Capela funerária visigótica e moçárabe, de planta centralizada, em cruz grega, exteriormente rectilínea e interiomente com os braços N., S. e E. semicirculares, e braço O. e cruzeiro quadrangular. Fachadas animadas por arcadas cegas, em arcos de volta perfeita e arcos quebrados. Torre do cruzeiro com banda lombarda em arcos de ferradura alternados com arcos quebrados. No interior, os braços são delimitados por triplas arcadas em ferradura, que originalmente, se estenderiam e percorreriam os braços semicirculares. Coberturas em madeira com travejamento à vista, nos braços e cúpula semiesférica no cruzeiro. A primitiva edificação visigótica segue o modelo bizantino da cruz grega, com torre elevada sobre o cruzeiro, idêntico ao mausoléu de Gala Placídia, em Ravena. Segundo alguns autores, os braços de planta semicircular, triplas arcadas, em ferradura e a presença geometrizante das arcadas cegas e da banda lombarda, denotam a influência moçárabe. Utilização de frisos em calcário de Coimbra, contrastando com o granito, com decoração de rosetas de seis pontas, à semelhança do que acontece na Igreja de São Torcato (v. PT010308650017), em Guimarães *1. No interior a decoração dos capitéis das triplas arcadas é igual ao friso que remata as pilastras do cruzeiro.
Planta centralizada em cruz grega, exteriormente rectilínea e interiomente com os braços N., S. e E. semicirculares, e braço O. e cruzeiro quadrangular. Volumetria de dominante horizontal, quebrada pela elevação torriforme sobre o cruzeiro. Coberturas em telhados de duas águas nos braços e em quatro águas no cruzeiro. Fachadas em cantaria opus quadratum de granito, com embasamento escalonado, rematadas por cornija sob beiral, precedida por friso em calcário, com decoração de cordas, semicírculos, rosetas de seis pontas e flores de liz. As fachadas dos braços são animadas por arcadas cegas, alternadamente em arco de volta perfeita e arco angular, interrompidas por estreito friso calcário com corda. As fachadas da torre do cruzeiro são percorridas junto à cornija de remate por arcatura lombarda, usando alternadamente duplo arco em ferradura e arco angular, apresentando cada uma das faces pequena janela de iluminação, de duplo arco quebrado, sendo a janela virada a S., mainelada. Fachada principal orientada, adossada à fachada lateral da igreja, com acesso pelo interior da mesma, através de grande arco de volta perfeita, fechado por grade de ferro, com escadaria. Topos dos braços rematados por frontão triangular, apresentando o do braço S., ao centro, porta de verga recta e os dos restantes braços, pequena janela em arco de ferradura. Na face N., do braço E., abre-se arcossólio, onde estariam originalmente os restos mortais de São Frutuoso. INTERIOR com paredes em cantaria aparelhada, com os braços definidos por arcos de volta perfeita, assentes em largas pilastras percorridas superiormente por largo friso com decoração de acantos, com triplas arcadas em ferradura, sendo o arco central de maiores dimensões, assentes em colunas de fuste liso com capitel de decoração igual ao friso das pilastras. Os braços são percorridos a meio da parede por estreito friso de calcário. Cobertura dos braços em madeira, com o travejamento à vista, e do cruzeiro por cúpula semiesférica rebocada e pintada de branco, assente em pendentes que se unem às mísulas dos ângulos. Pavimento em laje de granito com sepulturas com inscrição e pedra de armas.
Materiais
Estrutura e pavimento em cantaria de granito; frisos e capitéis em Pedra de Ançã; colunas de mármore; porta e estrutura da cobertura em madeira de castanho; cúpula em tijolo de burro; cobertura em telha de canudo.
Observações
*1 - A redescoberta do aspecto geral do monumento que os trabalhos de restauro iniciados em 1931 possibilitaram, veio proporcionar estudos desenvolvidos sobre o edifício destacando-se duas teses principais. A visigotista, segundo a qual teria sido construido entre 656 e 665, ano da morte do santo, constituindo com São Pedro de Balsemão (v. PT011805210004), em Lamego, São Gião (v. PT031011010010), na Nazaré e Vera Cruz de Marmelar (v. PT040709080002), na Vidigueira, uma das quatro construções que subsistem em Portugal representativas da renovação da arquitectura no séc. 7 na Península Ibérica. Esta tese defendida entre outros por Theodor Hauschild, acentua a semelhança volumétrica exterior e a organização arquitectónica com o mausoléu de Gala Placídia, de meados do séc. 5, que, entre outras aproximações estilísticas, lhe garantiriam um nítido aspecto bizantino. Segundo a tese moçárabe, cuja formulação mais recente foi desenvolvida por Carlos Alberto Ferreira de Almeida, o monumento que chegou aos nossos dias bastante transformado, mostra um revivalismo classicizante na sua silhueta, mas parece ter sido construído nos finais do séc. 9 ou inícios do séc. 10, sob múltiplas influências: bizantino-siríacas, carolingias e sobretudo do período emiral árabe. Nessas influências se inscreveria a organização das absides arredondadas no plano interno inseridas num maciço exteriormente quadrangular, o sistema da arcada-grelha de triplice arco, as aberturas, geralmente geminadas, de duplo arquinho ultrapassado, uma das séries de capitéis coríntios, própria de colunas, de pilastras e de frisos, feita em calcário de Coimbra e a solução decorativa que anima pelo exterior as paredes da torre central.