Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Sé do Porto

Sé do Porto

O ponto de interesse Sé do Porto encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Cedofeita no municipio de Porto e no distrito de Porto.

Arquitetura religiosa românica, gótica, maneirista e barroca. Catedral de construção românico-gótica com igreja com planta em cruz latina, composta por três naves escalonadas de cinco tramos definidos por pilares cruciformes fasciculados, transepto saliente e cabeceira tripartida. Possui vários corpos adossados, formando a Casa do Cabido, sacristia, capelas várias, e dois claustros, o velho e o Gótico, quadrangular, de dois pisos, adossado a S.. A igreja tem coberturas interiores diferenciadas em abóbadas de ogiva, reforçadas exteriormente por arcobotantes, escassamente iluminada por frestas e rosácea de feição gótica, exceto na capela-mor, de estrutura maneirista com cobertura em caixotões pétreos, elemento que se repete na Capela de São Vicente; o transepto tem abóbadas de berço e, no cruzeiro, torre lanterna pouco elevada, com cobertura em abóbada polinervada.. Fachadas em cantaria de granito, rematadas por ameias ornamentais. Fachada principal harmónica composta por corpo central com portal maneirista, rematado por frontão e nicho barrocos, e por enorme rosácea. É flanqueada por torres sineiras rasgadas por frestas que permitem iluminar as escadas de acesso, com ventanas em arcos de volta perfeita, rematadas por balaustradas maneiristas e cobertura em cúpula. A fachada lateral N. possui porta travessa, antecedida por galilé maneirista e barroca. Possui batistério no lado do Evangelho, capelas no topo do transepto e a Capela do Santíssimo e de São Pedro nos primitivos absidíolos. Arco triunfal maneirista, de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e rematado por cornija e nicho, ladeado por capelas retabulares colaterais de talha dourada do estilo barroco nacional. Capela-mor com o cadeiral dos cónegos, órgãos barrocos e retábulo-mor de talha dourada do estilo barroco joanino. Claustro de dois pisos, o inferior com arcadas fechadas, a central de acesso à quadra, marcada por cruzeiro. As arcadas são múltiplas, assentes em colunelos geminados. Sacristia de feitura barroca com pinturas murais de quadraturas, um arcaz, armários, oratório e lavabo. A Casa do Cabido é barroca pela época de construção, todavia apresenta uma fachada ainda maneirista, pela adoção de escassos elementos decorativos centrados nos vãos, de que é exemplo o jogo de frontões curvos e triangulares; mas a adoção do esquema de tetos de caixotões em dois dos seus compartimentos - Sala Capitular e Antecabido -, e a utilização de materiais nobres como os mármores policromos conjugados com a lousa ou a adoção de elementos decorativos e mobiliário, numa conceção luxuosa, são uma característica do barroco, não só pela linguagem adotada, como também pela noção de "horror ao vazio" que criam. A Sé do Porto surge como um monumento experimental ao nível da adoção de uma série de elementos artísticos e estruturais inovadores que, ao serem adotados ao longo dos seus oito séculos de existência, vão ser exemplo para toda uma área de influência, cidade do Porto e Norte do País. Assim, a Sé foi um dos primeiros exemplos portugueses a empregar arcobotantes para sustento do peso da abóbada da nave central. A influência da região francesa do Limousin, que se manifestou no emprego muito particular na decoração dos vãos com toros diédricos e capitéis sem imposta, disseminou-se a partir deste monumento por toda a região da bacia do Douro. A linguagem do barroco joanino, com claras influências do barroco romano e dos esquemas propostos por Andrea Pozzo, e que foi introduzida na cidade do Porto com o retábulo-mor da Sé, inspirou e influenciou toda a região norte (FERREIRA-ALVES, N.M., 2001). A Sé do Porto surge, no panorama da História da Arte Portuguesa, como sendo um monumento construído seguramente na segunda metade do séc. 12. Deve-se a esta época a construção da sua primitiva cabeceira românica, desmantelada para ser substituída pela atual, maneirista. Esta cabeceira apresentava características muito particulares, normalmente adotadas nas igrejas de peregrinação: era composta pela capela-mor, rodeada de charola com três capelas radiantes, que seriam certamente poligonais, dedicadas à invocação do Salvador, São Jerónimo e Santa Margarida, e dois absidíolos poligonais, dos quais ainda subsiste um, ainda com vestígios da sua decoração original, a Capela de São Pedro, com arcada cega em pedraria. Sobre o deambulatório havia uma galeria coberta, que ajudava a sustentar o peso da alta abóbada da nave central, onde existia um órgão, à qual se acedia por escada em caracol, que segundo Domingos de Pinho Brandão ainda existe entaipada por detrás do Altar de Nossa Senhora da Silva. Deste deambulatório superior permanecem como vestígio os arcos entaipados que ladeiam o arco triunfal. A abóbada polinervada do cruzeiro que embora já seja coeva da arquitetura manuelina, não adota contudo a sua linguagem decorativa. No Claustro Velho e na Capela de São João Evangelista com as suas finas colunas que sustentavam a primitiva abóbada, surgem arcosólios quebrados, destacando-se o sarcófago com jacente de João Gordo em que se verifica ainda a adoção de elementos arquitetónicos góticos nas composições que decoram as faces do sarcófago como, por exemplo, na representação da "Última Ceia" em que cada uma das personagens ocupa uma edícula de um cadeiral gótico de espaldares trilobados. Há que destacar, ainda, a clara influência Coimbrã que se manifesta na traça e estruturas originais deste Monumento: o claustro gótico não só é o último da série iniciada pelo Claustro da Sé-Velha de Coimbra (MONTEIRO, M., 1954), como também as formas arquitetónicas da fachada principal da igreja foram na sua origem muito semelhantes às da Sé Velha, facto corroborado pela ligação de Mestre Soeiro Anes a ambas as fábricas arquitetónicas, apesar da fachada portuense ter sido concluída mais tardiamente, recebendo já influências góticas (REAL, 1984), de que é exemplo a rosácea. A Sé é ainda um exemplo elucidativo para a historiografia da arte portuense do constante debate em torno das atribuições de riscos a Nicolau Nasoni e a António Pereira - a autoria do risco da Galilé, da escada barroca que liga o Claustro Gótico ao Claustro Superior, com um jogo de escadas de lanços convergentes e divergentes, das portadas da Capela-mor ou das do Claustro são matéria para este debate devido à inexistência de provas documentais que comprovem a sua autoria. Muito embora se deva a Robert Smith a atribuição destes elementos a Nasoni, por analogia estilística, o avançar das investigações e a revelação de novos dados documentais que designam António Pereira de "arquiteto das obras da sé" têm vindo a pôr em causa esta teoria. Capela do Santíssimo Sacramento, capela-mor e sacristia do Cabido marcadas pelo recurso aos mármores policromos formando motivos geométricos e a linguagem decorativa da capela-mor com mármores policromos e pintura a têmpera nos paramentos, para além de elementos de talha e de mobiliário característico do barroco. Possui vários painéis de azulejo a azul e branco, joaninos, com cenas alegóricas, inspiradas nas gravuras de Cesar Ripa, e do Cântico dos Cânticos. Os elementos rococós identificáveis são poucos e encontram-se no retábulo da Capela de Nossa Senhora da Conceição onde são utilizados motivos decorativos flamejantes e concheados assimétricos. O mesmo acontece com os elementos neoclássicos que se limitam à mesa de altar com finos motivos florais e enrolamentos, conjugando o branco e o dourado, do retábulo da Capela de Nossa Senhora da Conceição.

Conjunto composto por igreja e claustro adossado ao lado direito, com IGREJA de planta em cruz latina de três naves com cinco tramos cada, transepto saliente e cabeceira tripartida constituída por capela-mor retangular profunda com capelas colaterais, a do lado do Evangelho, designada por capela do Santíssimo Sacramento de planta centrada trilobada, para a qual se abre a sacristia paroquial de planta retangular, e do lado oposto a capela de São Pedro de planta hexagonal; possui duas torres retangulares flanqueando a fachada principal, tendo, a N., uma galilé de cinco tramos. De volumes escalonados e coberturas diferenciadas em lajeado de uma água na galilé, duas águas nas naves, transepto e sacristia do Cabido, em telhados de duas águas na capela-mor e cruzeiro, este com torre, aberta em três faces por janelas termais em arco quebrado, sendo em domos bolbosos pétreos nas torres sineiras. Fachadas em cantaria de granito aparente, interrompidas por contrafortes escalonados e rematadas em cornijas e ameias piramidais decorativas. Fachada principal voltada a O. com corpo inscrito em amplo arco de volta perfeita apoiado em pilastras toscanas, com o intradorso ligeiramente côncavo decorado por mísulas, encimadas por motivos fitomórficos. Portal principal de verga reta ladeado por quatro colunas dóricas, grupadas em plintos galbados, suportando entablamento também dórico com métopas ornadas por motivos vegetalistas, sobre o qual se elevam fragmentos de frontão recortados, de volutas, encimado por par de urnas, interrompido por varandim balaustrado. Sobre o varandim, estrutura arquitetónica de planta côncava, com nicho central contendo a imagem de Nossa Senhora da Assunção, assente em base piramidal, enquadrado por quatro pilastras decoradas por folhagem e por duas colunas, rematada por cornija com urnas nos extremos. A encimar o portal, cartela recortada com inscrição. Sobrepuja este conjunto, rosácea radiante, com raios perlados, reunidos por arcos trilobados e com decoração fitomórfica. Torres sineiras rematadas por guarda balaustrada, com urnas sobre acrotérios nos ângulos, de dois registos, definidos por ressalto, sendo o primeiro do lado N. percorrido por três frisos de cantaria, e ambas rasgadas por seteiras; no topo, ventana em arco de volta perfeita, de molduras salientes. Fachada lateral esquerda, com notório escalonamento dos vários corpos, apresentando adossada à nave galilé, com pano lateral formando ângulo com a torre, rasgado por nicho com a imagem de granito de São João Nepomuceno. A galilé é aberta por cinco arcos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas, com guardas balaustradas, sendo os que ladeiam o arco central mais estreitos e ornados por volutas, sendo os cheios ritmados por pilastras toscanas decoradas por volutas nos ângulos superiores, existindo um vão no espaço entre as pilastras. Remata em entablamento, encimado ao centro por espaldar com cornija quebrada, interrompida por pináculo, ladeado por frontões curvos, interrompidos por pináculo piramidal volutado inferiormente, sobre acrotério. Junto aos extremos, a cornija do entablamento eleva-se em semicírculo, coroada por pináculo idêntico aos restantes. Interior com cobertura abobadada, rebocada e pintada de branco, demarcada por arcos torais em granito e pavimento em lajeado de granito, formando composições geométricas. Paredes ritmadas por pilastras toscanas, formando os tramos, sendo os vãos dos arcos revestidos com azulejos figurativos, azuis e brancos. A estes, adossam-se bancos de espaldar recortado, em granito, apresentando o do lado E., janela retangular gradeada. Sobre esta, o corpo da nave central mais elevado, que se liga à lateral por arcobotantes, tendo cada tramo rasgado por uma fresta com toros diédricos e capitéis sem imposta. Braço do transepto rematado em empena com cruz grega flor-de-lisada no vértice, com três registos marcados por frisos, possuindo no último fresta com toro diédrico e capitel sem imposta, ornado com motivos vegetalistas. Corpo da capela-mor com duas janelas retilíneas e pequena luneta. Tem adossado o corpo da sacristia paroquial com fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados e panos definidos por pilastras, e rematadas em cornija. Os panos são rasgados por dois registos de janelas retangulares gradeadas, as do primeiro, jacentes. Sobre esta, o corpo da Capela do Santíssimo Sacramento, rematado por cornija e coroado por lanternim. Fachada lateral direita com claustro adossado, sendo os corpos da nave e transepto idênticos aos da fachada oposta. INTERIOR com paredes em cantaria aparente e pavimento em laje de granito, ao qual se sobrepõe amplo estrado de madeira a partir do segundo tramo da nave central e no último tramo das naves laterais. Coberturas diferenciadas em abóbadas de berço ligeiramente quebrado, sustentadas por arcos torais lisos na nave central, assentes em colunas fasciculadas, que se unem aos pilares polístilos da arcaria quebrada que a separa das naves laterais, formando um núcleo cruciforme apoiados sobre grandes socos. Os arcos das abóbadas da nave lateral do lado do Evangelho são fasciculados, à exceção do que antecede o transepto, ornamentado com meias esferas. Os arcos da nave do lado da Epístola, são lisos e os dois mais próximos do transepto estão ornados com meias esferas. Os braços do transepto apresentam cobertura em abóbada de berço, também ligeiramente quebrado, sustentada por colunas embebidas na caixa muraria, e o cruzeiro é coberto por abóbada polinervada. As frestas são decoradas por toro diédrico e capitel sem imposta. Coro-alto assente em arco de volta perfeita suportado por colunas idênticas às da nave, totalmente ocupado por grande órgão de tubos. O portal está protegido por guarda-vento de madeira. Nas naves laterais, na parede fundeira, abrem-se portas de acesso às torres, ladeadas por pias de água benta, formadas por grande concha em mármore rosa, encimadas por decoração fitomórfica e sustentada por anjo em mármore negro, surgindo outras duas nas naves laterais, semelhantes. Em cada uma das naves, surge um confessionário em madeira. No primeiro tramo da nave do lado do Evangelho, batistério protegido por grade de ferro decorada por motivos fitomórficos. O interior tem as paredes revestidas a mármores policromo, com cobertura em falsa abóbada revestida a estuque policromo e pavimento em mármore rosa e branco formando motivos geométricos. Tem pia batismal em mármore rosa composta por pedestal de jaspe e mármore. Nos topos dos braços do transepto, as capelas de Nossa Senhora do Presépio (Evangelho) e de Santa Ana (Epístola); ambas estão enquadradas por composição pétrea, composta por arco de volta perfeita enquadrado por quatro pilastras, demarcadas no terço inferior, grupadas em plinto único decorado por cartelas, rematando em friso geométrico, cornija e um segundo friso decorado por óvulos e almofadados, nos extremos, encimados por pináculos piramidais com bola, encimado por tabela retangular vertical, rematando em frontão triangular interrompido, ladeado por aletas, contendo esculturas policromas, uma Santíssima Trindade horizontal na do lado do Evangelho, e uma Santa Ana, a Virgem e São Joaquim no lado oposto. Para o transepto abrem-se em arco de volta perfeita, as capelas colaterais, dedicadas ao Santíssimo Sacramento (Evangelho) e a São Pedro (Epístola). São enquadradas por estrutura de talha dourada, composta por quatro colunas demarcadas no terço inferior, decoradas por motivos fitomórficos, com capitéis coríntios, grupadas em plintos paralelepipédicos pétreos. As colunas e as pilastras são encimadas por fragmentos de entablamento, suportando frontalmente figuras encimadas por entablamento ritmado por modilhões que sustenta espaldar rendilhado, com par de plintos piramidais com bola, nos extremos e ao centro nicho com imagem do orago. No intradorso, decorado por ornatos de canais, pilastras a sustentar o arco. A Capela do Santíssimo Sacramento é protegida por grade de ferro ornada com motivos fitomórficos e tem as paredes em tons de verde são ornadas por estuque com finos motivos fitomórficos dourados e apresentam portas de comunicação com a sacristia paroquial; tem cobertura em cúpula de lanternim, ornada por pinturas e pavimento em mármore rosa, branco e negro compondo um grande motivo floral. A Capela de São Pedro está protegida por grade de comunhão de ferro, ornada com enrolamentos e motivos fitomórficos, tendo paredes laterais com arcada cega, em parte oculta pelo retábulo, tendo cobertura em abóbada de talha dourada, de quarto de esfera. Arco triunfal de volta perfeita assente em par de pilastras de capitel compósito dourado, emolduradas, com pintura policroma de motivos fitomórficos. A rematar o arco, sobre a pedra de fecho, as armas de D. Frei Gonçalo de Morais, sob entablamento, ritmado por mísulas, interrompido por edícula rematada por frontão, com imagem de Nossa Senhora da Assunção. Está ladeado por capelas retabulares colaterais dedicadas a Nossa Senhora de Vandoma (Evangelho) e a Nossa Senhora da Silva (Epístola). São inscritas em arco de volta perfeita, sobre pilastras compósitas, emolduradas no intradorso e encimadas por vãos cegos de volta perfeita que terão pertencido à abertura da primitiva charola. Capela-mor protegida por grade de comunhão em bronze, com paredes revestidas a mármores policromos, formando decoração geométrica, e pintura mural representando falsas arquiteturas, arabescos e diversos ornatos; tem cobertura em abóbada de berço com caixotões recorrendo a jogo de mármores policromos a preto, branco e rosa, conjugados com florões de talha dourada; o pavimento é em mármore rosa e branco, compondo motivos geométricos. É iluminada por janelões, apresentando os que se encontram junto à parede testeira, guarda em balaustrada. Sob estes, rasgam-se portas, a do lado do Evangelho, de acesso à Sacristia Paroquial e a do lado da Epístola à tribuna, encimadas por frontões invertidos ao centro do qual surge uma cartela em forma de coração rematado por uma concha. Adossado às paredes e confrontantes, o cadeiral de pau-preto, de três filas, encimado por órgãos. Apresenta supedâneo de granito com escadas centrais, sendo lateralmente protegido por guardas de bronze, tendo, nas faces do maciço, inscrições. Retábulo-mor assente em banco de cantaria, formando apainelados marmóreos, de talha dourada, de planta côncava e um eixo definido por cinco colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica, assentes em plintos paralelepipédicos ornados por elementos geométricos e fitomórficos. Às colunas adossam-se mísulas com imaginária. Ao centro, dois vãos sobrepostos, o inferior formando um nicho definido por pilastras, encimado por anjos e com falsos drapeados a abrir em boca de cena, contendo o sacrário; sobre este, a tribuna em arco de volta perfeita, com a representação da Santíssima Trindade e Nossa Senhora da Assunção. A estrutura remata em espaldar rematado por baldaquino ladeado por anjos atlantes e ornado por lambrequins. Altar paralelepipédico com banqueta de embutidos de mármore ornada de acantos. O CORPO ANEXO desenvolve-se no seguimento da fachada principal, composto pela Casa do Cabido, o claustro gótico com a capela de São Vicente, retangular, e a sactistia do cabido adossada lateralmente ao Claustro Velho, também conhecido por Cemitério do Bispo, de planta trapezoidal. De volumes escalonados com coberturas de três (Casa do Cabido) e quatro (Capela de São Vicente) águas. Tem fachadas rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por vãos de verga reta. CLAUSTRO GÓTICO de dois pisos, o primeiro formado por quatro galerias, de cinco tramos cada, marcados por contrafortes de esbarro, fechado por murete e com acessos centrais, sendo composto por arcaria de três arcos apontados, assentes em colunelos geminados, sobrepujados por espelho vazado por enorme óculo. No centro da quadra, cruzeiro em pedra, assente em plataforma octogonal de três degraus, onde assenta a base, a coluna facetada com peanha adossada, albergando a Virgem. É rematado por cruz florenciada, com Cristo na face frontal e Nossa Senhora da Piedade na posterior. As alas do claustro têm paredes revestidas a painéis de azulejos figurativos a azul e branco, com coberturas em abóbadas em cruzaria de ogiva, com arcos torais e formeiros sem cadeia que partem de colunelos embebidos na caixa murária e nos pilares da arcaria. Capitéis uniformes na repetição do modelo, finos e altos, com decoração vegetalista presa ao cesto e impostas altas e desproporcionadas relativamente aos pequenos arcos que aguentam. Para as alas abrem portas de acesso às várias dependências anexas e outras falsas, em que se destacam os jogos de frontões, os panejamentos com borlas, as urnas e os diamantes, e por três capelas dedicadas a Nossa Senhora da Expectação, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Esperança. São enquadradas por composições arquitetónicas de granito com duas pilastras a ladear o nicho em arco de volta perfeita e sobre este uma ampla composição de enrolamentos e motivos fitomórficos em torno de uma cartela circular central. Na ala N., no segundo tramo, arcada cega geminada com um capitel historiado com dois grifos e duas figuras humanas. Na ala S., a Capela de Nossa Senhora da Piedade, ou de Santa Catarina, a Escada Barroca e a Capela de São Vicente. Na ala E., a Sacristia do Cabido. O piso superior é protegido por gradeamento simples em ferro com acrotérios paralelepipédicos. As alas S. e O. estão ornamentadas com painéis de azulejo figurativo azul e branco. O CLAUSTRO VELHO tem acesso a partir da ala E. do claustro gótico, tendo, na ala O., o corpo da capela de Nossa Senhora da Piedade, uma porta de ferro de acesso ao terreiro exterior e corpo anexo ao Paço Episcopal. Nas alas E. e S., arcosólios apontados, com pilares de secção retangular. Arcos e impostas com ornamentação de meias esferas, lóbulos e entrelaçados. Mísulas entre os arcos, facetadas e, sobre estas, remate em friso de corda. Alguns elementos de origem arqueológica como túmulos antropomórficos ou capitéis. Na ala N., o acesso para o Antigo Tesouro. CASA DO CABIDO com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com elementos marcados a granito, cunhais apilastrados e remates em cornija sob beiral saliente, apresentando na fachada principal, modilhões. Fachada principal de dois panos, o esquerdo, alongado, precedido por comprido patamar em cantaria, com acesso nos extremos por escadas com arranque volutado, com três registos, e o do extremo direito, ligeiramente recuado, de dois registos, sendo o primeiro em cantaria de granito aparente. Pano alongado possuindo no primeiro registo, portas intercaladas por janelas gradeadas, encimadas por frontão triangular. A porta central é ladeada por pequenas janelas em quarto de círculo e rematada por frontão de volutas interrompido por nicho com a imagem de São Miguel. As dos extremos apresentam bandeira encimada por frontão curvo. Registos superiores rasgados regularmente por janelas, as do segundo, gradeadas e as do último, de sacada, com guarda de ferro, bandeira e remate em frontões triangulares e curvos alternados. Pano estreito rasgado por fresta no primeiro registo e no segundo por janela de sacada à face. Fachada lateral S. com primeiro registo, contrafortado e segundo com janela de sacada à face. INTERIOR rebocado e pintado de branco, exceto na Capela de São João Evangelista ou de João Gordo em cantaria aparente. Primeiro piso com dois compartimentos cobertos por abóbada de berço pintada de branco com arcos torais de pedra, de acesso à Capela hexagonal de João Gordo. Segundo piso com abóbadas de berço e de arestas pintadas a branco, apoiadas em arcos torais de pedra e pavimento de madeira. Museu do Tesouro com compartimentos contínuos com vitrinas com fundo forrado a veludo azul. No último piso, correspondente ao andar nobre, encontram-se o Antecabido, Sala Capitular e Cartório.

Materiais

Estrutura de granito aparente ou rebocada e pintada e de madeira em coberturas; granito do Porto (de duas micas, com predomínio da moscovite sobre a biotite, de grão médio, por vezes ligeiramente orientado); calcário de Portunhos no sarcófago com jacente de João Gordo; mármore em pavimentos, frontais de altar, paramentos, ornamentos de portadas, pia baptismal e pias de água benta, mesas e lavabos da Sacristia do Cabido; lousa em pavimento do claustro e portadas; bronze nas grades e baixo-relevo do baptistério e na grade da capela-mor; azulejos na Galilé, no claustro gótico, Capela de São Vicente, Antecabido, Sala Capitular e Cartório; madeira nos retábulos, mobiliário e imaginária; estuque trabalhado na Capela do Santíssimo Sacramento, sacristia paroquial e baptistério; telha estilo nacional nas coberturas do cruzeiro, Casa do Cabido, Capela de São Vicente e caixa da Escada Barroca; telha romana na capela-mor; vidro em janelas, capelas do Claustro Gótico.

Observações

*1 - a primitiva mesa da Sala do Capítulo encontra-se atualmente na Sala dos Brasões do Palácio Nacional de Sintra (v. PT031111110006). *2 - Sino Balão tem um diâmetro de 1,70cm, possivelmente patrocinado pelas ofertas a São João Nepomuceno, cuja figura aparece juntamente com a de São Miguel, símbolo do Cabido portuense. *3 - antes do início das intervenções da DGEMN existiam na Sé do Porto seis capelas embutidas nos paramentos das naves laterais dedicadas à Santíssima Trindade, a Santa Apolónia, a Santiago, à Sagrada Família, a Santa Luzia e a São Gonçalo. Estas capelas vieram substituir no século XVIII oito retábulos que estavam adossados aos pilares das naves, por se considerar que estes obstruíam a circulação na Igreja. Dos retábulos que estavam inscritos nos paramentos das naves laterais, apeados em 1934, foram cedidos quatro à Igreja do Santíssimo Sacramento (Porto), embora não fossem aí aplicados por se ter considerado que não se adequavam ao seu estilo arquitetónico. Atualmente encontra-se um deles na capela do Monte da Assunção (Santo Tirso) e outros dois na Igreja Paroquial de Santa Maria de Lamas (Santa Maria da Feira). É de salientar que ao longo das intervenções realizadas pela DGEMN se reflctiram dois modos diferentes de intervir no património edificado, mostrando uma passagem "do restauro à conservação" que se concretiza particularmente a partir de 1946, consequência da evolução dos conceitos, teorias e práticas então verificados (BOTELHO, M.L., 2004). Os dados relativos ao estado de conservação atual do Monumento, assim como aos das Intervenções realizadas desde 1987 e das que estão previstas, foram fornecidos pelo IPPAR - Direção Regional do Porto (Colheita de dados: 15 de Outubro de 2004).