Portal de Cidadania

Estação Fluvial de Sul e Sueste

Estação Fluvial de Sul e Sueste

O ponto de interesse Estação Fluvial de Sul e Sueste encontra-se localizado na freguesia de Santa Maria Maior no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura de transportes, modernista. Estação fluvial. Este é um edifício a diversos títulos pioneiro e extraordinário no panorama da arquitectura modernista em Portugal. Construída junto ao tecido urbano da reconstrução pombalina tão fortemente estruturado e caracterizado, a Estação do Sul e Sueste, embora isolada e mantida à distância, foi concebida com esse contexto no horizonte. Cottinelli Telmo tinha plena consciência do problema que se lhe colocava. Nas suas palavras, "o edificio ter[ia] esse carácter moderno em que, banida tôda a decoração sentimental e inutil, fica quasi apenas um jogo de volumes e de lisos em que falam principalmente a lógica de construção e as proporções". Para o arquitecto, a nova estação devia evidenciar a natureza da sua construção, exprimir a sua função e a sua época, não sendo de "admitir a mentira de uma máscara no estilo do Terreiro do Paço" (TELMO, 1928). Se a estação ficava "metida lá ao canto para não afrontar a praça", teria também "um ar propositadamente diferente dela para que não se julgasse que era obra do Marquês" (TELMO, 1936), para "não tentar iludir ninguém com postiços que nunca atingiriam a unidade de aspectos desejada" (A Nova Estação do Terreiro do Paço, Boletim da C.P., n.º 37, Julho 1932, p. 127). Em radical oposição aos defensores dos revivalismos, Cottinelli entendia que proceder de outro modo seria "um crime de lesa-tradição", pois considerava que a "melhor maneira de fazer realçar as belezas do Terreiro do Paço [seria] por contraste e não por concorrência". "Em última análise", dizia, "evoluindo o espírito das épocas é necessário que a arquitectura acompanhe na evolução e a marque, em vez de servir de fórmulas anteriores e atrazadas" (TELMO, 1928).

Planta longitudinal composta. Massa de acentuada horizontalidade, composta por diversos volumes paralelepipédicos adossados, com cobertura em terraço. O volume principal tem maiores dimensões que os restantes, tanto em planta como em altimetria, e corresponde interiormente ao vestíbulo de passageiros; as duas fachadas exteriores (lado de terra, voltado à Avenida Infante D. Henrique, a N.; lado do rio, a S.) são vazadas por 3 arcos de volta inteira, através de cujas portas envidraçadas se acede ao interior. Adossadas a este volume e simétricas em relação a ele (a E. e O.), existem 2 alas de planta em L com a base mais extensa voltada ao rio, com volumes mais baixos que albergam serviços de apoio. Um volume secundário, anexo a E., destinava-se originalmente ao serviço de bagagens chegadas. A partir do conjunto assim definido existem duas passagens em galeria coberta que, prolongando-se para S., conduzem ao cais e, daí, aos embarcadouros flutuantes. Entre estas duas galerias, existe uma sala de espera para passageiros com cobertura em estrutura metálica ligeira e painéis em material plástico. Nas fachadas, os elementos estruturais são rematados em altura por torres piramidais em alvenaria; ao nível das impostas dos arcos projectam-se palas de protecção das entradas. O recinto da estação é delimitado por uma vedação em ferro onde se repete um mesmo motivo ornamental geométrico. No interior do recinto existem diversas construções anexas (tanto à face do lado terra como no seu interior) destinadas a outras tantas necessidades funcionais, com uma expressão formal e construtiva díspar e sem sentido de conjunto. INTERIOR: O vestíbulo de passageiros (sala rectangular de grandes dimensões e elevado pé-direito) é ritmado por pilares de secção quadrada e por uma rede de vigas que se salienta do tecto, definindo módulos rectangulares autonomamente iluminados por clarabóias. Nas paredes laterais do vestíbulo abrem-se as bilheteiras, a cafetaria/ bar e uma sala de espera para passageiros, hoje fora de uso.

Materiais

Betão armado e moldado, alvenaria de tijolo, cantaria de calcário, mármore, mosaico cerâmico e hidráulico, ferro, azulejo.

Observações

*1 - informação colhida em bibliografia e por observação directa