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Igreja Paroquial de Almacave

Igreja Paroquial de Almacave

O ponto de interesse Igreja Paroquial de Almacave encontra-se localizado na freguesia de Lamego (Almacave e Sé) no municipio de Lamego e no distrito de Viseu.

Igreja paroquial de fundação românica, muito adulterada nos períodos subsequentes É de planta retangular composta por nave, capela-mor mais estreita torre sineira de planta quadrada adossada à fachada lateral direita, capelas laterais e várias dependências, constituindo um grupo de volumes escalonados; coberturas interiores diferenciadas, em falsas abóbadas de berço de madeira, sendo iluminada uniformemente por janelas em capialço na capela-mor e janelas rectilíneas na nave. Fachada principal em empena, com portal românico, escavado, de arco apontado e dois pórticos laterais, o S. com elementos igualmente românicos, com cruz vazada no tímpano. Seguem esquema semelhante ao de São Martinho de Mouros (v. PT011813140002). Fachadas laterais com cachorrada desadornada no volume da nave e, nos dos anexos e capela-mor, com cunhais apilastrados e remates em friso e cornija. Interior com coro-alto, púlpito no lado da Epístola e retábulos de talha dourada maneirista, nacional e joanina, com silhares de azulejo padrão seiscentista. Tem capela lateral, dedicada ao Santíssimo, formando corpo saliente, com cobertura octogonal interna e a quatro águas externamente. Existência de órgão no coro-alto. Os silhares de azulejo apresentam três padronagens diferentes. Aproveitamento, nos panos murários, de pedras decoradas mais antigas, de que se destacam estelas epigráficas romanas. Os retábulos laterais, são de inspiração nacional, sendo os colaterais maneiristas, com remate em tabel, reflectindo as influências da tratadística de Vignola, sendo o mor joanino, se bem que muito afectado pelo incêndio do séc. 20.

Planta poligonal, composta por nave, capela-mor mais estreita, sacristia, capela, anexos e torre sineira adossados a ambas as fachadas laterais, de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas. Fachadas da nave em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, sendo as da capela-mor e anexos rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento em cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, encimados por pináculos, rematadas em friso e cornija; no corpo da nave, existência de cachorrada sem decoração. Fachada principal voltada a O., em empena alteada relativamente à cornija, com remate em estrela de cinco pontas inserida num círculo *1, rasgada por portal em arco apontado, composto por quatro arquivoltas sem decoração, assentes em oito colunelos, o terceiro par facetado, rematados por capitéis com decoração fitomórfica e antropomórfica, encimados por impostas decoradas, tendo, sobre a arquivolta superior, uma moldura decorada com enxaquetado; o portal é encimado por quatro mísulas e janela rectangular. No lado direito, torre sineira de três registos, divididos por cornija, os inferiores cegos, excepto a face S. com janelas rectilíneas, surgindo, no superior, duas sineiras de volta perfeita em cada face, com seis sinos e duas sinetas, surgindo porta de acesso na face posterior da torre. Fachada lateral esquerda, virada a N., tendo, na nave, dois contrafortes, portal em arco abatido e duas janelas rectangulares de diferentes tamanhos, em plano superior; o corpo da capela lateral tem dois registos, definidos por friso e cornija, o superior mais estreito e rasgado por duas janelas, nas faces laterais; o anexo é de dois pisos, rasgado por porta em arco abatido, encimado por cornija, ladeada por dois óculos, surgindo, no superior, duas janelas em arco abatido e com cornija; a capela-mor possui duas janelas rectilíneas, em capialço. Fachada lateral direita, virada a S., tem, no corpo da nave, um contraforte e é rasgada por porta de duas arquivoltas em arco ligeiramente apontado, assentes em impostas lisas e tímpano com cruz vazada, tendo, sobre a arquivolta superior, friso de enxaquetado *2; é encimado por janela rectilínea em capialço; o anexo é de dois pisos, com duas janelas em arco abatido e cornija em cada um deles, surgindo, na face O., porta também em arco abatido e com cornija; o corpo da sacristia possui amplo janelão de arco abatido e moldura simples, surgindo outro no corpo da capela-mor, rectilíneo. Fachada posterior em empena com cruz no vértice, possuindo nicho com a imagem de Nossa Senhora da Encarnação. INTERIOR rebocado e pintado de branco, excepto a zona do coro-alto, percorrido por azulejo de padrão policromo, formando silhar, sob o coro-alto e no lado do Evangelho até à Capela do Santíssimo com o padrão de maçaroca e no resto da nave de laçarias e rosas; cobertura em falsa abóbada de berço de madeira em caixotões, assente em cornija do mesmo material e com tirantes metálicos. Coro-alto apoiado em arco abatido, com guarda balaustrada e acesso por porta no lado da Epístola, onde se implanta um órgão de armário com as ilhargas rematadas por liras. Do lado do Evangelho, pia baptismal com taça octogonal e mísula com grupo escultórico representando o Baptismo de Cristo. Capela lateral dedicada ao Santíssimo Sacramento, com acesso por arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas e protegido por grade de ferro, decorada com motivos fitomórficos e tímpano com dois anjos a rodear uma custódia; tem cobertura octogonal e retábulo de talha dourada. Do lado da Epístola, púlpito quadrangular assente sobre mísula de cantaria, com guarda de madeira torneada, sucedendo-se retábulo lateral em talha dourada coroado com sanefa, dedicado a Santa Catarina *3. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ladeado por retábulos colaterais em talha dourada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora da Graça. Capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira pintada de branco, sobre cornija pintada de castanho *4, tendo porta de acesso a divisões e duas janelas fronteiras com guarda de madeira balaustrada *5. Sobre supedâneo de cantaria com escadas centrais, o retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava, com três eixos, divididos por colunas torsas assentes sobre duas ordens de plintos, os superiores galbados e o inferiores paralelepipédicos; a zona central desapareceu no incêndio, mantendo-se o trono expositivo, bastante danificado, surgindo, nos eixos laterais, mísulas protegidas por sanefa e drapeados abertos em boca de cena, rematados por apainelados circunscritos por pilastras *6. Sacristia com arcaz de madeira e oratório com o Crucificado, tendo, no tecto, as armas de D. António Freire Gameiro de Sousa.

Materiais

Granito, reboco, azulejos, madeira.

Observações

*1 - trata-se da réplica da cruz primitiva, guardada no Museu de Lamego. *2 - este era em arco abatido e possuía um alpendre, com varanda superior, a denominada Varanda dos Beneficiados, que ligava a casa do despacho da Irmandade das Almas ao coro-alto; na sequência das obras da DGEMN, foram encontrados vestígios do primitivo pórtico, o que permitiu a sua reconstituição. *3 - o actual retábulo é proveniente de local desconhecido. *4 - nesta, surgiam pintadas as armas de D. António Freire Gameiro de Sousa, deão de Lamego em 1769 e bispo de Aveiro. *5 - possuíam sanefa em talha dourada, desaparecidos na sequência do incêndio. *6 - o remate central consistia em frontão interrompido, com dois anjos de vulto e baldaquino com lambrequins. *7 - no contrato consta: "Primeiramente, se dará mais um palmo de largo à dita obra do que manda a planta, que são quinze com mais um que são dezasseis, será a dita obra metida em um arco de pedra o que pertence aos pés direitos das colunas para dentro, que é o possível, e os pilares dos santos e os pedrastais e colunas serão assentes à face da parede por fora do arco, e assim continuará por todo o seu remate, com as elevações e "abuamentos" necessários; far-seá mais no dito retábulo um sacrário, para o que será o ante-banco de bojo para fora, para melhor se formar a tarja em correspondência da mais obra, em termos que não fique defeituoso, será feito este sacrário com as alturas que o sítio o permitir, para melhor desafogo da porta, a qual será bem feita e terá um cordeiro deitado sobre um livro; far-se-á mais uma banqueta de seis castiçais e uma cruz para os mesmos, os quais serão bem feitos de talha e bom aparelho, e serão feitos pelos da igreja de Cambres, e se lhe meterá mais alguma talha onde puder ser, terão de alto quatro palmos, com mecheiros, a cruz na sua medida; far-seá mais duas peanhas para o lugar dos santos, na forma que se acham riscadas em seu lugar, que é um risco à parte, em que se acrescentaram as ditas peanhas, com cómodo suficiente para dois santos, o que mostra, com o seu pilar também riscado, que para as ditas se farão dois santos de cinco palmos cada um que é de São Nicolau Tolentino e São Gregório Papa, estes serão feitos na forma do risco que se acha feito; far-se-ão mais duas figuras que são Fé e Esperança, como se acham também riscadas, as quais serão postas sobre as empenas da obra do lugar em que se acham dois anjos, para ocupar o seu lugar; e suposto de acham riscadas Esperança e Caridade, no lugar da Esperança se porá a Fé para não ficarem as Virtudes trocadas, que ficará Fé da parte do Evangelho e Esperança da parte da Epístola; estas figuras terão nas mãos as suas insígnias, como de costume, e também a caveira que se vê riscada, na mão do anjo, será posta nas mãos das mesmas figuras; far-se-á mais uma imagem de Santa Catarina na forma que se acha riscada, com o acrescento da cabeça decepada, para o que se mostrará parte do corpo e os pés da Santa, mas a cabeça arrumada a um lado, onde estará a roda, terá de alto a Santa cinco palmos, como os dois Santos; enquanto à planta, a tal Santa que se acha riscada ficará em seu lugar, com diferença que ficará pelo mesmo feitio que se acha riscada (...) será o caixão forrado por dentro, de tafetá branco; far-se-ão mais, para a cruz, uma imagem do Santo Cristo à proporção da mesma cruz; e como os senhores juiz e mordomos formam tenção, quando mandarem fazer o arco de pedra para se meter o retábulo, fazer nova servidão para o púlpito, este se fará na entrada que agora tem, na forma do mais, com os balaústres e ornatos como os que estão no mesmo púlpito velho (...)" (ALVES, 2001, pp. 285-286).