Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Aqueduto das Águas Livres - troço entre a Buraca e as Amoreiras

Aqueduto das Águas Livres - troço entre a Buraca e as Amoreiras

O ponto de interesse Aqueduto das Águas Livres - troço entre a Buraca e as Amoreiras encontra-se localizado na freguesia de Campolide no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura infraestrutural, barroca. Aqueduto composto por troços subterrâneos e à superfície, encimados, ou interrompidos, por clarabóias, de planta quadrangular regular ou irregular, hexagonal ou de planta circular, com cobertura de quatro, seis águas ou em cúpula de cantaria, encimadas por pináculos. Apresentam fachadas rasgadas por janelas quadradas, molduradas e gradeadas, ou decoradas com arcos de volta perfeita, simples ou dobrados, alguns fechados com cantaria e outros com zonas vazadas e gradeadas. Os troços à superfície apresentam segmentos rasgados apenas por frestas jacentes, ou lançam-se em arcarias compostas por arcos de volta perfeita, arcos quebrados e em asa de cesto, num total de cinquenta e um arcos, repartidos por três troços; sobre as arcarias, o canal é protegido por estrutura com cobertura de duas águas, ou em domo de cantaria, possuindo passadiço num ou em ambos os lados, com guarda plena de cantaria, rasgado por janelas jacentes ou por portais, de verga abatida, moldurados, acedendo ao interior das galerias; estas são abobadadas a tijolo, com passadiço central, flanqueado por duas caleiras, encimadas por clarabóias ou lanternins.

O troço do aqueduto inicia-se em Benfica, mais propriamente, na Estrada do Zambujal e termina junto à Mãe de Água, nas Amoreiras, apresentando-se maioritariamente por troços subterrâneos, que atravessam a Serra do Monsanto e as Quintas que lhe ficam no sopé, apresentando quatro troços à superfície, desenhando um percurso sinuoso. No início do troço, é possível ver duas clarabóias de planta circular, em alvenaria de granito, com cobertura em domo, rematadas por pináculo de bola dupla, com as paredes rebocadas e pintadas de amarelo, percorridas por embasamento de cantaria e rematadas em cornija de cantaria, tendo acesso por portas de verga recta, e rasgadas por várias janelas rectilíneas, todas com molduras de cantaria e protegidas por grades de ferro. No interior existe uma galeria de entrada de água, uma pia e a galeria de saída, estando os canos suterrados. Aparece, ainda uma terceira clarabóia, de planta quadrangular simples e cobertura piramidal, em alvenaria rebocada, rasgada por quatro janelas rectilíneas, com molduras salientes e protegidas por grades de ferro. O primeiro troço à superfície ocorre no sítio do Barcal, em plena vertente da Serra do Monsanto, com a estrutura em alvenaria aparente, apresentando embasamento em cantaria, com cobertura em canhão, rasgado por um arco de volta perfeita e ostentando, duas clarabóias quadrangulares, com coberturas piramidais e, cada uma delas, rasgada por quatro janelas rectilíneas, com molduras salientes e protegidas por grades de ferro; junto a uma delas, surge o acesso ao interior por porta de verga recta, protegida por folha metálica. O segundo troço inicia-se no alto da Serafina e atravessa o Vale de Alcântara, começando com duas clarabóias, em cantaria de calcário lioz, uma de planta rectangular e outra hexagonal, com coberturas de quatro e seis águas, encimadas por pináculo; apresentam cunhais com pilastras de ângulo, em esbarro na base, permitindo contrafortar a estrutura, rematadas por friso e cornija. Cada face apresenta dois registos definidos por friso, o inferior cego e o superior com vão em arco de volta perfeita, com fecho saliente, que se prolonga pelo friso e cornija dos remates, protegidas por grades metálicas. A partir daqui, desenvolve-se uma arcatura em cantaria de calcário aparente, em aparelho isoódomo, que atravessa o vale, bastante profundo, formando um ligeiro ângulo, tendo, nos extremos, vinte e um arcos de volta perfeita e, ao centro, catorze arcos apontados, sustentados por pilares, alguns assentes em altos pegões. Sobre as arcadas, surgem dois passadiços, protegidos por guarda plena de cantaria, com acesso pelos extremos, a partir de portas de verga recta, protegidas por folhas metálicas pintadas de verde, e, ao centro, o canal, com cobertura a duas águas, com as paredes rasgadas por respiradouros rectilíneos, jacentes e com molduras de cantaria, encimado por quinze lanternins. Estes são quadrangulares, em silharia fendida, com coberturas a quatro águas, tendo pináculo no vértice e assentes em frontões triangulares, com os ângulos flanqueados por pilastras toscanas, mais largas na base e assentes em dados, rematadas em friso e cornija, tendo, em cada face, arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e com pedra de fecho também saliente. O terceiro troço visível situa-se em Campolide, em cantaria de lioz, em aparelho isódomo, composto por seis arcos de volta perfeita, com uma fiada de aduelas, formando a moldura, assentes em pilares de cantaria. Ao pilar central, a S., adossa-se o Chafariz do Arco do Carvalhão, ou da Cruz das Alma, e, a N., uma pequena casa. Sobre a arcada, corre o canal, protegido por estrutura de alvenaria de calcário aparente, rasgada por respiradouros jacentes, com molduras salientes, com cobertura em terraço, formando um passadiço, com guardas de alvenaria; encontra-se encimado por um laternim, de planta rectangular com cobertura em coruchéu tronco-piramidal, encimado por pináculo fuselado; as faces são em cantaria, flanqueadas por cunhais em silharia fendida, e rematafas por friso e cornija, tendo, nas faces E. e O., portal de verga recta e moldura simples saliente, surgindo nas restantes, cegas, uma cartela oval emoldurada. O quarto troço surge nas Amoreiras, sendo composto por dois segmentos, em cantaria de lioz aparente, em aparelho isódomo, interrompida por um arco triunfal, o Arco das Amoreiras, aberto sobre a Rua com o mesmo nome. Tem tratamento idêntico nas duas faces, construído em cantaria de calcário lioz aparente, formando um arco de volta perfeita, assente em pilares de silharia fendida, a que se adossam pilastras toscanas, assentes em plinto bastante possante, que suportam entablamento dórico, com as métopas em forma de almofadas em ponta de diamante, contendo lápide comemorativa, de perfil recortado, e por frontão triangular; sobre este, corre o canal, protegido por estrutura em cantaria almofadada, flanqueada por pilastras toscanas, que rematam em urnas, ornadas por festões, tendo, ao centro, um lanternim, semelhante aos da arcada de Alcântara, mas apresentando, nos ângulos, duas pilastras de dimensões diferentes, e, no remate, um pináculo. O texto actual das lápides não corresponde ao original mandado picar pelo Marquês de Pombal *2. O primeiro segmento é rasgado por janelas jacentes molduradas e gradeadas; o segundo faz a ligação entre este e a Mãe de Água, em cantaria de calcário lioz aparente, em aparelho isódomo, formado por nove arcos de volta perfeita, com pedra de fecho saliente, todos de dimensões semelhantes, sendo o último em asa de cesto, assentes em pilares; no arco central integra-se a Capela de Nossa Senhora de Monserrate (v. PT031106460721). Sobre estes, corre o canal, protegido por estrutura em avenaria de calcário, com alguns respiradouros jacentes emoldurados e gradeados. INTERIOR com as paredes em alvenaria rebocada, apresentam entre 50 a 80 cm de espessura formando galerias com tectos em abobadilha de tijolo, com a largura de 1,50 m. e uma altura de 2,50 m.. Nestas, surge um passadiço central em lajes de cantaria separando as duas caleiras, que correm lateralmente, executadas em silhares de cantaria, com formato de meia cana, com 30 cm. de profundidade e 25 cm. de largura, unidas segundo um sistema de macho/fêmea. Nalguns troços os passadiços são substituídos por escadas ou rampas, algumas com declive bastante acentuado acompanhado pelas caleiras e formando um lambril com cerca de 50 cm de altura. No interior do túnel existe uma caldeira.

Materiais

Aqueduto em cantaria de calcário tipo lioz, apinhoado, e calcário amarelo e cinzento; clarabóias em cantaria aparente, ou rebocada e pintada; molduras dos vãos em cantaria de lioz; grades metálicas; portões e portas de ferro policromo; portas de madeira policroma.

Observações

*1 - o Decreto de 19 de Fevereiro de 2002, vem alterar a redacção do decreto de 16 de Junho de 1910, publicado em 23 de Junho de 1910 que designava o imóvel como "Aqueduto das Águas Livres, compreendendo a Mãe de Água", passando a ter a seguinte DOF: " Aqueduto das Águas Livres, seus aferentes e correlacionados, nas freguesias de Caneças, Almargem do Bispo, Casal de Cambra, Belas, Agualva-Cacém, Queluz, no concelho de Sintra, São Brás, Mina, Brandoa, Falagueira, Reboleira, Venda Nova, Damaia, Buraca, Carnaxide, Benfica, São Domingos de Benfica, Campolide, São Sebastião da Pedreira, Santo Condestável, Prazeres, Santa Isabel, Lapa, Santos-o-Velho, São Mamede, Mercês, Santa Catarina, Encarnação e Pena, municípios de Odivelas, Sintra, Amadora, Oeiras e Lisboa, distrito de Lisboa.".*2 - nas lápides originais, mandadas executar por D. João V, encontrava-se inscrito o seguinte, no lado N., na Rua de São João dos Bem Casados: "SUPERATTIS DIFFICULTATIBUS, PACA TIS OPINIONUM DISSIDIIS, AQUAE LIBERAE IN URBEM TRIUMPHALIS INGRESSUS ANNO DOMINI MDCCXXXVIII"; e, do lado S., virado ao Largo do Rato: " AQUAS LIBERAS PER TRINA SOECULA DESIDERATTAS, REGNANTE JOANNE V. PIO FELICI, MAGNANIMO COMPLANATIS, PRAERUPTIS, CLIVISQUE PERFORATIS: VNDE VIGNITI ANNORUM, PERTI NACI LABORE, PER CIRCUCITUM NOVEM MILLE PASSUUM REPUBLICAE, ET COMUNI GAUDIO, IN URBEM INVEXIT, SE.NATUS POPULASQUE OLISIPONENSIS ANNO DOMINI MDCCXXXXVIII".