Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Torre sineira da Capela Real da Ajuda

Torre sineira da Capela Real da Ajuda

O ponto de interesse Torre sineira da Capela Real da Ajuda encontra-se localizado na freguesia de Ajuda no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura religiosa, barroca. Torre sineira de planta rectangular simples, evoluindo em três registos, tendo vários respiradouros e, numa das faces, janelas rectilíneas para iluminar o interior, com escada em caracol. Possui quatro mostradores de relógios no registo intermédio e, no superior, as sineiras, em arco de volta perfeita, com moldura côncava, encimadas por frontão interrompido. Remata em cornija, com fogaréus nos ângulos e possui cobertura em coruchéu bolboso. Possui claras afinidades com a torre sineira das Necessidades, construida anteriormente e constituindo, certamente, um protótipo (v. PT031106260127). É o único elemento que subsiste da primitiva Patriarcal e Capela Real da Ajuda, cuja magnificência se perdeu pela sua difícil conservação, visto ser construída em madeira. A torre era o único elemento em cantaria, destacando-se as faces do primeiro registo com molduras salientes e a janela que surge no topo das mesmas, cuja moldura se liga ao friso superior, que a separa do registo central, cujos mostradores dos relógios são gravados na cantaria e são rematados por cornija alteada e angular, suportada por pingentes. A zona mais exuberante é a que envolve as sineiras, flanqueadas por pilastras toscanas e rematadas por invulgar frontão contracurvado interrompido, com os símbolos da Patriarcal. A cobertura é original, formando duplo bolbo, o inferior rasgado por óculos, sendo coroada por enorme esfera e galo de bronze.

Torre de planta quadrangular simples, de volume único, de disposição vertical, com estrutura alvenaria de calcário, revestida a placas de cantaria de calcário lioz e cobertura em coruchéu bolboso. Fachadas em cantaria de calcário aparente, em aparelho isódomo, percorridas por embasamento saliente, com os ângulos chanfrados e evoluindo em três registos divididos por cornija, o inferior com os panos de muro envolvidos por moldura saliente e bastante larga e possuindo, no topo de cada uma das faces, janela rectilínea jacente, com moldura de cantaria saliente, prolongando-se superiormente, até ao friso do remate, possuindo grades de ferro, formando módulos volutados. Excluindo estes elementos, o primeiro registo é diferente nas quatro faces, tendo, na principal, virada a E., porta de verga recta, protegida por duas folhas metálicas, encimada por duas janelas de peitoril rectilíneas, com moldura simples, protegidas por caixilharias de madeira e portadas interiores do mesmo material. Face lateral esquerda, virada a S., rasgada por porta de verga recta, com duas folhas de metal, tendo vestígios da empena de um corpo adossado, através de um sulco oblíquo que marca a cantaria. Face lateral direita, virada a N., cega, tendo vestígios de um corpo adossado, pois não possui revestimento de cantaria no cunhal direito e parte do pano; o cunhal direito, na face menos destruída, possui frestas de arejamento. Face posterior, virada a O., com porta elevada, provavelmente a primitiva porta de acesso à torre, com moldura de cantaria bastante irregular, tendo vestígios de um corpo adossado em empena, visível no sulco que rasga o pano. O registo intermédio é igual em todas as faces, possuindo relógio circular, com o mostrador talhado na cantaria e ponteiros de bronze, flanqueados por duas almofadas curvilíneas. Separa-se do registo superior por cornija, que se alteia na zona central, dando origem a uma cornija angular, com fecho saliente, que se apoia em três pingentes de cada lado. O registo superior é marcado pelas quatro sineiras, em arco de volta perfeita, com moldura côncava e fecho saliente e estrido, flanqueada por pilastras toscanas, que sustentam friso dórico e frontão contracurvado e interrompido, contendo, no tímpano, uma folha de palma, um pâmpano e a tiara patriarcal, marcando a hierarquia do edifício a que pertencia. A cúpula de cobertura possui duplo bolbo separado por cornija, o inferior rasgado por óculo circular emoldurado, e o superior ornado por botão e encimado por esfera e galo de bronze; nos ângulos, surgem fogaréus, alguns já desaparecidos. INTERIOR com escadaria em caracol, com 80 degraus; junto ao 67.º degrau da escada, uma porta na face N. dá para o recinto onde está instalado o relógio; este tem a inscrição: "Joze da Silva Mafra. o fez no Anno de 1796"; tem uma enorme cavidada no lado S. para os pesos, em cuja base há uma porta para o exterior.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista de calcário e tijolo; placas de revestimento, pináculos, pilastras, cornijas, friso, modinaturas, cobertua em cantaria de calcário lioz; grades das janelas em ferro forjado; caixilharias das janelas de madeira e vidro simples, com portadas de madeira; portas em chapa metálica; ponteiros dos mostradores do relógio, esfera e galo do remate em bronze.

Observações

*1 - DOF: Zona circundante do Palácio Nacional da Ajuda a saber: 1) o Jardim das Damas, com o seu mirante e outras obras arquitectónicas, único recinto ao ar livre que terá acesso directo do andar nobre do Palácio; 2) Sala de Física, pavilhão independente, do séc. 18, com obra de pintura, estuques, talha, etc.; 3) torre sineira, do séc. 18; 4) o chamado Paço Velho, ao N. do Jardim Botânico e com a frontaria para a Calçada da Ajuda. Contém quatro interessantes tectos, ricamente decorados, com pinturas e dourados que precisam de restauro; 5) o Jardim Botânico da Ajuda, com casas anexas ao S. (onde morou Brotero) e outra no ângulo SE.. *2 - a Capela Real nasceu em 1299, no Palácio da Alcáçova, criada pelo rei D. Dinis, tendo sido ampliada e com novo regimento por D. Duarte, em 1437; com D. Manuel I, foi transferida para o Paço da Ribeira, passando a estar, a partir deste momento, junto à residência régia; D. João III dotou-a com maior número de cantores; 1592 - promulgação de um novo regimento, com Filipe I, definindo que teria um mestre de canto, 24 cantores, 2 baixões, uma corneta, 2 organistas, 4 moços de estante e 18 meninos de coro; D. João V transforma a Capela Real em Patriarcal, aumentando a sua magnificência, com 4 organistas, 70 cantores e vários executantes de vários instrumentos.