No segundo registo, correspondente ao andar nobre, abrem-se três janelas de sacada rematas por cornija suportada por consolas, guarnecidas por varanda corrida de pedra, e guarda de ferro forjado sobre sete modilhões decorados, assentando três deles no fecho das portas do andar inferior. Este é ainda animado por pilastras, que intercalam com os vãos, sendo rematado por friso e cornija sobrepujada por balaustrada ritmada por pináculos sobre os acrotérios. Os corpos laterais, simétricos, apresentam no primeiro piso três vãos de peitoril, de moldura recta dupla, guarnecidos por gradeamento de ferro forjado, correspondendo, no segundo piso, a três vãos de sacada, rematada por cornija recta e guarda de ferro forjado. São rematados por platibanda emoldurada, sobre a cornija, com pináculos nos extremos. A fachada posterior organiza-se quatro pisos rasgados regularmente por nove vãos cada um, de moldura rectilínea em cantaria, dispondo ao nível do terceiro piso de sacada corrida, abarcando os vãos centrais. Articula-se com jardim, cujo muro traseiro em alvenaria, com guarda de ferro forjado, comunica com a forte vertente arborizada do jardim botânico de Lisboa. INTERIOR *1: com pisos amplos, aos quais se acede por meio de escada em cantaria de lanços opostos, localizada no lado E.

Materiais

Estrutura de alvenaria mista, parcialmente rebocada e pintada; placagem de cantaria no revestimento do primeiro piso da fachada principal; frisos, cornijas, balaustrada, platibanda, varandas, pilastras e molduras de vãos em cantaria de calcário; estuque; ferro forjado nas guardas de janelas e varanda; madeira; vidro.

Observações

*1- O interior foi completamente adulterado nas obras de adaptação do palacete a depósito do banco de Portugal, pode-se contudo conhecer a disposição original do espaço através de uma planta. Este organizava-se através de um extenso corredor em U e de uma escadaria axial, que partia do salão de recepção, á qual se somam duas escadas, reservadas a uso doméstico, na ala direita. O primeiro piso estaria reservado ás áreas de serviço, enquanto que a ala esquerda do piso superior se destinava á zona de habitação, dispondo-se os salões na zona acusada exteriormente pela varanda da fachada principal. Todas as divisões comunicavam entre sim, oferecendo uma via de circulação alternativa ao grande corredor. As instalações dos empregados encontravam-se no piso em mansarda. *2: "A família Anjos foi uma das mais influentes nos meios negociais da capital da segunda metade de oitocentos, sendo tomada como paradigma do génio comercial e do self-made man burguês, o que lhes valeu honras de entrada em diversas enciclopédias." In LEAL, Joana da Cunha, 1996.