Arquitetura religiosa, maneirista e barroca. Convento dominicano de construção medieval, totalmente reconstruído no séc. 17, subsistindo do original apenas um anexo, a denominada Capela-relíquia. O conjunto muito truncado pelo desaparecimento da zona regral dos frades, mantendo-se apenas a área do noviciado, é de planta poligonal composta por igreja e zona regral adossada ao lado esquerdo, com um corpo perpendicular à estrutura, criando um terreiro, onde se implantavam a portaria. Igreja de planta em cruz latina, composta por nave central e capelas intercomunicantes, tendo transepto pouco saliente e capela-mor profunda, seccionada, dando origem a um retro-coro, com sacristia adossada ao lado esquerdo, antecedida pela Via Sacra. A zona regral desenvolvia-se em torno de dois claustros, o principal amplo, tendo, na ala perpendicular à capela-mor o refeitório, cozinha e dois pisos de dormitório. O claustro sobrevivente inclui a Casa do Capítulo e a capela particular dos Castro, o panteão desta família, com estrutura e decoração maneirista, destacando-se os túmulos em forma de essa, sustentados por elefantes, semelhantes aos do Mosteiro dos Jerónimos (v. IPA.00006543). A fachada principal mantém a sua simplicidade maneirista, rematada em empena, rasgada por portal flanqueado por pilastras e as armas da Ordem e por janelão. A igreja mantém a fenestração, a estrutura e as coberturas em caixotões pétreos seiscentistas, recebendo uma decoração da segunda metade do séc. 18, que cria apainelados de estuque e introduz novas pinturas. Nos topos do transepto e na capela-mor surgem estruturas retabulares maneiristas, o mor de dupla face, deixando antever o coro dos frades e, no topo, o órgão de tubos oitocentista, do tipo ibérico com um manual. Ao lado direito do edifício, adossam-se capelas particulares, uma delas utilizada, atualmente, como o Panteão da Casa Fronteira e Alorna, destacando-se, contudo, a Capela de São Gonçalo de Amarante, construída em embutidos de pedra e com rica estatuária de produção italiana. A primitiva zona regral foi amputada com a construção da Quinta Devisme e sofreu alterações com a instalação, em 1911, dos Pupilos do exército.
Conjunto amplo composto por um edifício com vários corpos adossados, de planta poligonal irregular, desenvolvidos em torno de dois claustros quadrangulares, de volumetria articulada e escalonada com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e oito águas. A S., situa-se a igreja, prolongada por um corpo para NO., correspondente a zonas administrativas e que seria a antiga hospedaria, volumes articulados pelo claustro do Noviciado e respetivas dependências, a que se adossa a N., a Capela dos Castro, envolvida por construções. Para NE., prolonga-se uma ala retangular correspondente aos primitivos dormitórios e refeitório. A NE., surgem três corpos independentes, dispostos em U, que têm, a N., um campo de jogos e zona de estacionamento. IGREJA em cruz latina, composta por uma nave, transepto saliente e capela-mor com retro-coro. Fachadas em alvenaria, rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais em cantaria, firmados por pináculos, e rematadas em frisos e cornijas. A fachada principal, virada a NO., remata em empena com cruz latina sobre peanha no vértice, rasgada por portal de verga reta e moldura simples, enquadrado por pilastras e quarteirões, que sustentam um frontão interrompido por cruz latina; dá origem a uma sobre-porta com arco cego, de volta perfeita, contendo um escudo. Fachada lateral direita rasgada, no corpo da nave, por três janelas retilíneas, sendo marcada pelo braço do transepto, rematado em empena e com janelão retilíneo no topo, tendo adossado a sacristia nova e, a ambas as faces laterais, pequenos corpos, o do lado esquerdo correspondente à Capela de São Gonçalo de Amarante, rasgada por janela retilínea, e o direito rematado em lanternim, formando o Panteão dos Mascarenhas, antiga Capela do Senhor Morto e, adossada e ainda mais baixa, a denominada capela-relíquia. O corpo do retro-coro é iluminado por duas janelas retilíneas. Fachada posterior rematada em empena, rasgada por janela termal, tendo adossado corpo semicircular e o corpo das dependências conventuais. INTERIOR da nave marcado por seis capelas intercomunicantes, três de cada lado, dedicadas a São Domingos de Soriano, São Domingos a receber o rosário, Libertação das Almas dos Patriarcas (Evangelho) e Santos Auxiliadores, Entrega das chaves e São Bernardo (Epístola) *3. As paredes estão divididas em dois registos definidos por frisos de cantaria, rebocadas e pintadas de rosa, formando apainelados, tendo cobertura em abóbada de berço de caixotões almofadados, pintados de rosa e branco, e pavimento em lajeado axadrezado. Coro-alto em madeira e ferro, de perfil curvo, com guarda vazada e acessos por escadas laterais. O portal axial está protegido por guarda-vento de madeira e vidro, ladeado por duas pias de água benta em cantaria de calcário. As capelas colaterais possuem decoração em apainelados de estuque pintado de cinza e branco, possuindo painéis pintados, encimados por cartela recortada com símbolo alusivo ao orago. No último pilar da nave, surgem, confrontantes, dois púlpitos quadrangulares, com bacia em cantaria e guarda de madeira, encimados por guarda-voz em madeira exótica. O transepto tem cobertura e pavimento semelhantes aos da nave, com o cruzeiro coberto por cúpula cega. As paredes dos braços estão revestidas a azulejo figurativo, a azul e branco, representando três registos de cenas das vidas de São Domingos e São Francisco; nos topos, surgem as capelas retabulares dedicadas ao Crucificado (Evangelho) e Nossa Senhora do Rosário (Epístola), rodeadas por painéis de azulejo com a representação de anjos sustentando festões de flores. Junto a este último, uma pequena pia batismal em cantaria, composta por coluna e taça campaniforme e de bordo saliente. No braço N., surge uma porta de ligação ao corredor da sacristia e, no lado oposto, a porta de acesso à Capela de São Gonçalo de Amarante e à denominada Sacristia Nova. Os braços do transepto possuem azulejos figurativos a azul e branco, representando cenas das vidas de São Francisco e São Domingos, que se prolongam pela capela-mor. Esta é de pequenas dimensões com cobertura em caixotões de estuque pintados, contendo a mesa de altar e o retábulo-mor, de dupla face, de talha dourada e planta reta e três eixos definidos por seis colunas coríntias, sobre plintos paralelepipédicos. Ao centro, amplo vão de volta perfeita, que acolhe o sacrário em forma de templete. Cada um dos eixos laterais forma duas ordens de vãos retilíneos, o inferior, as portas de acesso ao retro-coro, e os superiores com peanhas para imaginária; Rematam em entablamento, sobre o qual evoluem dois nichos com imaginária, flanqueados por quarteirões e pelos seguintes do arco do eixo central. A estrutura remata em entablamento e tabela retangular horizontal, ladeada por quarteirões e aletas e encimada por concheado; a tabela possui pintura a representação da "Adoração dos Pastores". No intradorso das aberturas laterais, surgem São Paulo, São João Evangelista e São Marcos (Evangelho) e São Pedro, São Lucas e São Mateus (Epístola). Na face virada para o coro, a estrutura remata num simples arco com aduelas fingidas, possuindo painéis pintados a representar as "Ressurreição", "Visita ao túmulo", "Aparecimento aos discípulos na estrada de Emaús", "Ceia de Emaús", "Aparição aos discípulos no Lago Tiberíades" e "Refeição com os discípulos junto ao Lago Tiberíades". O retro-coro tem as paredes decoradas com estuque e cobertura em falsa abóbada de berço, de caixotões decorados com cartelas em estuque. Possui o cadeiral, o órgão de tubos e, no centro, o túmulo do Dr. João das Regras, realizado em mármore branco da região de Montelavar, assentando sobre quatro leões com cerca de trinta centímetros cada. Perpendicularmente à igreja e a NE., desenvolve-se a ZONA CONVENTUAL, de que apenas subsistem o corpo comprido da portaria e as dependências em torno, correspondentes ao antigo Noviciado. O corpo da portaria possui vários volumes, adossados posteriormente, desenvolvendo-se em três pisos, os inferiores rasgados por vãos retilíneos e o superior por vãos em arcos abatidos, formando janelas e portas de acesso. Possui adossado um corpo de piso único, rematado em platibanda plena. As demais dependências desenvolvem-se em torno de um claustro quadrangular, de dois pisos, o inferior marcado por arcadas de volta perfeita que descarregam em duplos pilares, criando um intercolúnio vazado, e o superior por terraço com guarda metálica. As alas têm as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo, com coberturas em abóbadas de aresta e pavimento em calçada à portuguesa, formando elementos geométricos. A quadra encontra-se ajardinada. Em torno do claustro, surge a denominada Sala de D. João de Castro, a Sala do Capítulo, tendo, a NE., a Capela dos Castro. Obliquamente a este claustro, desenvolve-se um corpo retangular, com cobertura homogénea em telhado de duas águas e evoluindo em três pisos, com as fachadas rasgadas regularmente por vãos retilíneos. No piso térreo, surge o antigo refeitório e, nos superiores, os dormitórios com amplos corredores centrais, para onde abrem as celas, os primeiros iluminados pela janela regral no topo NE. do corpo. A NO., surgem três edifícios, dispostos em U, de plantas retangulares simples, os perpendiculares entre si com coberturas em telhados de quatro águas e com as fachadas rematadas em platibandas plenas, sendo o de topo de duas águas. Evoluem em três pisos, os inferiores rasgados por vãos de verga reta e os superiores são de volta perfeita, alguns cegos.
Materiais
Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada, parcialmente revestidas a estuque decorativo no interior de algumas dependências (sacristias, coro, capela-mor); modinaturas, pilastras, frisos, cornijas, pináculos, estruturas retabulares, pavimentos, escadas, pia batismal em cantaria de calcário; silhares de azulejo tradicional; retábulos, órgão em talha; arcazes, portas, mobiliário de madeira; coberturas exteriores em telha cerâmica; janelas com vidro simples.
Observações
*1- DOF: Igreja de São Domingos de Benfica, incluindo, além do túmulo de D. João das Regras, o grande retábulo da capela-mor, os 2 retábulos do transepto, as 4 pinturas que se vêm nos segundos e terceiros altares, de um e outro lado do corpo da Igreja, a contar da porta da entrada, e a arca quinhentista que contém os ossos de Vasco Martins de Albergaria. *2 - trata-se de uma Zona Especial de Proteção Conjunta do Palácio Fronteira (v. IPA.00005598) e do Convento de São Domingos (v. IPA.00006478). *3 - no séc. 17, as capelas eram dedicadas a São Domingos de Soriano, Nossa Senhora da Assunção, Libertação das Almas dos Patriarcas (Evangelho) e Santos Auxiliadores, Pentecostes e Transfiguração de Cristo; cada uma delas estava protegida por grades de pau-santo, entretanto desaparecidas. *4 - Capela de pequenas dimensões e bastante alta, com as paredes ornadas por silhares de azulejo e cobertura pintada de brutesco.