Casa revivalista de grandes dimensões, de volumetria longitudinal, repetindo uma organização interna tradicional em edifícios idênticos: salas intercomunicantes e zonas de serviços no piso térreo; quartos de dormir abrindo para corredor central no piso superior. No edifício conjugam-se pormenores arquitectónicos e decorativos de gosto clássico: corpo avançado com arcadas na fachada principal, resguardando o átrio de acesso, com paramento em junta fendida, revestimento de azulejos, estuques decorativos das salas de aparato e dos quartos.
Planta composta por vários corpos adossados; volumetria longitudinal, massas articuladas com coberturas diferenciadas em telhado e em terraço; várias chaminés e uma água-furtada do lado S.. Fachada principal virada a S. formada por 3 corpos de 2 pisos, separado s por pilastras, o central de maiores dimensões e mais elevado, antecedido por corpo prismático avançado, os 2 laterais de iguais dimensões e mais baixos; o piso térreo do corpo avançado, com paramento de junta fendida, é rasgado por 3 arcos semicirculares e resguarda o acesso principal da casa; ao fundo do átrio a porta principal ladeada por 2 painéis de azulejos neo-rococó, figurando Nossa Senhora e São José, assinados por Vitória Pereira e datados de 1917; no piso superior, rematado por balaustrada, a face anterior do corpo avançado é rasgada por 3 portas-janelas antecedidas por corpo avarandado com colunas e balaustrada, as faces laterais por janelas geminadas de verga semicircular; os panos do corpo principal, dos lados do corpo avançado, rematados por cimalha, são vazados por janelas de verga semicircular, com portadas em veneziana, no 1º e 2º pisos; abaixo da cimalha um friso de azulejos de padrão azul e branco; o corpo lateral esquerdo, rematado por cimalha, mostra idêntico rasgamento no piso térreo, uma janela geminada no piso superior, ladeada pelas pedras de armas dos Silveira e Serpa; o corpo lateral direito é rasgado no piso térreo por 3 janelas de verga semicircular unidas, no piso superior mostra uma ampla varanda apoiada em colunas e antecedida de balaustrada. Fachada lateral O. na continuação do corpo lateral esquerdo da fachada principal, com o piso térreo rasgado por 1 janela de verga semicircular, o superior com corpo avarandado apoiado em colunas e balaustrada. A fachada lateral E. continua o corpo lateral direito da fachada principal, com o piso térreo rasgado por 3 janelas de verga semicircular e o superior com a ampla varanda apoiada em colunas. A fachada posterior compreende vários corpos de diferentes volumetrias, subindo em 2 e 3 pisos acima de uma cave, vencendo assim o desnível do terreno; destaca-se um torreão sextavado adossado, um mirante rematado por sineira e uma longa varanda fechada. No INTERIOR a entrada principal dá acesso a várias salas intercomunicantes à direita e à esquerda e ao piso superior e sótão; o corpo prismático integra uma escada de serviço; destacam-se as salas intercomunicantes do lado direito, com estuques decorativos nos tectos, abrindo para a sala de jantar, virada a N., e para a ampla varanda aberta a E.; entre uma das salas e a casa de jantar um oratório, dedicado a Nossa Senhora da Conceição, com um lambril de azulejos de padrão neo-seiscentista e um retábulo em madeira entalhada, dourada e pintada. No piso superior alguns dos quartos mostram igualmente estuques decorativos nos tectos e paredes; nas casas de banho azulejos relevados de Rafael Bordalo Pinheiro.
Materiais
Estrutura em alvenaria de pedra e cal rebocada e caiada; molduras e colunas em pedra calcária; revestimentos murários cerâmicos; portas e janelas em madeira e vidro; telha cerâmica vidrada a verde; pavimentos em madeiras exóticas, pedra calcária, materiais cerâmicos; paramentos estucados e pintados; revestimentos murários cerâmicos em zonas de serviço e instalações sanitárias; estuques decorativos em tectos e paredes.
Observações
*1. À quinta pertence o moínho de São Gião, situado na margem direita do rio Almonda, um dos 9 moínhos que ainda restam do conjunto inicial, referido no PDM de Torres Novas, DR 30, de 5 de Fevereiro de 1997, integrado no "Designado Sítio Classificado de Torres Novas, tendo por elemento unificador o Rio almonda entre a Ponte das Lapas e a Ponte Nova, abrangendo áreas das freguesias das Lapas, São Pedro, Salvador e Santa Maria (...)" (Artº 68º, 1d). *2. A quinta de São Gião foi também conhecida como quinta de São Julião, o nome do orago da capela do primitivo edifício.