Arquitectura de comunicações e transportes, do séc. 20. Ponte estaiada ou atirantada de tipo harpa. Ponte suspensa, em ferro e aço, constituída por duas torres, assentes a grande profundidade por estacas de betão, com langarina contínua, sustentada pelas torres e cabos de amarração que são escorados por maciços de betão criados nas margens. Possui dois tabuleiros, o superior com seis vias, duas delas metálicas e perfuradas, garantindo a estabilidade da estrutura, e o inferior, com duas vias ferroviárias, ambos com guardas metálicas tubulares, o segundo com passadiço de evacuação. Tem acesso N. por amplo viaduto de betão, que descreve uma curvatura, com seis vias, surgindo a S. uma ampla avenida, onde estão instaladas as portagens, compostas por cabines simples. Sob esta, uma via subterânea, permite a chegada do comboio à margem S.. Foi a primeira ponte a ligar as margens do Rio Tejo, junto a Lisboa, sendo o resultado de vários projectos que nasceram ao longo dos séculos 19 e 20, sendo a segunda maior ponte suspensa do mundo, com afinidades com a de São Francisco, nos Estados Unidos da América. Constituíu um dos primeiros grandes projectos interdisciplinares, que envolveu inúmeras empresas portuguesas e estrangeiras, cujos trabalhos no terreno assentaram em estudos vários de comportamento sísmico, de estabilidade e prospecções geológicas, realizadas, na sua maioria, pelo LNEC.
Ponte que liga a margem N. à margem S. do Rio Tejo, iniciando a travessia em Alcântara, através de um viaduto de betão *1, a que se segue uma ponte suspensa, que termina nas imediações de Almada, no caso do tráfego rodoviária, seguindo pela margem S., sendo o tráfego rodoviário processado através de um túnel rasgado sob a Avenida da Portagem. O VIADUTO tem vãos entre 74,20 m e 76,0 0m, e seis vias *2, que ocupam o tabuleiro de betão pré-esforçado, apoiado em pilares geminados de betão armado, com fundação directa, construído em consolas simétricas; na estremidada N. tem pilares centrais para permitir formar a curvatura que descreve. A PONTE, pintada de vermelho, com produto especial para evitar a corrosão, tem um vão central com 1012,88 m e os laterais com 483,42 m, tendo cada vão da margem 10 m., marcada por duas torres, cada uma delas com cerca de 190,47 m de altura. Têm fundações de betão armado assente na rocha basáltica a 82,5 m de profundidade; são de aço carbono ASTM A-36 e no topo possuem dois selos de aço fundido que apoiam os cabos principais de suspensão; encontram-se ancoradas á fundação por parafusos de aço e os postes da torre são escorados por peças com X e duas travessas. Junto às margens descarrega em pilares metálicos, sobre estacas de betão, com fundação directa num dos lados. A ancoragem a N. desce a profundidade maior devido a problemas geológicos, tendo sido criado um maciço de betão armado. A viga de rigidez tem 21 m de largura, sendo contínua com 2277,64 m de comprimento, estando amarrada aos cabos principais; a via lateral, resultante de um acrescento, está assente em betão de cimento e, sob a viga, corre a via férrea. O tabuleiro superior apoia-se na viga de rigidez, reforçada com chapas de aço, com seis vias *3, tendo as centrais grelha metálica aberta, permitindo a estabilização da estrutura relativamente à acção do vento, assente em quatro longarinas contrafortadas por cantoneiras. O tabuleiro inferior, sob a viga, possui duas vias ferroviárias, com passadiço lateral de evacuação, ligando por escadas ao superior e possui catenária flexível. A viga de rigidez e os tabuleiros estão suspensos de dois cabos que amarram à ancoragem, feitos por fios de aço.
Materiais
Estacaria, maciços e estrutura do viaduto em betão; langarinas, viga de rigidez e torres em ferro e aço; cordões de amarração em aço; tabuleiro em aço e alcatrão; vias laterais assentes em cimento de betão.
Observações
*1 - inicialmente pensado para ser de metal. *2 - inicialmente pensado para seis vias, devido à dificuldade de uma possível ampliação de uma estrutura em betão. *3 - inicialmente possuía quatro vias com separador central. *4 - os quatro proponentes foram: Sociedade Atlântico, com projecto de Albert Caquot; Société des Forges & Ateliers du Creusot, Fried Krupp Maschinen-Und, Stahlbou, Merritt Chapman & Scott Corporation, Dorman Long Ltd., Hojgaard & Schultz, com projecto do Professor Chadenson; Demag A.G., Aug. Klonne, Dortmunder Bruckenbu C.H. Jucho, Gollnow-werk A.G., Hein, Lehmann & Co., Siemens Baunion, Waiss & Freytag A.G. Somec, com projecto de Kurt Kloppel. *5 - entre estes estudos deve-se ter em conta a Ponte do Ervedal, uma pequena réplica do projecto definido para sobre o Rio Tejo, levada a cabo pelo engenheiro Edgar Cardoso, que se encontrava na região a construir as pontes necessárias para colmatar a subida das águas das ribeiras da Seda e de Avis, com a construção da barragem do Maranhão. *6 - os problemas das expropriações e do realojamento dos moradores dos prédios a demolir exigiram ainda grande esforço, para assegurar a sua satisfatória resolução. *7 - os concorrentes foram: Condunil, S.A. e Baudin Chateauneuf; Soares da Costa, S.A., com projecto de I.M. Pregilo; Dragados y Construcciones, AA, Momberg & Thonser Als, Construtora Abrantina, S.A., A. Silva & Silva, Ramalho Rosa, S.A.; Bento Pedroso Construtores, S.A., Tennenge, Cleveland Struc Engeneering, Mague, Somague e a vencedora.