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Igreja de Santa Cristina

Igreja de Santa Cristina

O ponto de interesse Igreja de Santa Cristina encontra-se localizado na freguesia de Serzedelo no municipio de Guimarães e no distrito de Braga.

Igreja monacal de estrutura românica, composta por exonártex fechado, nave única, capela-mor, primitiva capela funerária gótica, usada posteriormente como sacristia, adossada lateralmente à capela-mor e muro campanário junto à fachada principal. O exonártex, possivelmente de construção mais tardia, com algumas semelhanças ao da Igreja de São Miguel de Vilarinho (v. PT011314320008), em Santo Tirso, apresenta a fachada principal com os mesmos formulários construtivos e decorativos de uma fachada principal de uma igreja românica, construído mais baixo do que a nave, de modo a se diferenciar desta. Os portais deste espaço apresentam arquivoltas ligeiramente quebradas seguindo uma solução de transição para o gótico. Os portais da nave, tanto o axial como os laterais, apresentam arquivoltas plenas, o primeiro mais profundo. Os portais do exonártex, assim como os da nave, apresentam consolas a suportar o tímpano, sendo o axial da nave e os laterais, decorados com cruzes páteas. Antes dos restauros iniciados nos anos 40, apenas o lateral do exonártex apresentava esta morfologia, que se manteve, os restantes não tinham consolas nem tímpanos, sendo estes feitos à semelhança do primeiro. Os portais axiais apresentam decoração a enquadrar as arquivoltas, no exonártex, friso em dente de serra e na nave, motivo de lanças. Os portais, bastante simples, apresentam semelhanças na linguagem decorativa com os da Igreja de São Miguel do Castelo (v. PT010308340006), em Guimarães. A iluminação é feita através de frestas que se rasgam acima dos portais axiais, em arquivolta plena, nas fachadas laterais, acima do arco triunfal e no topo da cabeceira. Os topos das fachadas são em empena, no exonártex e na nave coroadas por cruzes páteas e na capela-mor por cruz florenciada. Fachadas laterais com remates em cachorrada simples, percorridas por cachorros que suportariam alpendre, no panos do exonártex e nave, sendo nestes últimos percorridos por pingadouros. Panos do corpo gótico com acesso principal em arco quebrado, encimado por cachorros, também para alpendre, e entre estes escudos. Na fachada posterior rasga-se janela em arco quebrado mainelada. Interior com coberturas em madeira, na capela-mor em masseira decorada por caixotões de talha barrocos. Pavimentos em taburnos no exonártex e nave e em laje de granito na capela-mor e sacristia. Exonártex com parede lateral rasgada por arcossólios, também ligeiramente quebrados. Arco triunfal pleno, assente em capitéis fitomórficos, bastante alto, possivelmente de uma fase mais tardia do românico. Pinturas murais quinhentistas, com decoração de arabescos e representação de Santos. A Igreja de Serzedelo é um dos poucos exemplares em Portugal que ainda conserva o exonártex, praticamente intacto, cuja função inicial seria funerária (ALMEIDA, 1978). As frestas da fachada principal do exonártex e da sacristia não estão alinhadas com os portais respectivos, o que poderá indiciar, possivelmente, épocas de construção diferenciadas entre os portais a abertura das frestas. Conserva alguns sarcófagos medievais, que pertenceriam ao primitivo mosteiro, um deles com inscrição datada do séc. 11. No interior são ainda visíveis restos de pintura mural, com representação de santos e decoração de arabescos, que revestiria a zona do arco triunfal, a capela-mor e a sacristia, primitiva capela funerária.

Planta longitudinal composta por exonártex fechado e nave única rectangulares, capela-mor quadrangular, com sacristia, também quadrangular, adossada lateralmente a S. e muro campanário disposto lateralmente em relação à fachada principal, também a S.. Volumes escalonados de dominante horizontal, com nave mais alta do que os restantes volumes. Coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas em alvenaria de granito, com embasamento, na fachada lateral S., no corpo da nave, escalonado. Remates das fachadas de topo em empena coroadas por cruzes páteas no exonártex e nave e cruz florenciada na capela-mor, e das laterais por cornija suportada por cachorrada lisa. Fachada principal orientada, com pano do exonártex aberto por portal, com consolas suportando tímpano, inscrito em duas arquivoltas ligeiramente quebrados, com impostas destacadas. A primeira arquivolta é enquadrada exteriormente por friso em dente de serra e dois sulcos simples que a percorrem inferiormente. Em ambas as arquivoltas existem alguns silhares com siglas. A encimar o portal encontra-se fresta inscrita em arco pleno enquadrado por dois sulcos, à semelhança da arquivolta do portal. Pano da nave, com fresta, parcialmente oculta, enquadrada por arquivolta plena. Fachada lateral N., com pano do exonártex e da nave percorrido por cachorros que suportariam alpendre, no da nave encimados por pingadouro. Neste pano rasga-se portal com consolas suportando tímpano decorado por cruz pátea vazada, enquadrado por arquivolta ligeiramente quebrada. Junto ao portal, do lado esquerdo encontra-se silhar com inscrição. Pano da capela-mor rasgado por fresta, ladeada por dois cachorros, colocados a diferentes alturas. Fachada lateral S. igualmente percorrida por cachorros, na nave e na sacristia, encimados por pingadouro. Pano do exonártex com portal, semelhante ao da fachada oposta, apenas com a diferença que a cruz pátea do tímpano não é vazada. É ladeado superiormente, do lado esquerdo, por fresta. Pano da nave, com contraforte abaixo do pindadouro, e a cima sequência de três frestras. No estremo direito outro portal, com consolas suportando tímpano, vazado com cruz pátea, enquadrado por arquivolta plena. Pano da sacristia perpendicular ao da nave rasgado por portal em arco quebrado, enquadrado superiormente por arquivolta, também quebrada, e entre os cachorros dois escudos. Acima do pingadouro rasga-se fresta. Fachada posterior com panos da nave e capela-mor rasgados por fresta e pano da sacristia com janela em arco quebrado, mainelada, com impostas destacadas, e pequeno óculo quadrilobado na enjunta. Muro campanário em alvenaria de granito, com sineira no topo, ao centro, em empena, com duas ventanas em arco pleno e acesso por escada de ferro. INTERIOR com paredes em alvenaria de granito. Exonártex com cobertura em masseira de madeira com o travejamento à vista. Pavimento em taburnos de madeira e guias de granito. Do lado do Evangelho encontra-se baptistério sobre plataforma de granito, com pia baptismal de taça e coluna octogonal. Na parede rasgam-se dois arcossólios, ligeiramente quebrados, enquadrados por arquivolta. Parede do lado da Epístola com portal de comunicação com o exterior, enquadrado por arco pleno, com siglas nos seguintes do fecho, assente em imposta destacada. Parede testeira com portal de acesso à nave, com consolas suportando tímpano vazado por cruz pátea. É enquadrado por três arquivolta, a exterior decorada por friso de lanças. Nave com cobertura e pavimento igual ao do exonártex. Parede do lado da Epístola com púlpito de base granítica, rectangular, assente em modilhão, e guarda vazada em balaustrada de madeira. Acesso por escada de madeira. Em ambas as paredes rasgam-se portais de acesso ao exterior, ladeados por pia de água benta gomada. Arco triunfal pleno assente em colunas fuste com vestígios de pintura mural de arabescos e capites fitomórficos. Nesta parede encontram-se vestígios de pintura mural, superiormente com arabescos, e a ladear o arco triunfal, prolongando-se para as paredes laterais da nave, com representação de vários santos, delimitados por painéis. Nestes painéis, do lado do Evangelho, encontra-se a representação "O martírio de São Sebastião", e um anjo, e do lado da Epístola "A coroação da Virgem" e Santo António. Ainda neste último lado, mas na parede lateral da nave, encontra-se um painel com São Brás. Capela-mor com cobertura em tecto de masseira de, decorado por caixotões de talha dourada com pintura de medalhões fitomórficos. Pavimento em laje de granito. Parede testeira com altar recto de granito com sacrário de talha, sobre supedâneo de dois degraus. A encimar o altar rasga-se fresta inscrita em arco pleno. A parede apresenta vestígios de pintura mural, com painéis figurativos, um deles representando "O milagre de São Martinho", com o santo representado a cavalo, com chapéu emplumado, espada na mão e oferecendo o seu manto a um mendigo. Apresenta igualmente decoração com motivos de arabescos, prolongando-se para a parede lateral, do lado da Epístola. Nesta última abre-se porta de verga recta, emoldurada, de acesso à sacristia, ladeada por nicho, encimada por fresta entaipada, inscrita em arco pleno. Sacristia com cobertura de madeira com travejamento à vista assente em cachorrada com sulcos marcados, do lado do Evangelho. Parede testeira com vestígios de pintura mural, bastante esbatidos, prolongando-se para a lateral esquerda. Parede fundeira com lavabo, com reservatório parcialmente oculto por espaldar rectangular com torneira e taça oval.

Materiais

Paredes exteriores em alvenaria de granito aparente; Cobertura em estrutura de madeira e revestida a telha de barro; Caixilharias de madeira.

Observações

*1 - Antes do início dos restauros, a igreja encontrava-se da seguinte forma: No exterior, toda a fachada lateral S. encontrava-se semi enterrada, com o portal do exonártex entaipado e o da nave rebaixado, com acesso por escadaria e coberto por alpendre. Apenas o portal do exonártex possuia tímpano. A mesma fachada possuia uma porta de verga recta, com escadaria, de acesso ao coro. A sacristia possuia telhado de uma água, com janelão rasgado lateralmente. O campanário possuia três sineiras. O seu interior encontrava-se caiado, a nave era coberta por abóbada de berço em madeira, pintada com motivos florais. O pavimento era em soalho. O coro-alto era assente em arco pleno e apresentava guarda vazada em madeira. Possuia retábulos colaterais, retábulo-mor e sanefa do arco triunfal neoclássicos, em talha policroma a branco e dourado. A fresta acima do arco triunfal e da capela-mor estavam entaipadas, esta última oculta pelo retábulo-mor. A capela-mor era revestida a azulejo.