Fonte de mergulho medieval composta por caixa de água quadrangular, com o interior abobadado e cobertura exterior plana, com fachada principal rasgada por arco de volta perfeita. Apesar da sua provável construção medievall, está relacionada a lendas mouras. Na época contemporânea, foram acrescentados, sobre a cobertura, materiais medievais trabalhados em granito, que lhe conferem um maior destaque visual. No interior, na parede lateral esquerda e quase no fundo, uma inscrição.
Fonte de planta quadrangular simples, com caixa de água em cantaria de granito aparente, de aparelho isódomo, com as juntas preenchidas a cimento, integrada em afloramento rochoso, deixando à vista a fachada principal e a cobertura exterior plana, de betão. Fachada principal virada a S., rematada em cornija e rasgada por arco de volta perfeita, com as aduelas curtas formando extradorso regular, parcialmente entaipado com alvenaria de tijolo rebocada a cimento, formando pequena abertura rectilínea, protegida por porta de ferro; sobre a porta, no lado direito, possui um cano. Sobre a cobertura, surgem diversos silhares de granito, com decoração geométrica, correspondendo a uma estela sepulcral e um rolo com as faces laterais decoradas com espirais em baixo relevo. No INTERIOR *1, degraus que dão acesso ao tanque de formato quadrado irregular, com o fundo cavado no afloramento, tendo corrimão de ferro; a zona de mergulho é coberta por estrutura em abóbada de berço.
Materiais
Estrutura em cantaria de granito; arco parcialmente entaipado com alvenaria de tijolo e cimento; juntas preenchidas com argamassa de cimento; cobertura exterior em betão; porta de ferro.
Observações
*1 - não foi possível observar o interior da fonte, sendo a descrição do interior efectuada com base numa imagem (vide estampa, FERREIRA, 1959) e nas informações obtidas junto da população local. *2 - reza a lenda que "(...) um homem que era avô de um Filipe de Numão, e que foi a Roma aviar os papéis para casar, encontrou naquela cidade uma mulher que lhe deu três pães de trigo para ele trazer e entregar a suas três filhas: Zara, Cacina e Lira, que estavam há muitos anos encantadas. Uma na Fonte do Campelinho em Numão, outra na Fonte de Santa Clara em Penedono e outra na Fonte da Conselheira em Longroiva. Para o recompensar deste trabalho deu-lhe um cinto de pedras preciosas. Esse homem regressando a Portugal hospedou-se numa estalagem, cuja dona, muito curiosa, quis encetar um pão. Ao cortá-lo ouviu um grito agudo e o pão ficou cheio de sangue. A mulher tomada de medo, meteu o referido pão novamente no saco. O viajante não tendo disso conhecimento, e para cumprir o seu contrato, foi aos lugares onde estavam encantadas as filhas do avô do tal Filipe, deitando os pães nas fontes; evocou na Fonte de Santa Clara em Penedono, o nome de Cacina, que imediatamente apareceu ao cimo da água, voando para o Céu. Chegou à Fonte da Conselheira em Longroiva, deitou o outro pão à água e evocou o nome de Zara, que logo apareceu e libertou-se do seu encanto; a Lira, encantada na Fonte do Campelinho em Numão, feita a evocação, veio ao cimo da água, chorosa, maldizendo da sua sorte e lamentando-se de ter que ficar ali eternamente encantada, porque a mulher da estalagem ao cortar o pão de trigo, que lhe pertencia, cortou-lhe a perna direita" (FERREIRA, 1953, p. 20); a anciã, que contou a lenda ao autor, disse ter ouvido várias vezes a moura encantada a encher as canelas do tear e que um cavaleiro misterioso passava por ali, a altas horas da noite, a falar com a moura encantada.