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Igreja de São José

Igreja de São José

O ponto de interesse Igreja de São José encontra-se localizado na freguesia de Salga no municipio de Nordeste e no distrito de Ilha de São Miguel (Açores).

Igreja paroquial construída no início do séc. 20, sobre um templo anterior, em linguagem revivalista, mas seguindo a estrutura de cabeceira e fachada tripartida, típica das igrejas da ilha. Apresenta planta de uma nave, capela-mor e absidíolos, interiormente com ampla iluminação axial e bilateral e coberturas facetadas e em falsa abóbada de berço. A fachada principal, semelhante à da Igreja Paroquial de Santo António do Nordestinho, ainda que mais simplificada (v. IPA.00032465), tem três panos definidos por pilastras, de fuste almofadado, rebocado e pintado, firmados por pináculos de cogulhos sobre plintos longilíneos, e termina em frontão triangular interrompido por tabela, também rematada em frontão triangular e vazada por óculo. Os panos são rasgados por vãos em eixo, de arco apontado, em linguagem revivalista neogótica, formado por portal entre pilastras, prolongadas por frisos e encimadas por elementos vegetalistas, e janela, a central sobre pilastras, geminada e de varandim, enquadrada por moldura em arco apontado. A torre sineira, bastante verticalizante e adossada à fachada posterior, localização pouco comum nas igrejas da ilha, tem linguagem mais moderna, com dois registos, o primeiro com cunhais em alheta e vãos apontados, e o segundo, circundado por sacada, com duas ventanas por face e cobertura piramidal, em telhado. No interior, de espaço amplo, tem capelas laterais à face, capelas profundas, absidíolos desproporcionalmente pequenos com retábulos revivalistas, de linguagem neo-barroca nacional, tal como o retábulo-mor.

Planta poligonal composta por nave e cabeceira tripartida, tendo adossado anexos retangulares e à fachada posterior torre sineira quadrangular, de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e três águas, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco ou faixas pintadas de cinzento e de cunhais apilastrados. A principal surge virada a norte, com soco dinamizado por vários frisos, de cunhais e três panos definidos por pilastras, de fuste almofadado, pintado de branco, coroados por plintos longilíneos de igual modinatura coroados por pináculos piramidais de cogulhos. A fachada termina em frontão triangular, interrompido ao centro por tabela retangular, vazada por óculo com moldura recortada e vidros policromos, que, por sua vez, também termina em frontão triangular, coroado por cruz latina biselada em cantaria. Cada pano é seccionado por cornija e rasgado por eixo de vãos, em arco apontado; no pano central corresponde a portal, entre pilastras que se prolongam superiormente em frisos, delimitando motivo vegetalista nos seguintes, e janelas de varandim geminadas, sobre pilastras, encimadas por moldura em arco apontado, enquadrando cartela inscrita. Nos eixos laterais correspondem a portais de igual modinatura, mas mais pequenos, encimados por palma e concheado, com frisos coroados por pináculos vegetalistas, e janela enquadrada por pilastras sobre mísulas, prolongadas por friso superior que forma moldura, com seguintes em cantaria; sob as janelas existe concheado. À esquerda, dispõe-se o corpo do batistério recuado, pouco saliente, terminado em empena e rasgado, a este, por três vãos estreitos de arco apontado. Nas fachadas laterais abrem-se, na nave, três janelas e porta travessa em arco apontado e, na capela-mor, uma janela igual; os corpos adossados na lateral esquerda, de alturas diferentes, são rasgados por vãos de arco apontado de diferentes larguras, os do corpo mais baixo com pano de peito em ferro. Na fachada direita existe, no topo da nave, marcação de um arco de volta perfeita sobre pilastras. À fachada posterior da capela-mor adossa-se torre sineira, verticalizante, de dois registos, definidos por friso e cornija, o inferior com cunhais em alheta e rasgado por vários vãos em arco apontado, e o segundo, mais estreito e circundado por sacada, com guarda em balaustrada de cantaria, rasgado, em cada uma das faces, por duas ventanas de arco apontado sobre colunas, albergando sinos. A estrutura remata em friso, cornija e cobertura piramidal, em telhado de quatro águas, coroado por cata-vento em ferro. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em soalho de madeira e cobertura facetada em apainelados, com molduras de madeira. Lateralmente possui quatro capelas laterais, duas à face, com retábulos de talha pintada de branco e dourado, e duas profundas, a do lado da Epístola, amputada e já sem retábulo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras almofadadas, ladeado por dois absidíolos, albergando retábulos. Na capela-mor, com cobertura em falsa abóbada de berço, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada, de três eixos.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra rebocada e caiada; soco, pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, cruz, sacada, balaustrada e outros elementos em cantaria aparente; portas e caixilharia de madeira; vidros simples e policromos; retábulos em talha pintada e dourada; pavimento em soalho de madeira; cobertura de telha.

Observações

EM ESTUDO. *1 - Segundo o Dr. Jorge Gamboa de Vasconcelos, a ermida era uma pequena construção retangular, com as paredes caiadas de branco por dentro e por fora, com o chão térreo e o teto de madeira suportando as telhas; não tinha mais de três metros de comprimento por dois e meio de largura, não contando com a superfície de uma pequena dependência que a excedia pelo lado oeste e que servia de sacristia. Na fachada principal possuía largo portal de verga reta, com moldura de pedra, aberto para um reduzido largo; na parede posterior e exterior, virada a norte, existia um altar de madeira encimado por nicho com uma pequena imagem, policroma, calçada de botas altas e de vestes esvoaçantes, tendo na mão direita um bordão com a extremidade superior curva e, na mão esquerda, uma açucena. *2 - A expressão Casa da Misericórdia resultou do facto do referido Manuel Jacinto da Costa fazer muito bem aos pobres do lugar. Só depois da sua morte, começou a construir-se a igreja, tendo a primeira pedra sido benzida por um neto seu, o padre Manuel Pacheco de Sousa, natural da Salga.