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Igreja Paroquial do Lumiar

Igreja Paroquial do Lumiar

O ponto de interesse Igreja Paroquial do Lumiar encontra-se localizado na freguesia de Lumiar no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura religiosa, manuelina, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por três naves escalonadas de cinco tramos, com capela-mor mais estreita, com coberturas internas diferenciadas, de madeira em gamela nas naves e em falsa abóbada de berço na capela-mor, iluminada uniformemente por janelas em arcos de volta perfeita rasgadas nas fachadas laterais, correspondentes à nave central. Fachada principal de disposição tripartida, revelando o esquema interior de três naves, o central em empena tardo-barroca, de perfil contracurvado, rasgado por portal maneirista, de verga recta, flanqueado por colunas jónicas e encimado por nicho, formando o esquema de um remate em tabela, de inspiração na tratadística de Vignola, sobrepujado por janelão rectilíneo. No lado esquerdo, torre de três registos, rasgados por ventanas de volta perfeita e cobertura em coruchéu bolboso. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e rematadas em cornijas. Interior com as naves divididas por arco torais de volta perfeita, assentes em colunas de inspiração clássica, realizadas, certamente nos séc. 19 / 20, com capelas laterais adossadas e paredes revestidas a azulejo enxaquetado. Arco triunfal de volta perfeita, flanqueado por retábulos de talha dourada barrocos. Capela-mor percorrida por lambril de pedra e possuindo retábulo-mor de talha dourada maneirista, de tipologia por andares.

Planta longitudinal composta por corpo de três naves escalonadas e divididas em cinco tramos, capela-mor mais estreita, às quais se adossam torre sineira, baptistério e capela de Santa Brígida, a N., e, a S., sacristia rectangular e vários anexos, de volumes articulados e escalonados de massa horizontalista, interrompida pela verticalidade da torre, com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e três águas e coruchéu bolboso sobre a torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento saliente e pintado de cinza na fachada lateral esquerda, adaptando-se ao declive do terreno, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas em cornija, tudo pintado de amarelo. A fachada principal, virada a O., possui embasamento pouco saliente e reflecte a estrutura interna do imóvel, dividida em três panos escalonados, separados por pilastras encimadas por pináculos piramidais. O pano central remata em empena contracurvada, de inspiração borromínica, no vértice da qual surge cruz latina metálica no vértice, sobre plinto galbado, que parte das duas vertentes da empena. É rasgado por portal de verga recta, com moldura de cantaria, flanqueado por pilastras jónicas, que sustentam entablamento, sobre o qual corre friso e um nicho em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e flanqueado por pilastras toscanas, com a imagem do orago, flanqueado por aletas e pináculos, e rematado por frontão triangular interrompido por cruz latina. Sobre o portal, surge um janelão rectilíneo, protegido por grades metálicas. Os panos laterais são cegos rematados em meia-empena. No lado esquerdo, a torre sineira, em cantaria de calcário, evoluindo em três registos escalonados, o inferior rasgado por uma fresta, o intermédio cego e o superior, separado por cornija, com os ângulos facetados, rematados por fogaréus, e rasgado por arcos de volta perfeita em cada uma das faces. Fachada lateral esquerda, virada a N., rasgada, no corpo da nave central, por duas janelas em arco de volta perfeita; está marcada por uma sucessão de corpos adossados e escalonados, surgindo, da direita para a esquerda, o corpo do baptistério, rasgado por fresta rectilínea em capialço, seguindo-se um anexo mais baixo, com duas janelas rectangulares e portal em arco canopial, com moldura recortada e flanqueado por colunelos assentes em bases estreladas e com capitéis entrelaçados, com acesso por escadaria. Sucede-se o corpo da Capela de Santa Brígida, rematado em frontão triangular vazado por óculo, tendo o corpo rasgado por janela rectangular ladeada por nicho em arco de volta perfeita. Sobre o embasamento, surgem lápides de calcário vermelho, epigrafadas. A sacristia possui, na face E., porta de verga recta, com acesso por escadas de cantaria e guarda metálica e por janela rectilínea. A capela-mor é rasgada por janela rectilínea e o anexo posterior a esta possui janela semelhante, mas de menores dimensões, que se repete na fachada oposta. Fachada lateral direita, virada a S., rasgada por três janelas em arco de volta perfeita na nave central, tendo vários corpos adossados, escalonados, o do lado esquerdo bastante comprido e rasgado por três janelas rectilíneas jacentes, sucedendo-se um mais elevado com duas janelas rectilíneas e porta de verga recta e um terceiro, com dois pisos, cada um deles com uma janela rectilínea, a inferior parcialmente entaipada. A capela-mor tem janela rectilínea e dois corpos adossados, um bastante alto, com a face E. rasgada por quatro janelas de dimensões distintas, uma delas gradeada, e outro mais baixo com porta de verga recta e janela jacente. Fachada posterior em empena, rasgada por dois pequenos respiradouros horizontais. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de bege, percorrida por silhares de azulejo enxaquetado, verde e branco, envolvido por friso da mesma tonalidade, com pavimento em taco e coberturas individualizadas nas três naves, de madeira, em gamela. Possui as naves divididas por arcos formeiros de volta perfeita apoiados em colunas de fuste liso e capitéis de inspiração clássica, com volutas jónicas, algumas integrando pias de água benta, quadrilobadas, umas simples e outras gomadas. No lado do Evangelho, o baptistério com acesso por arco de volta perfeita em cantaria de calcários, de arestas biseladas e assente em impostas salientes, com cobertura em falsa abóbada de berço rebocada e pintada de bege e pavimento em cantaria. Ao centro, pia baptismal assente em coluna circular, contrafortada por pequenos plintos, tendo taça hexagonal, onde se inscreve a data "1542". Na parede do lado da Epístola, possui amplo painel de azulejo figurativo, em monocromia, azul sobre fundo branco, representando "São João Baptista a pregar", "A entrega da sua cabeça decepada" e "Festim de graças". A Capela de Santa Brígida possui acesso por amplo arco de volta perfeita, com moldura simples, boleada exteriormente, com pavimento em axadrezado de calcário e cobertura rebocada e pintada de branco, com porta de acesso no lado esquerdo, de arestas boleadas e envolvida por arco com moldura de cantaria, assente em colunas de fuste liso; no lado do Evangelho, possui painel de azulejo figurativo, em monocromia, azul sobre fundo branco, representando cenas da vida da Santa, surgindo, na parede testeira, em nicho de volta perfeita e pedra de fecho saliente, onde se visualizam arranques de uma primitiva abóbada e, no nicho, um painel com a imagem do orago. No lado da Epístola, capela adossada, dedicada a Nossa Senhora de Fátima, com acesso por dois degraus e arco de volta perfeita, com pedra de fecho saliente, assente em pilastras, flanqueado por uma segunda ordem de pilastras toscanas, que sustentam cornija; o interior tem as paredes rebocadas e pintadas de amarelo, com falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, onde se insere a estrutura retabular, em embutidos de calcário, de planta recta, com nicho em arco de volta perfeita e banco ornado por motivos fitomórficos, com altar paralelepipédico tripartido e com duas portas de verga recta nas paredes laterais. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, com plintos em calcário vermelho, e pedra de fecho saliente, do mesmo material, flanqueado por dois retábulos colaterais de talha dourada, dedicados a São João Baptista (Evangelho) e Santa Rita de Cássia (Epístola). Capela-mor rebocada e pintada de branco, percorrida por lambril de cantaria calcária (branco e vermelho), com pavimenro em cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço assente em cornija de cantaria, ornada por falsos caixotões de estuque pintados com uma "Glorificação do Santíssimo", um São João Baptista uma "Santíssima Trindade" e vários elementos em "grisaille". Sobre sotobanco de cantaria, retábulo de talha dourada de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas com o fuste torso e o terço inferior marcado por elementos fitomórficos, com capitéis coríntios e assentes em consolas; o eixo central possui ampla tribuna em arco de volta perfeita, com o interior revestido a caixotões, contendo trono expositivo de três degraus, onde surgem dois anjos tenentes, assente em alto banco ornado por motivos vegetalistas. Os eixos laterais possuem duas ordens de nichos em arcos de volta perfeita, abobadados, e rematados por friso de querubins e acantos, e cornija. Estes sustentam falso tímpano dividido em apainelados, com cartela no fecho; sobre o altar, sacrário circular, em forma de templete. No primeiro piso, uma antiga casa do despacho, com paredes rebocadas e pintadas debranco, percorrida por silhar de azulejo policromo, com friso de monocromia, azul sobre fundo branco, apresentando, "ferronerrie", elementos fitomórficos, concheados e vários geométricos, com o tecto revestido por tela alusiva ao triunfo da Igreja, com a inscrição "A Egreja Romana mandando perseguir os heresiarcas, em nome da Religião".

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; modinaturas, cunhais, cornijas, escadas, pavimento, embutidos, colunas, lambril da capela-mor, pias de água benta e baptismal, torre sineira em cantaria de calcário, silhares de azulejo tradicional; janelas com vidro simples, algumas protegidas por grades em ferro fundido; retábulos, pavimento, guarda-vento em madeira; cobertura exterior em telha cerâmica.

Observações

*1 - Santa Brígida foi martirizada pelos bárbaros a 1 de Fevereiro de 518; segundo a lenda, em 1293, D. Dinis tentou por duas vezes colocar o crânio de Santa Brígida, trazido da Irlanda por três "cavaleiros ibernios", no Mosteiro de Odivelas e nessas duas vezes o crânio foi visto milagrosamente à porta da Igreja de São João Baptista, onde finalmente foi depositado e guardado pelos três devotos até à sua morte; os cavaleiros encontram-se sepultados na mesma capela da santa, a que alude lápide epigrafada no exterior. *2 - a capela-mor era grande, bem proporcionada e com boa iluminação; dos lados tinha dois grandes quadros a óleo e "dois magníficos azulejos, talvez flamengos" com a Degolação e a Pregação de São João Baptista; tinha retábulo em talha dourada com tela onde o santo padroeiro acariciava a ovelha e pintura de tecto; sobre o altar-mor tinha imagens de São João e de São Pedro e, aos pés da primeira, a cabeça de São João em prata oferecida pela Duquesa de Palmela, D. Maria Luísa; tinha dois altares colaterais, de Nossa Senhora do Rosário (lado do Evangelho) e de Nossa Senhora das Dores e ao Santo Crucifixo (lado da Epístola); na nave esquerda, dita de Jesus, existia a capela de Nossa Senhora da Conceição e, em frente, na nave do Rosário, a capela de Santa Brígida; na parte superior da nave central viam-se dez quadros ricamente emoldurados em talha dourada e azul com os paços da vida do orago; o púlpito de mármore encontrava-se junto à terceira coluna do lado esquerdo da nave central, a contar do altar-mor; o tecto da nave central era de madeira pintada e estava em avançado estado de degradação devido à infiltração de água e foi descrito por Júlio de Castilho "(...) ergue-se em volta lá no alto uma balaustrada em perspectiva, figurando terminarem aí as paredes; essa balaustrada é intervalada de acrotérios, com grandes vasos cheios de bonitas flores. Além da balaustrada, assim rota, projectava-se o azul do firmamento. Nesse azul vigoroso esvoaçavam entre nuvens vários grupos. Começando do Nascente, isto é do cruzeiro, vê-se a Santa Sé, majestosa figura de mulher coroada da Tiara pontifícia; segura no braço direito um livro, e no esquerdo a Cruz tríplice. A esta figura segue a Fé, mulher com um cálix na mão direita e a Cruz na esquerda. Adiante a Esperança com sua Âncora salvadora. Adiante, enfim, última para o lado do coro, a Caridade amparando no regaço três criancinhas. No céu, aqui e ali, esvoaçavam Anjos" (AAVV, 2003); existiam dois coros, um maior e mais alto e o outro mais pequeno que comunicava com o primeiro através de degraus onde se encontrava o órgão.