Sector urbano. Área urbana planeada de expansão.
Em 1948 o plano de De Gröer para Lisboa previa a urbanização da zona de Chelas bem como a ligação à margem sul do Tejo por meio da ponte Beato-Montijo, cujos acessos seriam garantidos através do prolongamento da avenida dos Estados Unidos da América para nascente. Em 1959 é pedido à autarquia que, em cerca de 3 meses apresente o primeiro plano para distribuição dos terrenos do novo núcleo urbano da cidade, com vista a estimular a construção de casas de rendas moderadas para famílias de baixo rendimento. Dado o curto periodo de tempo disponível, as autoridades municipais tomam em consideração a zona da cidade designada de Célula A de Habitações no estudo de urbanização de Olivais. Esta zona era a que reunia as condições mais favoráveis para a construção de habitações no ritmo mais rápido, porque os lotes eram todos propriedade municipal, com excepção de uma quinta e as principais vias de comunicação estavam já construídas e os estudos de urbanização completados. No seguimento do plano dos Olivais, face às necessidades prementes de realojamento, foi decidido recorrer, para o efeito, na malha de Chelas, a dois locais situados nas Zonas I e J. Nestes dois núcleos habitacionais foram repetidos os esquemas de composição volumétrica tentados, anteriormente, em Olivais-Velho. Estes dois núcleos foram rapidamente construídos sendo as suas áreas de ocupação aproximadamente de 1 ha para a zona I e 2,5 ha para a zona J. No planeamento dos conjuntos descritos, houve a preocupação constante de definir, com a implantação dos edifícios, uma série de espaços exteriores, destinados a preencher grande parte das necessidades de vida ao ar livre dos respectivos moradores. Na quase totalidade dos núcleos edificados, estes logradouros desenvolvem-se em sucessivas plataformas, acentuando a sua completa adaptação à topografia local. Pela primeira vez na história do crescimento de Lisboa se encara, num programa unitário de realizações, uma tarefa de planeamento urbano tão vasta em extensão e profundidade. Estava inclusivé prevista uma linha de metropolitano que, com origem na Praça da Figueira, atravessava Chelas-Nascente e seguia para os Olivais. A proximidade do aeroporto da Portela, além de condicionar a altura das construções da zona nascente da malha, impõe um nível de ruído incompatível com certos tipos de equipamento e exige mesmo cuidados especiais de isolamento acústico para as habitações. Embora o plano director do Gabinete de Estudos de Urbanização tenha previsto uma coincidência quase completa entre a área sujeita à servidão do aeroporto e o parque oriental da cidade, actualmente Parque e Campo de Golfe da Bela Vista, ainda assim, toda a zona de Chelas é afectada pelo funcionamento do aeroporto. O Plano de Urbanização de Chelas de 1965, previa para o conjunto das Zonas N1 e N2 e para uma área total de 54 ha: 2500 fogos, 12000 habitantes, 5 escolas pré primárias, 2 escolas primárias, 1 centro de acção social, 1 creche infantário, 1 igreja, 65 lojas, 1 mercado e 6 ha de áreas livres, jardins urbanos e parques de desporto e recreio. A revisão geral do plano, tendo como objectivo principal o aumento da capacidade habitacional da zona, estabelece o seguinte programa para a zona N2 de Chelas, referente a uma área total de 37,14 ha: 1763 fogos, 7925 habiantes, 3 escolas pré primárias, 1 escola primária. A distribuição das massas edificadas foi, naturalmente, condicionada pelos factores topografia, insolação e vistas; no entanto, procurou-se dar um sentido volumétrico a esta zona, com base no facto de ser a zona da Malha de Chelas implantada nas cotas mais altas. Assim, agruparam-se os volumes mais importantes ao longo da via de distribuição interna, decrescendo de intensidade volumétrica conforme as ramificações que partem deste núcleo central. Dois ambientes distintos ficam assim definidos visualmente, um de forte intensidade de vida urbana e outro constituído por núcleos mais calmos, quase exclusivamente habitacionais e adjacentes às zonas verdes de recreio. O Plano de Urbanização de Chelas é actualmente constituído pelos Bairros das Amendoeiras e Olival, antigas Zonas I1 e I2 (v. PT031106211614), Bairro do Condado, antiga Zona J (v. PT031106211630), Bairro do Armador, antiga Zona M (v. PT031106211631), Bairro da Flamenga, antiga Zona N1 (v. PT031106211632) e Bairro dos Lóios, antiga Zona N2 (v. PT031106211615). Originalmente existiam também as Zonas H, zona industrial onde se localiza o edifício da ex-DIALAP (actual sede da RTP) (PT031106211635), a Zona L, com habitação, a Sul da Zona J e a Zona O, zona central para equipamentos e ligação entre os dois lados do vale. A toponímia das zonas surge na sequência do Plano dos Olivais: os Olivais Norte constituiam a célula A, os Olivais Sul englobavam as zonas B a G e Chelas encontrava-se dividida nas zonas H, I1, I2, J, L, M, N1, N2 e O. Em Fevereiro de 2009 é implementado o programa "Viver Marvila", trata-se de um programa de reabilitação e desenvolvimento integrado promovido pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e que tem como parceiros a Junta de Freguesia de Marvila, a GEBALIS EEM, as organizações locais e a população em geral. Este programa abrange os bairros das Amendoeiras / Olival, Armador, Condado, Flamenga e Lóios e surgiu da necessidade de responder a diversos problemas que se verificam de forma generalizada um pouco por todos estes bairros e que se prendem com: a insuficiente qualificação profissional, com o abandono escolar, com as dependências e a falta de equipamentos de apoio social (nomeadamente para crianças, jovens e idosos), com a pouca diversidade de usos do edificado (dominante habitacional), com o predomínio de população com origem em processos de realojamento, com a pouca qualidade geral do edificado e do espaço público, com o relativo isolamento físico e com o estigma social associado a Chelas. Em Setembro de 2009 tiveram início as demolições de 8 lotes camarários do Bairro do Condado. Pretende-se com esta intervenção reestruturar a malha urbana do bairro, clarificar o espaço urbano, suprimir becos e vielas, acessos directos a galerias labirínticas e criar arranjos exteriores. Com esta intervenção pretende-se diminuir gradualmente os hábitos ali praticados ligados à violência e criminalidade.
Materiais
Betão armado, tijolo cerâmico, argamassa de cimento, telha cerâmica, tinta plástica, estores em PVC.
Observações
EM ESTUDO