Arquitectura religiosa, barroca, neoclássica e neobarroca. Igreja de planta longitudinal, de uma nave, interiormente defenindo octógono alongado, e capela-mor profunda, com diversos volumes adossados alguns de construção posterior, com linguagem neobarroca nos elementos de cantaria. Fachada principal harmónica, totalmente revestida a azulejos monócromos azuis sobre fundo branco com cenas alusivas ao orago, datados de 1932, característica das Igrejas da Região do Porto na primeira metade do séc. 20, e rematada ao centro por frontão triangular interrompido por nicho com Santo Padroeiro. Vãos dispostos em três eixos, tendo no central portal de verga recta encimado por frontão interrompido por cartela e janelão com frontão triangular e nos laterais duas janelas também com frontão triangular e sineiras no topo. Fachadas laterais ritmadas por pilastras terminadas em entablamento sobrepujado por balaustrada, com portas travessas de verga recta e várias janelas. No interior da nave, verifica-se a justaposição de elementos colocados simétricamente, com coro-alto , seis capelas retabulares à face, de talha dourada, quatro de ângulo, semelhantes entre si, duas neobarrocas e duas barrocas, sobrepostas por nichos com frontão triangular, e duas neoclássicas, encimadas por janelas, púlpitos com guarda de talha dourada rococó, intercalados por painéis com decoração de estuques neoclássica, que se prolongam para a cobertura, em abóboda de lunetas, decorada. Capela-mor com nichos laterais e painéis decorados estuque, que se prolongam pela cobertura, em gamela com profusa ornamentação vegetalista barroca. O retábulo-mor de talha dourada barroca joanina possui já elementos rococós, com anjos de vulto, serafins e emblema no frontão. O obelisco apresenta feição barroca, com afinidades com os dois obeliscos da Quinta da Prelada e actualmente no Passeio Alegre (v. PT011312050027). Nave longitudinal procurando centralizar o espaço interior, tão ao gosto barroco, cortando os ângulos de modo a criar um octógno alongado. Este facto, conjugado com as torres laterais integradasna fachada e rectangulo da planta, cria falso endo-nártex, onde se desenvolve o coro-alto. Apesar da traça barroca, a linguagem decorativa dos elementos estruturais exteriores e interiores é neo-barroca, fruto das reformas do séc. 19; refiram-se o tipo de capitéis das pilastras, suporte denticulado dos frontões das janelas e da cornija das torres. Fachada principal revestida a azulejos figurativos representando a vida de Santo Ildefonso e no lado S. os dois painéis encontram-se interligados, representando a protecção da igreja por Cristo com a intercepção de Nossa Senhora. Os plintos que enquadram o frontão interrompido por nicho da fachada principal possuem estrutura e suporte semelhante ao obelisco. No interior, baptistério com pia de cantaria, tardo-barroca, órgão de tubos, ibérico, do séc. 19, que a nível do remate e decoração é identico à da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, dois púlpitos justapostos, assentes sobre fina mísula de cantaria que se estendem até ao embasamento, e nas sacristias, dois lavabos em cantaria semelhantes.
Planta longitudinal composta por nave única, interiormente em octógono alongado e capela-mor profunda, mais estreita, a que se adossam de ambos os lados anexos correspondentes a sala de arrumos e antiga sacristia a N., sacristia e residência paroquial a E. e secretaria e cartório, a S.. Volumes escalonados de dominante horizontal, quebrada pela verticalidade das torres sineiras da fachada principal. Coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas na nave, com cruz latina assente sobre plinto na empena principal e com bola e plinto na posterior, e no volume adossado a E., em quatro águas nos volumes adossados a S. e em terraço a N. Águas furtadas, num dos volume posterior, revestidas a placas de lousa pintadas a vermelho com cobertura a duas e quatro águas. Fachadas com embasamento proeminente de cantaria, a principal e laterais das torres sineiras revestidas a azulejo monócro azul sobre fundo branco, com cenas da vida de Santo Ildefonso e Alegorias da Eucaristia, e as restantes fachadas rebocadas e pintadas de vermelho. Fachada principal, orientada, de três corpos enquadrados por pilastras colossais com capitéis sobre falsas mísulas, suportando entablamento. Corpo central ligeiramente resaltado, com friso denticulado e remate em frontão triangular interrompido por nicho, com a imagem do orago, encimado por frontão triangular e cruz, e lateralmente pináculos piramidais, rematados por bola, assentes em urna. No eixo, pórtico de verga recta de moldura recortada, encimado por frontão curvo sobre duplas mísulas interrompido por cartela com inscrição, sobrepujada por frontão triangular, e sobreposta à moldura recortada janelão com frontão triangular e friso denticulado, com a cruz cardinalícia no vitral. Corpos laterais, correspondentes às torres sineiras, de dois registos, separados por cornija, o inferior rasgado por duas janelas de brincos com frontões triangulares sobre mísula rectangular e o superior com quatro sineiras de verga recta, uma em cada face, rematadas por friso denticulado e cornija com frontões triangulares, nas quatro faces, e ao centro da cobertura, pináculos piramidais rematas por bola, com duas bases; sobre os cunhais pináculos de bola. Fachadas laterais ritmadas por pilastras colossais, também com capitéis sobre falsa mísula geométrica, e terminadas em entablamento coroado por balaustrada de cantaria ritmada por acrotérios, tendo em plano recuado pano de muro sobrelevando a cobertura, criando passadiço intermédio; fachada posterior com pilastras e pisos separados por friso; fachadas com abertura de vãos de verga recta moldurados a granito aparente, sobrepostos. Fachada lateral N., com janela rectangular na face da torre sineira, e porta de acesso à nave encimada por janelão. Volume adossado, correspondente a salas de arrumos e antiga sacristia, mais baixo com porta de acesso na extremidade e na face lateral cinco janelas, superiormente janelão. Fachada lateral S., rasgada por pequena janela quadrada na face da torre sineira, junto à cornija, porta de acesso à nave e superiormente dois janelões. Volume do cartório e secretaria, que se prolonga para além da fachada posterior, de três pisos, tendo no primeiro piso, na extremidade O., duas portas, uma delas junto ao ângulo da fachada com acesso por escada protegida por telheiro suportado por coluna. No segundo piso, janelas não coincidentes, sendo uma de sacada à face e outra de sacada com balcão rectangular sobre mísula, e no terceiro piso janela de peito e de sacada com balcão rectangular assente sobre mísula. Fachada lateral rasgada por janelas de sacada e ao centro porta de acesso. Fachada posterior, a E; a residência paroquial, sacristia e sala de arrumos., de volume central de três pisos, com varanda de ferro alpendrada no segundo piso. Volumes laterais de dois pisos, prolongando-se o volume N. para além do corpo da igreja, com escada de lanços convergentes em patamar intermédio comunicante a porta de acesso por escada de lanço único. INTERIOR: Paredes pintadas de castanho percorridas por embasamento de cantaria e no terço inferior por friso de estuque denticulado. Na nave, pavimento em madeira e marcação dos ângulos do octógono por pilastras colossais suportando entablamento sobrepujado por varandim de ferro, onde assenta a cobertura em abóbada de lunetas com penetrações em cantaria na continuidade das pilastras, com painéis de estuque formando cartelas com elementos decorativos dourados; no central duas cruzes pintadas, nos laterais o Sagrado Coração de Jesus e nos ângulos motivos fitomórficos. Sub-coro com pavimento em taburnos de madeira entre guias de granito e cobertura em abóbada de arestas; zona de acesso protegida por guarda-vento, com vitral italiano. Nas paredes laterais, dois vãos gradeados, confrontantes, de verga recta com moldura em cantaria, encimadas por sanefa em talha dourada, ladeadas por pia de água benta gomeada, de ângulo, assente sobre plinto. O do lado do Evangelho, de acesso ao baptistério, tem pia baptismal de mármore, com taça circular assente sobre coluna bojuda, ornamentada com motivos vegetalistas, e a do lado da Epístola ao coro-alto e à torre através de escada de pedra. Coro-alto sobre arco deprimido, abrindo para a nave por arco abatido, interrompendo o entablamento de suporte da abóboda, com balaustrada de madeira, pavimento de madeira e cobertura de abóbada. Possui órgão com caixa de madeira em branco, de corpo escalonado, com castelo ao centro rematado por cúpula e lateralmete dois nichos com remate em troféus musicais. No enfiamento do coro, vão da luneta com moldurada encimada por espaldar de estuque. Na nave, nos ângulos mais estreitos do octógno, abrem-se quatro capelas retabulares à face idênticas, dedicadas a Nossa Senhora de Fátima e a Nossa Senhora da Piedade, no lado do Evangelho, e a São Francisco Xavier e Nossa Senhora da Conceição, do lado da Epístola, encimadas por nichos, em arco de volta perfeita, moldurados e rematados em frontão triangular, com estatuária em gesso, respectivamente, representando as lado do Evangelho Santo André e São Tiago e as do lado da Epístola São Longuinhos e imagem não identificada. Nas paredes laterais, justaposição de elementos simétricos. Portas travessas de verga recta, encimadas por janelões de sacada protegido por balaustrada de madeira, assente sobre mísula e com vitral, ladeado por friso de estuque com laçaria de flores. Púlpitos com guarda de talha dourada, decorada com motivos fitómotficos, assente sobre mísula de cantaria, que se estende até ao embasamento, acedidos porta de verga recta encimado por sanefa. Sobre estes, painéis de estuque com florões, sobrepujados por duas grandes telas com moldura entalhada. Capelas retabulares à face, dedicadas à Senhora da Soledade com o Crucificado do lado do Evangelho e a do oposto ao Sagrado Coração de Jesus. Encimam-nas janelões com vitrais e lateralmente, portas de verga recta, a do lado do Evangelho de acesso a zona de arrumos e ao púlpito, e a do lado da Epístola de acesso ao púlpito. Arco triunfal em cantaria, de volta perfeita, com sanefa em talha dourada; vão da luneta com a imagem de Jesus Cristo. Capela-mor com pavimento em madeira e supedâneo em laje de cantaria com dois degraus de cantaria. Nas paredes laterais, justaposição de elementos simétricos, defenindo três registos: no primeiro, porta com moldura de granito encimada por sanefa, a do lado do Evangelho de acesso à antiga sacristia e a do lado oposto de acesso a zona de circulação comunicante com sacristia, secretaria e residência paroquial, cadeiral de madeira encimado por painel de estuque com a representação de anjos musicos e vão cego, *4, com moldura de granito e frontal e sanefa de talha dourada, no segundo, três nichos de volta perfeita, moldurados a estuque com motivos vegetalistas, e estatuária, os do lado do Evangelho representando o Apóstolo São Pedro, com as chaves, e os Evangelistas São Marcos, com a cabeça de leão aos pés, e São Mateus, com uma figura de criança e os do lado da Epístola, o Apóstolo São Paulo, com a espada, e os Evangelistas São Lucas, com a cabeça de touro aos pés, e São João, com a figura de águia aos pés, e superiormente, vão com vitral e frontal de talha dourada, moldurado por estuques, de acantos e albarradas, que se estendem na cornija de suporte da cobertura em gamela, de estuque *3, ornamentado com elementos vegetalistas, em médio relevo, e anjos, dourados, enquadrando cartelas com a representação também a dourado, do Agnos Dei, junto ao arco triunfal, de uma Fénix, no lado do Evangelho, de um Pelicano no lado da Epístola e da Arca da Aliança, junto à testeira; ao centro clarabóia vedada por vitral. Ao centro da capela, altar piramidal com frontal em talha. Retábulo-mor em talha dourada de planta recta de um eixo com ático rematado em arco pleno com cartela ao centro protegida por sanefa, ladeada por anjos de vulto, e prologamento dos motivos decorativos laterais. Corpo côncavo com definição de três eixos, marcados por colunas salomónicas com espiral fitómorfica no torço. Ao centro, tribuna moldurada com friso com espiral fitómorfica, e na zona superior dois anjos, e trono tapado por tela com a representação de Santo Ildefonso e superiormente Glória de Anjos segurando Custódia. Lateralmente, dois nichos com imaginária sobre mísulas que se prolongam até ao banco, protegidos por baldaquino e cortina. Banco e sotobanco formando corpo sólido, sustentando o corpo retabular. No banco, sacrário integrado na estrutura e no sotobanco rasgam-se, lateralmente, duas pequenas portas de acesso à tribuna. Retábulo com grande profusão de elementos decorativos, nomeadamente de motivos fitómorficos, volutas, grinaldas, festões, conchas, palmas, feixes de plumas e anjos de vulto numa talha bastante relevada. Antiga sacristia de planta rectangular com lavabo e imagem do crucificado em cantaria, e onde se encontra a primitiva sanefa do arco triunfal. Sacristia de planta rectangular com paredes pintadas de branco, pavimento em laje de cantaria e cobertura em tecto de madeira, em masseira, apainelado, com pintura no painel central. Na parede N. retábulo de talha, policromado, e na parede S. lavabo de cantaria rematado por cornija circular, ladeada por urnas e ao centro composição vegetalista, encimada por nicho rectângular com pelicano em talha dourada. Bicas inseridas em composição volutada, ladeada por pilastras recortadas. Taça rectangular bojuda e sob esta motivo de volutas. Na parede E. arcaz de madeira, e na parede O. mísula com imaginária.
Materiais
Estrutura de alvenaria de granito rebocada e pintada no exterior e interior; revestimento a azulejos na fachada principal e torres sineiras; cantaria de granito nos cruzeiros, embasamento, pilastras, molduras de vãos, entablamento, frontões, balautrada, lavabos, cruzes, obelisco e pias de água benta; laje de granito no pavimento; estuque na cobertura da nave, capela-mor, painéis das paredes laterais da nave e nichos da capela-mor; gesso na estatuária; madeira no pavimento, arcaz, sanefas, frontais, balaustrada do coro-alto e tecto da sacristia; talha dourada nos retábulos; madeira de castanho no órgão; ferro nas grades e portões do adro, varanda e portas; placa de bronze no obelisco; placa de lousa nas águas furtadas; telha na cobertura; vidro nos vitrais nos vãos da igreja; mármore na pia baptismal.
Observações
*1 - Há autores, que defendem que o obelisco, na sua primitiva localização, funcionaria como contraponto à Torre dos Clérigos (v. PT011312150003), pelo seu alinhamenmto com a mesma. Outros há, que o consideram um marco comemorativo da abertura da R. 31 de Janeiro; *2 - Os cruzeiros foram retiradas, no final do séc. 19, por ordem da Câmara Municipal do Porto, da colina do Bonjardim que pertenciam à Via Sacra; *3 - Inicialmente, teria tido um rico trabalho cromático a ouro puro, mais tarde coberto; *4 - onde primitivamente se encontrariam altares; *5 - Situava-se na actual Praça da Batalha, tendo sido demolida no início do séc. 20; *6 - o sub-coro correspondia ao adro da antiga Ermida de Santo Ildefonso.