Arquitectura infraestrutural, barroca e pombalina. Chafariz urbano, implantado no topo de uma rua, adossado a edificio, com forte carácter cenográfico, integrado no plano de abastecimento de água à cidade de Lisboa, a partir das Águas Livres, constituindo um dos ramais que parte desse canal. Segue a tipologia de chafariz de espaldar, com um forte carácter cénico barroco, disposto em dois níveis, ligados por escadas laterais, cada um deles com espaldar individualizado, tripartido, o inferior mais simples, dividido por pilastras toscanas e o superior por parastases, rematado por vasos com flores e alcachofras, tendo, ao centro, as armas reais, cada um deles com três bicas em forma de carranca. Estas vertem, no registo inferior para um tanque único, baixo e de perfil contracurvo, destinado aos animais, recebendo, os sobejos dos tanques superiores, estes em número de três e de planta quadrangular. Integra uma tipologia arquitectónica, aplicada a dois chafarizes deste período, o Chafariz do Rato (v. PT031106460022) e o de São Sebastião (v. PT031106501077), apesar destes serem bastante mais simples. Chafariz que apresenta elementos barrocos e pombalinos, mostrando o tipo de formação do responsável pela sua concepção, o engenheiro Carlos Mardel. Possui um alto teor cenográfico, o mais elaborado de todos os que foram construídos neste programa de abastecimento de água, que resistiu ao adossamento de um edifício, mas que o terá perdido parcialmente com a construção de um jardim na zona fronteira, que impede a sua completa visibilidade. Apresenta dois níveis de tanques, cada um com o seu espaldar, o inferior simples, dividido por pilastras toscanas, rematado por platibanda com elementos esferóides, contrastando com a zona superior, mais exuberante, com o espaldar dividido por parastases, com um jogo de pilastras, algumas em silharia fendida e colunas, que definem painéis com almofadados do tipo pombalino, de perfis recortados e por um elemento transversal a todos os chafarizes do período, uma tabela, assente em falsas mísulas com pingentes. Apesar do recurso à ordem toscana nos elementos estruturais, o engenheiro recorre à utilização de um friso dórico no remate, com os típicos triglifos e métopas, ornadas por rosetas. As bicas são em forma de carrancas, que emergem de elementos concheados, a única alusão à água em todos os elementos decorativos. Remata em pináculos na forma de vasos floridos, encimados por alcachofras.
Chafariz de planta rectangular, em cantaria de calcário lioz, desenvolvendo-se em dois níveis, com escadas laterais de acesso. O nível inferior é composto por um espaldar rectangular, dividido em três panos almofadados, por pilastras toscanas, e rematado por platibanda plena almofadada, tripartida por acrotérios, na forma de pilstras toscanas de fustes almofadados, encimados por elementos esferóides, com folhagem na base, assentes em dados. Nos panos laterais do espaldar e no central da platibanda, surge um bica, em forma de carranca, a evoluir de elemento concheado; jorram para amplo tanque rectilíneo, com a mesma dimensão do espaldar, assente em friso, tendo um muro baixo e galbado, com o centro e os ângulos exteriores côncavos; possui bordo plano, onde se encontram vários gatos de ferro, a reforçar a estrutura. O espaldar prolonga-se em duas ilhargas convexas, formando três panos semelhantes aos do espaldar, a que se adossam escadaria em cantaria, de acesso ao segundo nível do chafariz, com guardas de cantaria plenas, com corrimão saliente. A zona superior é composta por espaldar rectilíneo, dividido em três panos por parastases, assentes em plintos paralelepipédicos, as posteriores na forma de pilastras em silharia fendida e as anteriores com pilastras toscanas nos extremos e colunas toscanas ao centro, que sustentam friso dórico, as pilastras encimadas por vaso com folhagem, rematando em alcachofras. O pano central possui apainelado rectangular com dupla moldura recortada, tendo na base, uma bica semelhante às do nível inferior, encimado por tabela horizontal, também recortada e assente em duas falsas mísulas com pingentes, tendo, ao centro, elemento fitomórfico; remata em cornija volutada nos ângulos e, ao centro, reentrante, permitindo o aparecimento das armas reais, rodeadas por concheados, festões e encimadas por coroa fechada. Está flanqueado por dois fragmentos de frontão, assentes nas colunas, possuindo remate central em vaso florido, encimado por alcachofras, semelhante aos exteriores *3. Os panos laterais são semelhantes, com apainelado rectilíneo e recortado, com dupla moldura, tendo, na base, bica em forma de carranca semelhante às anteriores, e, no remate, vieira, flanqueada por acantos dispostos de forma simétrica. Cada uma das bicas jorra para um tanque quadrangular, de bordos lisos. O espaldar é flanqueado por aletas curvas, capeadas e com pináculo de bola, sobre dado, a do lado esquerdo rasgada por vão rectangular, protegido por grade metálica pintada de verde. As faces laterais são flanqueadas por pilastras toscanas, uma em silharia fendida, rematando em friso dórico, rasgadas por portas de verga recta, protegidas por folhas de madeira pintadas de verde.
Materiais
Estrutura em cantaria de calcário lioz; bicas em bronze; portas das ilhargas em madeira; vão da aleta esquerda com grades de metal.
Observações
*1 - Por decreto do Ministério da Cultura (dec. nº 5/2002 de 19 de Fevereiro) foi alterado o Decreto de 16 de Junho de 1910, publicado em 23 de Junho de 1910 que designava o imóvel como "Aqueduto das Águas Livres, compreendendo a Mãe de Água", passando a ter a seguinte redacção: "Aqueduto das Águas Livres, seus aferentes e correlacionados, nas freguesias de Caneças, Almargem do Bispo, Casal de Cambra, Belas, Agualva-Cacém, Queluz, no concelho de Sintra, São Brás, Mina, Brandoa, Falagueira, Reboleira, Venda Nova, Damaia, Buraca, Carnaxide, Benfica, São Domingos de Benfica, Campolide, São Sebastião da Pedreira, Santo Condestável, Prazeres, Santa Isabel, Lapa, Santos-o-Velho, São Mamede, Mercês, Santa Catarina, Encarnação e Pena, municípios de Odivelas, Sintra, Amadora, Oeiras e Lisboa, distrito de Lisboa". *2 - Zona Especial de Proteção Conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga (v. PT031106370084) e edifícios classificados na zona envolvente. *3 - comparando o chafariz com os planos de Carlos Mardel, verifica-se a existência de pequenas alterações ao plano inicial, nomeadamente no remate do espaldar superior, ao nível do pano central, que previa um frontão semicircular, bem como a existência de quatro vasos floridos, em vez dos três existentes; também os almofadados da platibanda do nível inferior eram mais ricos, compondo três almofadados, o central circular.