Arquitectura religiosa, tardo-barroca. Igreja conventual, de que não subsiste a zona regral, constituindo-se de planta longitudinal composta por nave, antecedida por pequena galilé, com capelas laterais e capela-mor mais estreita, tendo a sacristia adossada ao lado direito, com coberturas interiores em tectos planos pintados e escassamente iluminada pelas janelas que surgem rasgadas nas fachada laterais, ao nível superior. Fachada harmónica, com a zona central bastante elevada, com os vãos rasgados em eixo composto pela janela da galilé e pelo janelão do coro-alto, rematando em frontão contracurvo, de inspiração borromínica. Possui o acesso pelas zonas laterais, formando uma escadaria, que acede a patamar e ao portal axial, bastante elevado, de verga recta e moldura recortada. O interior tem coro-alto com guarda balaustrada e acesso pelas alas laterais, através do corredor que percorre o corpo da nave, aberto para ela através de tribunas, com guardas vazadas. Possui capelas laterais à face, excepto as últimas, com retábulos simples, seguindo o esquema pombalino dos painéis pintados, envolvidos por molduras recortadas e acantos. As paredes laterais formam apainelados divididos por duas ordens de pilastras toscanas, as inferiores colossais, e o arco triunfal é de volta perfeita, assente em pilastras da mesma ordem, mas de fustes almofadados. Confrontantes, surgem dois púlpitos quadrangulares, assentes em bacia de cantaria e em mísula em forma de flor. Capela-mor com tribunas e retábulo de planta côncava e um eixo definido por colunas de fuste liso e capitéis coríntios, tendo tribuna central com trono expositivo. A sacristia possui dois arcazes de pau-preto, encimados por espaldar simples, um oratório e lavabo bastante elaborado, vivendo de concheados e delfins. Na capela-mor, no lado do Evangelho, o túmulo da rainha consorte D. Mariana Vitória, em forma de sarcófago, de mármore negro, assente sobre leões e encimado por fragmentos de frontão, encimados por anjos, que constituem a marca do seu escultor, a escola de Machado de Castro. Igreja conventual, bastante elaborada, executada sob a protecção régia e ostentando os melhores materiais e obras dos melhores artistas do período, seguindo, contudo, alguns elementos de contenção visíveis na arquitectura religiosa pombalina, nomeadamente no esquema do tratamento do interior. A fachada é elaborada, harmónica, com elementos influenciados pela porta do Colégio Romano, de Francesco Borromini, possuindo os acesso pela base das torres, rematadas em coruchéus bolbosos, vazados por olhos de boi, que dá lugar a escadaria ornada por nichos de volta perfeita, rematados por cornijas. No interior, destaca-se o coro-alto, assente em maciço de apainelados de cantaria, com guarda balaustrada, bem como a solução do acesso ao mesmo, através de um corredor que atravessa ambos os lados da nave, num esquema muito comum no período maneirista, revelando um anacronismo programático; estes acedem aos púlpitos, muito simples, de madeira em branco. O tecto da nave ostenta pintura religiosa, alusiva a São Miguel, rodeado de várias alegorias, inspiradas no livro de Cesar Ripa, pontuado por elementos entalhados, tal como acontece no da capela-mor, onde interviu a melhor escola de talha, a de Queluz, através de Silvestre Faria Lobo. Duas das capelas laterais são profundas, com cobertura em abóbada de caixotões, ornados por florões, sendo a do Evangelho mais profunda, possuindo uma zona elíptica, com cobertura em cúpula, ornada por elementos fitomórficos. A sacristia é ampla, com duplo arcaz, oratório isento e um magnífico lavabo, com recipiente, remate e taça em concheado.
Planta longitudinal composta por nave única com capelas laterais, as últimas mais profundas, dando origem a um falso transepto, antecedida por galilé fechada, tendo capela-mor mais estreita e sacristia adossada ao lado direito, ondesurgem alguns anexos, transformados em dependências paroquiais, com volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachada principal virada a S., integralmente revestida a cantaria, dividida em três panos, separados por pilastras toscanas colossais, constituindo-se os laterais como bases do lançamento das duas torres sineiras. O pano central é rasgado por pequeno vão em arco abatido e moldura recortada saliente, protegido por grades de ferro, de acesso à capela mortuária, encimado por enorme janelão que ilumina a galilé, flanqueado por pilastras dóricas dispostas em ângulo, que sustentam entablamento e frontão sem retorno, de perfil contracurvo, tendo no tímpano um enorme resplendor e, ao centro, a inscrição "CHARITAS"; o janelão é protegido por guarda balaustrada em cantaria. Sobre este, uma cornija permite o arranque de uma janela em arco de volta perfeita, que ilumina o coro-alto, envolvido por arquivolta com a mesma forma, sustentada por pilastras, que se prolongam, envolvendo também o janelão. Sobre o arco, as armas da rainha D. Mariana Vitória, bipartidas, com o escudo português e o dos Bourbon, envolvido por cartela concheada e encimado por coroa fechada. Este pano central é rematado por frontão contracurvo, encimado por cruz latina, rasgado por quadrifólio. Os panos laterais são rasgados por arcos de volta perfeita, com pedra de fecho saliente, por onde se acede ao templo; são encimados por almofada recortada e por dois nichos em arco de volta perfeita, flanqueado por pilastras toscanas de fuste almofadado, com fecho formado por consola e remate em cornija contracurva, possuindo varandim pleno, mas almofadado. Sobre o entablamento do remate, evoluem as sineiras, de secção quadrada, apresentando ventanas em arcos de volta perfeita, assentes em impostas salientes, flanqueadas por pilastras toscanas, as dos cunhais em chanfro, que sustentam fogaréus e frontão contracurvo, com o tímpano ornado por folhagem; são cobertas por coruchéus bolbosos vazados por olhos de boi e encimado por esfera, estrela e cruz. Os vãos laterais dão acesso a escadaria de quatro lanços convergentes, com coberturas em abóbadas de arestas, possuindo, de cada lado, dois nichos em arco de volta perfeita, com fecho saliente e moldura recortada, com volutas e pingentes na zona superior, rematando em frontões triangulares, contendo elemento vegetalista. No patamar superior, com cobertura em abóbada de berço com caixotões de pedra, surge a porta de acesso ao templo, em arco abatido e moldura recortada, rematando em cornija, que assenta, lateralmente, em consolas ornadas por motivos vegetalistas. Fachadas laterais adossadas a casas de habitação, mas elevando-se acima delas, permitindo rasgar três janelas de cada lado, que iluminam o espaço interno. Fachada posterior rebocada, flanqueada por cunhais de cantaria e rematada por friso e cornija, de onde parte o remate, que revela o carácter tripartido da fachada, com a zona central mais alta, rematando em empena, no topo da qual se rasga janela rectilínea, com moldura simples de cantaria e protegida por grades. É rasgada, no lado esquerdo, por porta de verga recta, de acesso à zona paroquial, encimada por bandeira ampla, a que se sucedem três janelas, todas com molduras de cantaria recortada e rematada em ângulo; na base das janelas, surgem três janelas jacentes com molduras de cantaria e protegidas por grades de ferro. Na fachada, surge um registo de azulejo monocromo, a representar a figura de São Francisco de Paula, com inscrição identificadora. INTERIOR com as paredes em calcário branco e vermelho, formando quatro tramos, o primeiro composto pelo coro-alto, definidos por pares de duas ordens de pilastras toscanas, com pavimento em lajeado de granito e cobertura plana, pintada e com elementos vegetalistas dourados, ostentando, ao centro, painel a representar São Miguel a entregar a divisa Charitas ao santo, rodeado de pequenas telas a representar, no lado do Evangelho, o Jejum e a Pobreza, surgindo, no oposto, a Obediência e a Castidade; nos topos, a Humildade e a Caridade; é sustentado por mísulas de talha pintada e dourada, que assentam nas pilastras. Portal protegido por guarda-vento de madeira encerada, ladeado pela mole do coro-alto, sobre apainelados de cantaria, surgindo, em dois deles, as pias de água benta, concheadas; é de perfil curvo na zona central, assentando em mísulas e pilastras de ângulo, possuindo guarda balaustrada de cantaria. Tem acesso por ambos os lados, através de portas de verga recta, com molduras recortadas e frontão triangular sem retorno, dando origem a pequenos pingentes. Cada um dos lado possui duas capelas à face, inseridas em nichos pouco profundos, em arcos de volta perfeita, encimados por cornija e tribuna, que percorre todo o espaço, com guardas de cantaria vazada, sobre a qual corre nova cornija e as pequenas janelas que iluminam o espaço. As capelas são dedicadas, no lado do Evangelho, a Santo António e à Sagrada Família, surgindo, no lado oposto, São Miguel e a Assunção da Virgem. Sucedem-se duas capelas mais profundas, a do Evangelho dedicada à Adoração dos Pastores e a oposta a Nossa Senhora da Conceição, ambas protegidas por teia balaustrada, em cantaria, bastante saliente. Entre as anteriores e estas, surgem, confrontantes, púlpitos quadrangulares, com bacia de cantaria, sustentada por mísula em forma de concha, com guarda plena de madeira encerada, ostentando almofadas com elementos fitomórficos, tendo acesso pela espessura do muro, através de porta de verga recta simples. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas de fustes almofadados, assentes em plintos paralelepipédicos ornados por almofadados em losango, ladeados por apainelados geométricos de várias tonalidades. Um pequeno degrau dá acesso à capela-mor, com pavimento em lajeado de calcário e cobertura em cruzaria de aresta, com espagnolettes e, no fecho, um triângulo, tendo em cada um dos panos, uma moldura oval, envolvida por talha, com telas alusivas à vida do Fundador, tendo pavimento em calcário, formando elementos geométricos. Possui em cada um dos lados, duas portas em arco abatido, com moldura dupla e estriada, encimada por frontão triangular sem retorno, ornado por elementos vegetais. Sobre estas, tribunas rectilíneas, com guarda vazadas por motivos geométricos e assentes em seis consolas. No lado do Evangelho, entre as portas, um nicho em arco de volta perfeita e moldura de cantaria, onde se integra o TÚMULO *2 de D. Mariana Vitória, constituído por arca de mármore negro, de forma bojuda, assente sobre um par de leões deitados (em mármore branco), rematada por fragmentos de cornija, onde se sentam dois pequenos anjos em mármore branco, ladeando uma peanha que suporta uma coroa. Na parte da frente da arca é visível uma cartela em bronze, recortada, com o epítafio da rainha, cuja legenda é a seguinte: " D. M. / D. MARIANNA VICTOREA CATHOLICORUM REGUM FILIA, / PORTUGALLIAE REGINA FIDELISSIMA. JOSEPHI I. FIDELISSIMI REGIS CONJUX; / CUI SUPERVIXIT ANNOS CIRCHER QUATUOR; DIEM CLAUSIT EXTREMUM / XVIII. KAL. FEBRUARII ANNI MDCCLXXXI AETATIS SUAE ANNO LXIII. / EJUS CORPUS IN HOC TEMPLO. IPSIUS EXPENSIS, ET PIETATE FUNDATO, / HIC DEPONI FECIT FILIA SUA D. MARIA I. REGINA FIDELISSIMA. / ANIMAM VERO, CHRISTIANIS VIRTUTIBUS ORNATAM, / PIE CREDITUR CUM CHRISTO REGINARE IN COELO; / ET IN PACE DOMINI REQUIESCERE. AMEN". No lado oposto, surge um pequeno painel com mísula para imaginária. Na parede testeira, o retábulo-mor em cantaria de calcário, de planta côncava e um eixo definido por quatro colunas de fuste liso e capitéis coríntios, assentes em altos plintos paralelepipédicos, almofadados, as quais sustentam entablamento e frontão interrompido. Ao centro, tribuna de perfil curvo, contendo trono expositivo. Altar paralelepipédico, com o frontal ornado por resplendores, encimado por sacrário em forma de templete. com a porta decorada por custódia e encimado por baldaquino. No lado da Epístola, um corredor, que dá acesso às dependências paroquiais e à sacristia, com pavimento com losango preto e branco e cobertura plana, decorada com painel central, onde surgem várias insígnias religiosas (tocheiros, ostensório, turíbulo, patena, galhetas, umbela), rodeado por painéis recortados formando florões. Junto à porta de entrada, possui, inserido em nicho de volta perfeita, com fecho saliente e sublinhado por uma cornija angular, o lavabo, composto por pé cilíndrico, onde assenta a taça em forma de concha, de onde parte uma estrutura em vaso, a que se adossam dois delfins, servindo de bicas, criando o reservatório, rematado por concha assimétrica. Em cada um dos lados dois arcazes simples, em pau-preto, com o espaldar rectilíneo, dividido por estípides. No topo, um oratório em cantaria, d planta recta e um eixo, definido por duas pilastras e orelhas volutadas, que rematam em friso de acantos e em cornija contracurva, de inspiração borromínica, que centram um painel pintado servindo de fundo ao Crucificado, encimado por querubim
Materiais
Estrutura em cantaria e alvenaria de calcário, rebocada e pintada; modinaturas, escadas, pavimentos, guardas, pináculos, coruchéus das torres, retábulos, altares, pias de água benta, lavabo da sacristia em cantaria de calcário, de várias tonalidades; túmulo em mármore; coro-alto, portas, púlpitos, retábulos em madeira pintada e dourada; guardas, grades e portões em ferro forjado; janelas com vidro simples, telhados com telha.
Observações
*1 - DOF: Igreja de São Francisco de Paula e Túmulo de D. Mariana Vitória; Zona Especial de Proteção Conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga (v. PT031106370084) e edifícios classificados na zona envolvente. *2 - existência de um túmulo no Panteão dos Bragança, com o nome de D. Mariana Vitória, constituindo um simples cenotáfio. *3 - no inventário, vem referido o painel da capela-mor, rodeada por São Francisco de Paula, de roca, e um castiçal de madeira; na banqueta, seis castiçais de talha dourada e um sacrário de talha. Na Capela de São José, dois nichos com as imagens do Beato Gaspar e Beato Nicolau; na sacristia, a ladear o Crucificado do altar, a imagem de Nossa Senhora da Conceição e Santa Rosa, surgindo, no lado oposto, Santo António e Santa Catarina; o Crucificado era de marfim; no lado do evangelho, um nicho com Nossa Senhora da consolação, de vestir e, no oposto, um São Miguel. Painéis pintados com a Apresentação d Anunciação; o retrato de D. José e D,. Mariana Vitória; um de Nossa Senhora com o Menino e São João Baptista e um São Francisco de Paula; uma imagem de roca do mesmo; Casa do lavatório, imediata à sacristia; objectos preciosos - uma custódia de prata lvrada e dourada, uma píxide grande do mesm tipo, uma mais pequena de prata; 2 cálices de prata lavrada, um outro de prata lavrada, um de prata e pé de estanho, 7 patenas, 6 colheres, um turíbulo de prata, uma naveta de prata, um resplendor de prata dourada, dois pequenos também de prata, uma lâmpada de prata e quatro mais pequenas, um coroa de prata, 6 pequenas, um globo de prata, um bordão de prata do São Francisco de Paula e um Santo Cristo todo em prata.