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Jardim do Palácio das Laranjeiras

Jardim do Palácio das Laranjeiras

O ponto de interesse Jardim do Palácio das Laranjeiras encontra-se localizado na freguesia de São Domingos de Benfica no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Espaço verde de recreio. Jardim de caracterização estilística barroca e romântica. Espaço murado constituído por vegetação ornamental disposta no sentido de criar ambientes agradáveis e acompanhada de elementos construídos, como bancos, canteiros, estátuas ou peças de água. Caracterização barroca patente na disposição geométrica de canteiros de buxo pontuados com estatuária barroca, e onde lagos ornamentados centram o espaço. Caracterização romântica patente no desenho orgânico que estabelece efeito-surpresa, na densidade da vegetação, no contraste de luz e sombra e na selecção da espécies vegetais, de predominância exótica. "Construída nos anos 80 do séc. XVIII, a Quinta das Laranjeiras é dos poucos traçados a estruturar-se a partir de um grande eixo gerador de todo o programa. Este traçado que valorizava um certo efeito de grandeza perde-se contudo no local, quando o jardim de buxo se fecha por altos gradeamentos com colunas" (CARITA, 1990, p.232). O jardim do Conde de Farrobo encerra em si um valor único na história da arte do jardins de Lisboa, por um lado, pela qualidade da sua composição elaborada que reflecte ainda uma harmonia pomposa e deixa transparecer a sua riqueza histórica e artística nos elementos de água, na estatuária e na casa de fresco nele inseridos. Por outro lado, pela história que conta, relembrando os tempos áureos do Conde de Farrobo, numa época que maravilhou os seus contemporâneos pelas manifestações artísticas que ali tiveram lugar, pelo ambiente de repouso, pela festividade que ali se viveu. O jardim mantém estrutura inicial e elementos de composição, com qualidade. As diferentes zonas do jardim apresentam complementam-se numa unidade, tornando-se indissociáveis na sua diferença. Toda a área que envolve o Palácio e o Teatro é representativa de uma tipologia das quintas de Lisboa que têm vindo a desaparecer.

Propriedade murada incluindo o Palácio (v.IPA.00003183), o edifício do Teatro Tália (v.IPA.00003183) e antigas dependências agrícolas. Principal acesso a NE. por portão de ferro gradeado e ladeado por dois Eucaliptos. Pátio em calçada enquadra o Palácio, à esquerda, e edifício do teatro Tália, à direita. Este pátio inicia um eixo que se prolonga até ao limite SO. do jardim e que limita duas zonas distintas: uma romântica a O. e outra formal, a E.. A primeira apresenta linhas sinuosas e labirínticas gerando efeito de surpresa e contém alguns exemplares de árvores exóticas bem conformadas, como as palmeiras yuca ou o pitosporos (Pittosporum tobira). Paralelamente ao Teatro, alameda de freixos de grande porte termina em pequeno átrio com composição de árvores-do-Incenso (Pittosporum undulatum). A zona formal sujeita o seu traçado a um eixo perpendicular ao palácio e centralizado na sua faxada e cuja expressão é diminuida pelo muro com vedação de ferro que envolvem o jardim. Esta zona desenvolve-se em dois patamares planos com composição geométrica irregular de traçado italiano e francês. Patamares são divididos por balaustrada em mármore acompanhada de gradeamento que separa a área explorada, por prazo limitado, pelo Jardim Zoológico. O primeiro desenvolve-se em função do lago central, elíptico, em mármore branco, formando espelho de água que reflecte o palácio e vegetação. Repuxo do lago segue o mesmo desenho das floreiras em mármore que pontuam e referenciam o jardim e dão continuidade à linguagem usada na varanda do palácio de onde se tem vista geral sobre os jardins e toda a restante propriedade. A partir do centro desenvolve-se estrutura quadripartida de canteiros desenhados a buxo topiado onde se inscrevem herbáceas variadas de flores coloridas. Segundo patamar, de parterre definido com o mesmo traçado é desenhado com Buxo alto e aparentemente de origem. Ao centro, existe lago circular, de dimensões mais reduzida que o do patamar superior mas enquadrado por uma quadripartição mais volumosa de canteiro de buxo. No alinhamento das duas peças de água e iniciado no palácio, está definido o eixo central do jardim que culmina num obelisco com inscrições latinas, referenciador de uma visita régia ao Palácio. A NO. do patamar inferior existe casa de fresco neoclássica que se inicia numa pérgola suportada por colunas de mármore. Passando o muro com painéis de azulejo surge um tanque quadrangular ladeado por colunata de mármore que se reflecte no espelho de água. Tanque limitado por muro onde nicho alberga estátua mitológica complementada inferiormente por bica também em mármore. A SE. dos dois patamares encontra-se zona, igualmente formal, com canteiros de buxo onde se insere vegetação hortícula e árvores de fruto a cota inferior também delimitada por balaustrada.

Materiais

INERTES: azulejo, tijoleira, terra batida, calcário, alvenaria, mármore branco, ferro, bronze.VEGETAL árvores - árvore-da-borracha (Ficus elastica), acácia-bastarda (Robinia pseudacacia), cameleira (Camelia japonica), budleia (Buddleia davidii), casuarina (Casuarina stricta), cedro (Cupressus lusitanica), eucalipto (Eucalyptus globullus), grevilea (Grevillea robusta) laranjeira (Citrus sinensis),magnolia (Magnolia grandiflora), nespereira (Eriobotrya japonica), olaia (Cercis siliquastrum) palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), palmeira-das-vassouras (Chamaerops humilis), pimenteira-bastarda (Schinus mollis), plátano (Platanus hybrida), teixo (Taxus baccata), tipuana (Tipuana tipu), Zimbro (Juniperus occidentalis); arbustos - ave-do-paraíso (Strelitzia nicolai), árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum),berberis (Berberis vulgaris), evónio-dos-jardins (Euonymus fortuneii), buxo (Buxus sempervirens), hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), loendro (Nerium oleander), pitosporo-da-china (Pittosporum tobira); herbáceas - Balsamia (Impatiens sp), Cana-da-índia (Canna indica), clorofito (Clorofitum capensis), couves-de-nossa-senhora (Bergenia crassifolia) lírio-roxo (Iris germanica), malva-de-cheiro (Pelargonium sp), dente-de-leão (Taraxacum officinale), salvia-vermelha-dos-jardins (Salvia splendens): trepadeiras - hera (Hedera helix).

Observações

*1 DOF: *1 - DOF: "Palácio dos Condes de Farrobo, incluíndo os jardins e o chafariz localizado na Estrada de Benfica junto à Azinhaga que limite a Norte o Jardim Zoológico". Com o Decreto nº 5 de 19 de Fevereiro de 2002 foi determinada a alteração da designação passando a ter a seguinte redacção: " Palácio e Jardins do Conde de Farrobo (conjunto intramuros), no qual se encontra instalado o Jardim Zoológico, delimitado nomeadamente pela Estrada de Benfica, pela Praça do Marechal Humberto Delgado, pela Estrada das Laranjeiras, pela Travessa das Águas Boas e pela Rua de Xavier de Oliveira". O Jardim é a parte da antiga Quinta das Laranjeiras / Quinta de Santo António, que não foi cedida ao Jardim Zoológico; A vivência sumptuosa e festiva associada ao Conde de Farrobo deu origem à expressão popular "farrobodó"; Pierre Marrier foi contratado pelo Conde de Farrobo para reformar os jardins da Quinta das Laranjeiras e nela foi jardineiro-mor até morrer, ficando conhecido por Pedro das Laranjeiras; A propriedade foi visitada por William Beckford.