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Igreja e Torre dos Clérigos

Igreja e Torre dos Clérigos

O ponto de interesse Igreja e Torre dos Clérigos encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Cedofeita no municipio de Porto e no distrito de Porto.

Igreja barroca de planta elíptica e capela-mor rectangular integrada no edifício da Irmandade, que liga à torre sineira imponente, formando um conjunto que se vai alongando em planta e com uma progressão decrescente de volumes e proporções mais elegantes. Os vários corpos do edifício são dispostos de modo pouco vulgar, mas com grande virtuosismo e tirando partido do desnível do terreno. O frontispício da igreja e a torre revelam uma linguagem arquitectónica e decorativa característica de Nasoni sendo particularmente original a disposição dos sinos e do relógio. O carrilhão é, aliás, um dos maiores do país. No interior, retábulos de talha dourada em estilo joanino.

Planta composta por nave única elíptica, capela-mor rectangular, sacristia, casa do despacho e torre quadrada, com volumes alinhados e progressivamente decrescentes e de alçados ondulados. Coberturas articuladas com telhado diferenciado em 2 e 3 águas. Frontispício da igreja e torre em cantaria aparelhada; alçados laterais em alvenaria rebocada ritmada com pilastras. Frontespício de 2 registos separados por cornija e 3 corpos separados por pilastras. No 1º tem porta de verga recta encimado por amplo janelão curvo e 2 janelas laterais sobrepujadas por decoração vegetalista. No 2º registo, janelão com mitra papal à frente e, lateralmente, nichos com imagem de S. Pedro e S. Paulo; remate em frontão interrompido com tímpano profusamente decorado e medalhão com o monograma AM; cruz de 3 braços na empena e pináculos nos cunhais. Alçado lateral da nave e capela-mor coroado por balaustrada; na capela-mor destaca-se janela dividida em 5 sectores com rico molduramento e frontão interrompido. A casa do despacho tem 3 pisos e mezanino superior com fenestração regular. Ao centro, porta de verga recta e frontão interrompido, sobrepujado por janelas, que no 2º piso são de sacada curva e no 3º têm balcão sobre cachorros e frontão, e tarja com data de 1758. Torre de 75 m. de altura dividida em 6 registos por cornijas e com cunhais arredondados. Sobrepõem-se, no 1º registo, porta, medalhão com legenda bíblica e nicho com imagem de São Filipe de Nery; no 2º, uma janela; no 3º, sineira com frontão triangular e medalhão com monograma AM e chaves de São Pedro; no 4º moldura com legenda bíblica e, na face oposta, janela com balaustrada. Seguem-se 2 outros registos, sucessivamente mais recuados criando varandas com balaustrada e fogaréus nos cunhais; no último, abrem-se 4 sineiras, e tem remate em cúpula bolbosa de secção quadrada. Interior ritmado por pilastras coríntias, com 4 capelas colaterais com retábulos e sanefas de talha dourada, 4 portas encimadas por tribunas com varandas trabalhadas, e 2 púlpitos quadrados. Sobre a cornija saliente, abóbada com várias nervuras marcadas a cor e ao centro amplo medalhão com escudo, com o monograma AM, as chaves de São Pedro e a mitra rodeada de folhagem. Arco triunfal sobrepujado por sanefa de talha dourada. Capela-mor com cadeiral de ambos os lados, encimados por órgãos, um mudo, e amplo retábulo com trono de mármore; cobertura em abóbada de cruzaria. O edifício da Irmandade está dividido interiormente em 2 partes distintas. A S. tem 3 grandes salas, a sacristia, a Secretaria ou Casa do Despacho e a enfermaria, cada uma delas no seu piso respectivo. A N., existe uma escada monumental que liga as salas e, em cada piso, um espaço conhecido com "pátio das escadas". No 1º patamar uma passagem conduz, através do "quarto do porteiro", à escadinha em caracol da torre.

Materiais

Granito do Porto, de grão médio; ferro, madeira, talha, telas.

Observações

*1 - Em meados do Séc. 17 foi instituída a Irmandade dos Clérigos Pobres, estabelecendo-se então na Igreja do colégio dos órgãos, ainda com o nome de Irmandade de S. Filipe de Nery. Os seus estatutos foram aprovados a 20 de Setembro de 1665. Em 1673 foi tranferida para a Igreja dos Padres congregados e em 26 de Maio de 1688 para a Igreja da Misericórdia. Por iniciativa dos padres capelães do coro da Misericórdia, decidiu-se então criar uma Irmandade, reunindo numa única confraria os elementos das de S. Filipe de Nery e de S. Paulo. Assim nasceu a Irmandade dos Clérigos Pobres de Nossa Senhora da Misericórdia, S. Pedro ad víncula e S. Filipe de Néry. *2 - Foi na reunião da Mesa realizada em 31 de Maio 1731 que se nomearam, para fiscalizar o andamento das obras, os irmãos Manuel Ferreira da Costa, António Gomes de Sousa, Francisco Fernandes Paulino e João da Herdade Coelho. Decidiu-se ainda consagrar a futura igreja a Nª Sª da Assunção, eleita padroeira da Irmandade. *3 - Quer as plantas, que Nicolau Nasoni elaborou, quer o seu acompanhamento da obra não foram pagos, pois ele desejou apenas ser aceite como membro da Irmandade. Também conforme seu pedido, foi sepultado na Igreja dos Clérigos, sendo assistido pela Irmandade como irmão pobre. Desconhece-se, no entanto, o local exacto da sua sepultura. *4 - Trabalharam na obra numerosos artistas. Por ex., as estátuas de S. Pedro e de S. Filipe de Nery do frontespício são de Jacinto Vieira; o retábulo-mor foi desenhado por Manuel dos Santos; as obras do edifício da Irmandade foram dirigidos pelo mestre Manuel António Sousa, ajudados pelos mestres Domingos da Costa, Caetano Pereira e Manuel Bento da Silva; na fachada N. deste edifício e, nomeadamente na designada porta do Anjo, colaboraram os mestres José da Costa Ferreira e João Alves, e os carpinteiros Manuel da Silva, Domingos Moreira e Manuel da Cruz; o arcaz da sacristia foi executado pelo mestre carpinteiro Tomás Pereira da Costa, com a ajuda de outros, sobretudo João Ferreira, segundo desenho de Manuel dos Santos Porto. As pratas existentes na igreja foram feitas pelos melhores ourives da cidade, como Julião Pereira de S. Payo, Domingos de Sousa Coelho, José Ferreira, Manuel Roiz, Domingos Lopes, etc. *5 - A torre tem 2 campanários e 10 sinos: 5 no 1º, sendo maior o central ( das horas ), e 5 no 2º, 3 grandes e 3 pequenos. Ela teve várias utilizações de carácter público. Serviu como telégrafo comercial, nela se colocando uma bandeira quando chegava o "paquete" para que os comerciantes soubessem da sua aproximação, e foi usada para o relógio da cidade. *6 - A Irmandade dos clérigos possui um riquíssimo Arquivo com documentação referente às obras e à História da vida assistencial, religiosa e espiritual.