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Igreja Paroquial da Costa

Igreja Paroquial da Costa

O ponto de interesse Igreja Paroquial da Costa encontra-se localizado na freguesia de Costa no municipio de Guimarães e no distrito de Braga.

Mosteiro do Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, masculino, que manteve a estrutura inicial, do período românico, mas que com a entrega, no séc. 16, aos frades Jerónimos foi crescendo e sendo ampliado, quer a nível da igreja, quer dos dormitórios. Apresenta planta composta por igreja longitudinal, de nave única, integrando torres sineiras na fachada principal, com capela-mor muito profunda integrando coro, e a S. as antigas dependências monacais, com articulação de vários corpos formando claustro lateralmente à igreja, desenvolvendo-se um corpo alongado perpendicularmente à esta, formando pátio rebaixado com o corpo recente da pousada, em L, disposto em quota inferior. Do período moçárabe, enquanto possível capela palatina ou paroquial com hipotético paço condal restam alguns vestígios, nomeadamente alguns silhares e a torre adossada a SO. da nave e nela uma porta com arco em ferradura. Do período românico conserva a estrutura e alguma silharia, visível nas paredes do claustro *10 assim como uma janela da sala do Capítulo, que teria uma outra simetria entre a porta e a igreja. No séc. 16 foram feitas diversas obras de remodelação e ampliação maneiristas, das quais ainda são visíveis alguns silhares, a porta mainelada da Sala do Capitulo e a galeria do primeiro piso do claustro, com arcos plenos sobre colunas jónicas. O segundo piso que inicialmente apresentava colunata maneirista terá sido fechado já durante as reformas barrocas. As grandes transformações no edifício terão sido feitas neste período, ainda no final do séc. 17, aumentando os dormitórios, abrindo novos vãos, criando uma varanda alpendrada no topo da ala alongada, e mais notório, ao longo de todo o séc. 18, criando uma nova fachada na igreja, com decoração exuberante de elementos fitomórficos, já com uma linguagem próxima do rococó. É construído o jardim da cerca, com canteiros geométricos de buxo, fontes, um escadório que culmina num tanque circular. Nos interiores do mosteiro são colocados painéis de azulejos joaninos, na igreja é feito um coro em talha policroma, com notórios semelhanças com o do Mosteiro de Tibães (v. PT010303250015), em Braga e de São Miguel de Refojos (v. PT010304140002), em Cabeceiras de Basto, todos com o risco de do monge beneditino Frei José de Santo António Vilaça, e por toda a igreja e sacristia surge decoração exuberante em talha barroca, quer nos retábulos, quer a emoldurar os vãos. Púlpitos e retábulo-mor neoclássico, com decoração fitomórfica marcada a dourado sobre fundo branco. O cadeiral da capela-mor apresenta ainda uma linguagem neoclássica apesar de ser bastante tardio. Coberturas em abóbada de berço na igreja e sacristia e na varanda alpendrada e Sala do Capítulo em tecto de masseira com caixotões. No segundo quartel do séc. 20 foi integrado um corpo para a Pousada, de linhas sóbrias, rasgado por grandes vãos envidraçados. Apresenta vestígios de um cunhal da época romana debaixo do pavimento do claustro, restos de uma construção que existiria no local, provavelmente do Baixo Império, devido ao espólio daquela época ali encontrado. Segundo alguns autores esteve aqui instalada a sede de uma das circunscrições da igreja sueva designada por "Carantonis", tendo sido revelado durante escavações arqueológicas diversos vestígios do primitivo edifício que durante o período suevo-visigótico estaria localizado na zona do actual claustro e que já no séc. 10, durante o período moçarabe teria sido deslocado para a zona da igreja. A torre adossada no extremo SO. da nave, também moçárabe, é de alta qualidade de execução, tendo no lado interno da porta o detalhe original de um arco de descarga mitraico. Os vestígios moçárabes revelam uma igreja de dimensões verdadeiramente invulgares (25 x 10 m) em relação às suas contemporâneas portuguesas de uma nave, sendo ultrapassada no comprimento unicamente pela Igreja de San Cabian de Mazote, em Espanha, assim como um edifício anexo de grande envergadura, que segundo alguns autores poderia tratar-se dos paços condais de Mumadona Dias e Hermenegildo Gonçalves e sede do Condado Portucalense. Ostenta ainda grande parte do valioso património azulejar do séc. 17 e 18, que se salvou após o grande incêndio de 1951, composto por azulejos de padrão e azulejos figurativos joaninos. A varanda do topo do corpo alongado apresenta dimensões consideráveis surgindo no centro desta um chafariz de granito. A extensa envolvente verde, parte da antiga cerca do mosteiro, aproveita magnificamente a pendente do terreno, com os cursos de água existentes também aproveitados para as várias fontes e chafarizes, possuindo ainda a sua potencialidade cenográfica particularmente explorada pelo escadório que alude à subida ao céu. Estabelecimento de hotelaria inserido na rede da Pousadas de Portugal, inserido no grupo das pousadas Históricas.

Planta composta por igreja longitudinal, de nave única, integrando duas torres sineiras na fachada principal, com dependências intercomunicantes, adossadas lateralmente a N., capela-mor muito profunda integrando coro, e a S. as antigas dependências monacais, com articulação de vários corpos formando claustro lateralmente à nave, desenvolvendo-se um corpo alongado perpendicularmente à igreja, formando pátio rebaixado com o corpo recente da pousada, em L, disposto em quota inferior. Volumes articulados de dominante horizontal, quebrada pela verticalidade das torres. Coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e quatro águas, na igreja e mosteiro, cúpulas bolbosas em granito coroadas por cata-ventos de ferro nas torres e em terraço no corpo recente. IGREJA com fachada principal orientada, formada por três panos separados por duplas pilastras decoradas, correspondendo os laterais às torres sineiras, com dois registos, no pano central e três nas torres, separados por cornija, o segundo mais estreito em cantaria. Pano central possuindo no primeiro registo, portal em arco abatido ricamente decorado encimado por frontão curvo de lanços, no centro do qual se eleva pedra de armas. O portal é ladeado por janelões ovais com moldura decoradas encimados por janelões recortados. Entre este, friso em cantaria com cartela de decoração fitomórfica. O segundo registo possui óculo recortado entre urnas com flores e a cornija que o encima é facetada ao centro. Remate em platibanda ricamente decorada, com urnas laterais, elevando-se ao centro espaldar com nicho protegido por baldaquino, com imagem pétrea, encimado por cornija quebrada, com cruz sobre acrotério. Os panos das torres apresentam no primeiro registo, nicho com imagem e janela, ambos de moldura recortada, e no segundo, relógio envolvido por enrolamentos e motivos fitomórficos. Sineiras sobre entablamento superior decorado, com ventanas em arco pleno, entre par de pilastras. Remate em cornija curva com urnas nos cunhais. Fachada lateral N. rebocada e pintada de branco, simples desprovida de decoração, com remates em cornija sob beiral e unicamente em beiral nas dependências anexas, mais baixas. É rasgada irregularmente por frestas, janelas quadrangulares e rectangulares. Janelas do pano da capela-mor em capialço, com moldura, com presbitério marcado por pilastra encimada por pináculo. Fachada posterior, com corpo da capela-mor em empena, ladeada por pináculos, com esfera no vértice, rasgada por fresta. No INTERIOR, nave com paredes rebocadas e pintadas de branco, decoradas por silhar de azulejos policromos de padrão, com tecto em abóbada de berço estucada, e pavimento em taburnos e laje de granito. Coro-alto de talha policroma, a branco e dourado, com marmoreados a castanho, verde e amarelo, sobre arco abatido, disposto em U, nos braços suportados por grandes mísulas decorados por par de sátiros e decoração de acantos. Guarda em balaustrada, com órgão implantado no braço, do lado do Evangelho. Cadeiral de duas filas, com espaldares ricamente decorados. Subcoro com guarda-vento de madeira, ladeado por pias de água benta gomadas e cobertura em caixotões de madeira. Paredes laterais da nave simétricas, com elementos confrontantes, constituídos por porta com sanefa de talha, retábulo, porta encimada por púlpito de base quadrada, assente em modilhão com guarda plena, tudo em talha policroma a branco e dourado, outro retábulo e, formando ângulo junto ao arco triunfal, nicho sobre porta, sendo a do lado da Epístola de acesso à sacristia. Acima dos retábulos, inscritos em arcos plenos, encontram-se sanefas de talha policroma, e varandins com guarda de ferro pertencentes aos janelões. Presbitério da nave delimitado por balaustrada de talha, formando um U. Arco triunfal pleno, assente sobre pilastras emolduradas sobrepujado por sanefa de talha policroma a branco e dourado com decoração fitomórfica. Acima deste abre-se janelão jacente com sanefa de talha. Capela-mor com cobertura em abóbada de berço decorada por caixotões, no coro, e no presbitério rebocada e pintada de branco. Pavimento em lajes de granito. Paredes laterais do coro com cadeiral de altos espaldares ricamente decorados encimado por janelas com capialço pintado com sanefas de talha. Retábulo-mor de talha policroma a branco, de planta convexa, com um só eixo. Remate em frontão curvo, com lanços destacados. Sobre a tribuna, brasão, enquadrado por estípides. A tribuna é enquadrada por par de colunas, as interiores demarcadas no terço inferior por estrias e as exteriores integralmente estriadas, com demarcação no terço inferior. Sacrário sobre a banqueta. Sacristia rectangular com cobertura em abóbada de berço pintada e pavimento em lajes de granito, com supedâneo na zona dos arcazes, confrontantes, e retábulo da parede testeira. A encimar os arcazes quatro painéis com telas emoldurados por talha dourada. Junto aos arcazes contadores embutidos, também encimados por composição ricamente decorada em talha dourada. Retábulo em talha policroma, de planta recta, um só eixo, com remate em espaldar recortado, sobre pilastras. Nicho com representação de Nossa Senhora da Piedade, São João e Santa Maria Madalena. Possui porta de comunicação com o claustro na parede fundeira. DEPENDÊNCIAS MONACAIS, de registos pisos, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados e remates em cornija sob beiral. Fachada principal, correspondendo ao corpo do claustro, no seguimento da fachada principal da igreja. Primeiro registo com portal principal, a que se acede por escadaria de dois lanços, de verga recta, enquadrado por pilastras que suportam entablamento ritmado por quatro modilhões sobre o qual repousa um espaldar profusamente decorado com volutas. A ladear o portal, pela esquerda janela de verga , e do lado oposto quatro janelas gradeadas em capialço. Segundo registo com janelas de sacada com guarda de ferro centradas por pedra de armas da Ordem. Fachada lateral S. formada pelo L do corpo do claustro com o corpo alongado. Pano do corpo do claustro com três portas em arco pleno com bandeira e janelas jacentes, no primeiro registo, e quatro janelas sacada, com varandim saliente, guarda em ferro, e bandeira com chanfro e vidro único, no segundo. A fachada do corpo alongado, possui no primeiro registo sucessão de pequenas janelas jacentes, e dois vãos em arco pleno, sendo um deles túnel de passagem, e no segundo, duas grandes janelas de sacada, com varandim saliente sobre mísulas e guarda de ferro, intercaladas por sucessão de pequenos vãos, alternadamente rectangulares e quadrados, sendo estes últimos menores. As janelas de sacada são encimadas por águas-furtadas, cada uma com óculo circular. No topo do corpo, varanda de cantaria, denominada de São Jerónimo, com alpendre apoiado em pilares com marcação de molduras sobre altos plintos, entre guardas de ferro. Interiormente bancos de pedra corridos, com espaldar de azulejos figurativos monocromos a azul. Ao centro, chafariz de tanque quadrilobado, com taça central com quatro bicas, encimada por coluna com outras quatro bicas, rematada por pináculo piramidal com bola. Tecto em masseira de madeira formando caixotões. Fachada posterior com três panos, separados por pilastras, ritmados por vãos de verga recta, com excepção de um arco pleno no primeiro registo do corpo alongado. Neste pano encontram-se igualmente duas águas- furtadas. Panos do extremo N. correspondendo ao corpo do claustro e à sacristia, este último com par de janelões entre óculo oitavado. CLAUSTRO de dois registos, tendo no primeiro arcaria plena assente em colunas de capitéis jónicos e no segundo janelas de sacada, com guarda de ferro. Galeria com silhar de azulejos de padrão. Num dos lados é visível coluna entaipada. Ao centro da quadra chafariz com golfinhos jorrando água para tanque quadrilobado. Sala do Capítulo com painéis de azulejos figurativos monocromos a azul e tecto de masseira de madeira, com caixotões. CORPO RECENTE com fachadas a vermelho aberto regularmente por vãos envidraçados. Junto ao topo do braço O., dando acesso ao terreiro fronteiro ao mosteiro encontra-se portal de verga recta aberto em pano murário rebocado e pintado de branco, enquadrado por pilastras, rematado por cornija encimada por espaldar recortado encimado por pináculos e cruz latina central. INTERIOR com 53 quartos, 2 suites, refeitório com 176 lugares, salão de banquetes com 50 lugares e esplanada com 128 lugares.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada de branco; elementos estruturais da igreja e mosteiro, elementos decorativos, pavimentos da igreja, sacristia e claustro, fontes e chafarizes, em granito; coro-alto, órgão, retábulos, sanefas, revestimento do arco triunfal, em talha policroma; portas, janelas, arcaz da sacristia, pavimentos do mosteiro, tectos de masseira, em madeira; Sala do Capítulo, Varanda de Frei Jerónimo e outras dependências do mosteiro com azulejos tradicionais; corpo recente com estrutura em betão; coberturas em telha de aba e canudo.

Observações

*1 - DOF: Igreja, escadório e mosteiro de Santa Marinha da Costa com todos os seus imóveis; *2- dos quatro painéis que compunham o retábulo resta um no Museu Alberto Sampaio, que representa São Vicente, São Martinho e São Sebastião. Um outro que se julga no Museu de Cassel representaria a deposição de Jesus no túmulo; *3- anexas ao mosteiro existiam as "Casas dos Infantes", demolidas no tempo do abade trienal Frei Jerónimo dos Anjos, nelas terão vivido o Infante D. Duarte e D. António Prior do Crato; *4 - segundo as descrições do séc. 16, o mosteiro possuía duas casas baixas, do lado de Guimarães, à entrada do mesmo, onde se situava o forno e a maçaria. No primeiro piso, além da sacristia e da sala do capítulo, existia o cárcere, a cozinha, o refeitório, a sala de "profundis" e a hospedaria. No refeitório havia uma pintura muito antiga, possivelmente ainda do tempo dos cónegos. No andar superior ficavam os dormitórios, a rouparia e a barbearia; *5 - este retábulo foi posteriormente comprado por 40 moedas pelas religiosas do Carmo; *6 - apenas os da sacristia voltaram a ser aplicados durante as reformas do séc. 18, havendo notícia de alguns deles posteriores a 1650 terem sido levados para o Museu D. Diogo de Sousa, em Braga; *7 - os dois primeiros mestres de obras habitavam em Adaúfe, enquanto João Ribeiro habitava em Travassós; *8 - a Custódio Teixeira Pinto Basto caberia "metade do mosteiro ao longo para a parte sul, inclusivamente a varanda" e a Manuel Baptista Sampaio Guimarães "a metade do mesmo mosteiro ao longo para a parte do Norte até bater na Igreja". Manuel Baptista Sampaio Guimarães terá entrado em conflito com a paróquia, pois terá fechado uma porta, impedindo a população que frequentava a missa de atravessar o claustro. A paróquia invocava uma servidão antiga, vindo a questão a ser resolvida em tribunal a favor de Manuel Baptista Sampaio Guimarães; *9 - o inquérito paroquial de 1842 descreve a igreja como "boa, grande, e formosa (...) Tem esta igreja seis altares: o altar-mor tem as imagens de Nossa Senhora, são Jerónimo e Santa Paula. O da Senhora do Carmo tem a Senhora do Carmo, Santo António e são Francisco. O de Santa Ana tem Santa Ana, Nossa Senhora da Conceição. O Menino Jesus, são José e São Joaquim e São Servo da Santa Marinha, Santo Eutóquio, o beato Lourenço, e o Senhor da Cana Verde. O das Almas tem Santa Luzia e São Tiago, e o outro é o do Sacramento este nada mais tem, tem na pia baptismal um grande crucifixo..."; *10 - das reservas do Palácio da Ajuda foram trazidas 6 cadeiras douradas do séc. 19, 4 sofás e 2 maples do séc. 19, 6 cadeiras de sola do séc. 17, 3 cadeira de braços do séc. 18, 10 peças de cobre, 30 lanternas do séc. 19, 1 canapé do séc. 18 e quatro cadeiras do séc. 19. Das reservas do Convento de Mafra veio 1 cama de bilros do séc. 18, 1 cama do séc. 18, 1 cama do séc. 19, 2 escrivaninhas do séc. 19, 2 mesas do séc. 19, 2 burras pequenas do séc. 18, 2 molduras de espelho do séc. 19, 6 cadeiras de braços do séc. 19, 1 sofá, 6 maples e 10 cadeiras do séc. 19, 3 cadeiras de braços do séc. 18 e 6 cadeiras fradescas do séc. 18, 1 barbeador com espelho, 8 fauteils do séc. 18, 1 sofá do séc. 18, 2 biombos e 3 mesas de jogo do séc. 19; *11 - no séc. 18, alguns elementos da colunata do claustro foram aproveitados para a construção de sepulturas, existindo ainda no Museu Alberto Sampaio alguns capitéis do primitivo claustro românico; *12 - morreu em 1991, deixando o órgão desmantelado.