Espaço verde de recreio: jardim modernista, evidenciando preocupações ecológicas expressas na escolha de vegetação climax e pela preocupação no conforto do peão, não só em relação às usufruição das vistas como também ao isolamento acústico do local conferido pela vegetação cerrada, aberta pontualmente para permitir a usufruição de vistas de forma "casual e episódica" por frestas, consoante o movimento da deslocação pelo percurso pedonal, ao descer a encosta, negando uma relação formal entre a Ermida e a Torre de Belém que não deverá assim ser revelada num só olhar, a partir da plataforma da capela.
Este jardim desenvolve-se a partir do adro da capela, que constitui um miradouro, pelo sistema de vistas privilegiado que oferece sobre a Torre de Belém e a foz do Rio Tejo. Frente à torre, de S. a poente, ocupando um planalto um pouco inclinado para poente, situa-se um grande relvado de planta em U delimitado por caminho. Este relvado, cerca de 1 m. abaixo da cota do adro da capela e separado deste por pequeno muro de suporte em pedra, encontra-se envolto, com exceção da frente virada para a capela, por mata implantada em patamares, descendo pela encosta até à Rua de Alcolena. Nota-se a preocupação na distribuição da vegetação, estrategicamente colocada de forma deixar vistas abertas, privilegiando assim as visadas sobre o estuário do rio e a ligação visual à Torre de Belém *1, sendo esta formalizada através de um eixo inscrito no terreno pela Avenida da Torre de Belém. Enquanto que na vertente nascente predomina o olival (Oles europaea var. europaea), com a introdução de algumas árvores como os ciprestes (Cupressus sempervirens), o cedro-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), o cedro-do-Líbano (Cedrus libani) e o pinheiro manso (Pinus pinea), na vertente poente predomina a mata onde as querquecíferas são as mais representadas. Uma escadaria em pedra com vários lances, liga a ermida ao primeiro arruamento existente abaixo deste talude arborizado, a Avenida do Restelo. O eixo visual Capela de São Jerónimo - Torre de Belém, materializado na Avenida da Torre de Belém, torna-se ainda mais evidente a partir de maio e até ao verão, pela forte cor das flores das suas árvores, definindo um traço lilás até quase ao azul do rio.
Materiais
INERTES: Cantaria calcária (fachada O. e interior); alvenaria rebocada (fachadas laterais e posterior); azulejos (altar-mor) degraus em calcário.VEGETAl e : oliveira (Oles europaea var. europaea), cipreste (Cupressus sempervirens), o cedro-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), o cedro-do-Líbano (Cedrus libani), o pinheiro manso (Pinus pinea), o zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris).
Observações
*2 - "Quando Ribeiro Telles inicia o projecto em 1956, a colina da ermida de São Jerónimo era uma paisagem fustigada pelo vento, sem qualquer tipo de vegetação. Em redor da Ermida as vistas eram completamente abertas.". *3 - "Na fase inicial do Plano a Avenida da Torre de Belém prolongava o seu eixo viário até à ermida de São Jerónimo. A estrutura viária ignorava a topografia da encosta. A possibilidade de criar uma área de protecção para a Ermida ficava praticamente anulada. Quando Ribeiro Telles inicia oestudo fica claro que o processo de abortagem tinha de ser alterado. A ermida teria de garantir uma área de protecção que permitisse manter as características naturais do lugar.". 4 - "Para quem sobe a Av. De Belém, cria-se a ilusão de que Monsanto chegou ao cimo da encosta. De longe a colina de São Jerónimo é uma unidade de declive constante e não se adivinham as variações da topografia no seu interior pois uma vez ali somos surpreendidos pela articulação subtil entre três plataformas.