Arquitectura religiosa residencial, gótica, maneirista, barroca, rococó, revivalista. Paço Arquiepiscopal de planta irregular, assimétrica, composta por três corpos diferenciados, edificados em diferentes épocas, que se foram adossando e interligando. Um corpo quinhentista, onde se mistura a simplicidade do maneirismo com elementos decorativos barrocos; um corpo medieval, de origem gótica, reconstruído no séc. 20, segundo modelos neogóticos, refazendo as fachadas com ameias e janelas maineladas em arco quebrado e no interior, procurando recriar toda uma ambiência medieval, patente nas paredes nuas e nos tectos de traves à vista pintadas com elementos vegetalistas, de inspiração nos tectos de alfarje, assim como no mobiliário criado especialmente para aquele espaço; e um corpo barroco, totalmente refeito no séc. 20, aproveitando algumas das pedras originais, da fachada, onde se conjugam decorações barrocas e rococós, mas com o interior totalmente adaptado às funções de biblioteca e depósitos. As paredes da escadaria principal do corpo quinhentista apresentam silhar de azulejos joaninos com cenas galantes. O Paço Arquiepiscopal é um dos edifícios mais emblemáticos da cidade, não tanto pela sua imponência e dimensão, mas porque era a residência dos Arcebispos, donos e Senhores de Braga. O corpo original barroco, totalmente destruído por um incêndio, foi integralmente refeito nos anos 30 do séc. 20, ao estilo original, marcando a diferença nas correntes de restauro da época, em se privilegiava o medieval. As fachadas do Largo do Paço, enriquecidas pela enorme galeria e portais formam uma praça imponente acentuada pela presença de chafariz central do séc. 16, totalmente decorado com castelos, ameias e putti. O corpo medieval apresenta silhares almofadados revelando o seu reaproveitamento de antigas estruturas romanas. O vestíbulo principal do corpo quinhentista é decorado com painéis do séc. 17 e 18 reaproveitados.
Planta irregular, assimétrica, composta por três corpos, também irregulares, edificados em diferentes épocas, que se foram adossando e interligando. Corpo medieval disposto em torno de pátio rectangular ajardinado, virado ao jardim de Santa Bárbara, a que se adossou a S. corpo quinhentista, disposto em U, em torno de pátio, ligeiramente quadrangular, designado por Largo do Paço. Junto à junção destes, a O., corpo barroco, virado para o Largo do Município. Este corpo forma com o medieval, junto às fachadas posteriores, pátio irregular, que serve de parque de estacionamento, e com o quinhentista, junto às fachadas laterais, pátio interior ajardinado, com fonte central, fechado por prédios de habitação. Volumes articulados de dominante horizontal, com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas nos corpos quinhentista e barroco e em terraço no corpo medieval. Acesso principal feito pelo CORPO QUINHENTISTA, de dois e três registos, devido ao ligeiro declive do terreno, com fachadas em cantaria de granito, à excepção da virada ao Largo D. João Peculiar, que se apresenta rebocada e pintada de branco. Fachadas rematadas por cornija sob beiral saliente e rasgadas por vãos de verga recta. Fachadas voltadas ao Largo do Paço, com alas rasgadas por janelas gradeadas encimadas por cornija recta, no primeiro registo e janelas de sacada com guarda de ferro, no último. Ala central com portal principal, no eixo, ladeado por pilastras, coroadas por pináculos, rematado por cornija recta, encimado por janela de sacada, enquadrada por composição de volutas e coroada pela pedra de armas do Arcebispo D. Rodrigo Moura Teles. Do lado esquerdo outro portal, semelhante ao principal, mas sem a composição da janela de sacada. Ala E., com dois panos murários separados por pilastra colossal romana. No da esquerda, portal ladeado por pilastras e rematado por frontão com pedra de armas no tímpano, entre janelas ladeadas, também, por pilastras, e no da direita, dois portais, também entre janelas idênticas às do outro pano, sendo um enquadrado por pilastras coroado por inscrição e frontão vazado por pedra de armas, e outro moldurado e recortado. Esta ala apresenta a fachada S., virada à Rua do Souto, com leitura idêntica, mas com janelas jacentes entre registos e janela de mezanino. Ala O. com galeria suportada por colunata, e superiormente, janelas jacentes e janelas de sacada com pedra de armas do arcebispo D. Agostinho de Jesus, ao centro. Esta ala apresenta na fachada S., virada para o Largo D. João Peculiar, junto ao cunhal, no último registo, balcão fechado, em empena coroada por pináculos, suportado por grandes mísulas e rasgado por janelas de sacada à face. A O., CORPO BARROCO com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados, coríntios, vãos com demarcação de molduras de cantaria, embasamento proeminente e remate em cornija sob beiral saliente. Fachada de aparato virada ao Largo do Munícipio, de três registos, separados por friso, com três panos murários, estando o central recuado. No primeiro registo janelas gradeadas, em arco abatido, no segundo, quadrangulares e de sacada, no pano central, e no último, janelas, também de sacada, com guarda de ferro e molduras decoradas com volutas, concheados e motivos vegetalistas. Pano central, precedido por pequeno logradouro ajardinado, delimitado por balaustrada de cantaria, aberta ao centro, com portal enquadrado por pilastras onde acentam mísulas com decoração de acantos e anjos, que suportam varanda com guarda em balaustrada de cantaria, delimitada por vasos de flores e janela ricamente decorada por motivos vegetalistas. Nos cunhais dos panos laterais, pedras de armas. Fachadas viradas para o pátio do parque de estacionamento, com arco reentrante com coluna ao centro, embebida na caixa murária, entre janelas, na ala central, e vão em arco recortado, entaipado, na ala lateral O.. A. E., o CORPO MEDIEVAL forma a ala central e lateral N. do pátio virado ao jardim de Santa Bárbara. Apresenta fachadas em cantaria de granito, com algumas pedras almofadadas, ostentando siglas, rasgadas por vãos em arco quebrado e de volta perfeita, frestas, janelas maineladas e remate ameado, com gárgulas de canhão. A ala lateral S., fachada posterior do corpo quinhentista, é rasgada junto ao corpo medieval por um arco reentrante de acesso ao interior. Pátio interior com fachadas rebocadas e pintadas de branco e rasgada regularmente por vãos de verga recta, à excepção do corpo existente na fachada E., em cantaria e rasgado por vãos em arco de volta perfeita e janela mainelada. INTERIOR do edifício composto por diversas salas, algumas intercomunicantes, outras com acesso através de corredores de circulação, com acesso entre pisos através de escadarias decoradas com silhares de azulejos. Corpo quinhentista com acesso por amplo vestíbulo, coberto por tecto de caixotões de madeira, pavimento em laje de cantaria e paredes decoradas com painéis de azulejos de padrão e figurativos *3. Este vestíbulo comunica com outro com escadaria com guarda de ferro e arranques de volutas de cantaria, coberto por tecto de masseira de madeira, com as armas dos Arcebispos pintadas, decorado com silhar de azulejos monócromos a azul, figurativos, com cenas galantes. Na parede frontal, rasga-se entre janelas, nicho em arco de volta perfeita, com aletas, decorado com estátua. É encimado por cartela com inscrição. No topo da escadaria, ao nível do segundo piso, portal de acesso ao salão nobre, enquadrado por pilastras coroadas por pináculos e rematado por frontão de volutas interrompido por pedra de armas. O salão nobre apresenta cobertura em tecto de masseira de madeira, decorado com caixotões pintados com motivos vegetalistas e pavimento em parquet. Corpo barroco, com amplas salas de duplo pé direito, com paredes cobertas por estantes e galerias ao nível do piso superior. Salas de leitura com tectos de masseira de madeira, com caixotões decorados com volutas e motivos vegetalistas. Corpo medieval, com sala de leitura, designada por "salão medieval", com cobertura de traves de madeira, pintada com motivos fitomórficos, assentes em mísulas de pedra, imitando um tecto de alfarje. Numa das paredes testeiras a imagem da Virgem sob baldaquino. Neste corpo sucedem-se mais salas com decoração e coberturas idênticas.
Materiais
Estrutura, elementos decorativos, cobertura do corpo medieval, pavimentos e chafarizes em granito; azulejos nas escadarias e no vestíbulo do corpo quinhentista; madeira nas portas, janelas, tectos, pavimentos e galerias dos depósitos do corpo barroco; grades, guardas das varandas e da escadaria principal do corpo quinhentista em ferro; coberturas em telha cerâmica de canudo.
Observações
*1 - DOF: Antigo Paço Episcopal Bracarense, onde está instalada a Biblioteca Pública e o Arquivo Distrital de Braga; *2 - o chafariz veio do antigo Convento de Nossa Senhora dos Remédios, das religiosas da ordem de São Francisco, que existia na Rua de São Marcos, demolido em 1911; *3 - alguns dos painéis de azulejos do vestíbulo do corpo quinhentista vieram do Mosteiro de Tibães (v. PT010303250015); *4 - no Largo do Paço, também chamado de Campo dos Touros, realizavam-se frequentemente touradas, em homenagem aos Arcebispos que assistiam das varandas da ala barroca; *5 - estes fontanários foram colocados no Parque Público de São João da Ponte, vindo mais tarde a ser transferidos para o parque privativo da empresa Parque da Ponte; *6 - a Biblioteca Pública de Braga é criada a 13 de Julho de 1841, para albergar o espólio das livraias dos antigos conventos extintos ou abandonados da região. Esteve inicialmente instalada no edifício do Convento dos Congregados (v. PT010303420046); *7 - esta fonte foi cedida pela Câmara Municipal de Braga, sendo proveniente de um edifício demolido para construção da avenida de acesso ao Estádio 28 de Maio.