Arquitectura religiosa, manuelina e barroca. Capela de planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita, com sacristia e torre sineira adossadas à fachada lateral direita, com coberrturas interiores de madeira, de masseira na nave e em gamela na capela-mor, escassamente iluminada pela janela da capela-mor e pelo janelão do coro-alto. Fachada principal em empena, com os vãos rasgados em eixo composto pelo poral manuelino, de uma única arquivolta, por janelão rectilíneo e óculo circular. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados, rematadas por beirada tripla. Possui torre sineira de dois registos, com ventanas oitocentistas e cobertura em terraço. Interior com coro-alto assente em mísulas e guarda de madeira, com acesso pelo anexo, com púlpito no lado do Evangelho, com acesso pelo interior. A nave encontra-se revestida a azulejo de tapete, com duas padronagens, como é usual, a superior mais evoluída, com arco triunfal de volta perfeita, ostentando pinturas tardo-barrocas, flanqueado por falsos retábulos de azulejo, de estrutura maneirista. Capela-mor com retábulo de embutidos de mármore, tendo as paredes revestidas a azulejo monocromo, com cenas da vida do orago. Capela de traça quinhentista que se destaca pelo portal manuelino, que, embora simples, mostra todos os elementos que compõem uma estrutura daquele período, como os colunelos finos, as bases com toros e escócias, o arco canopial, cogulhos e as arquivoltas ornadas por elementos vegetalistas, constituindo o elemento mais interessante numa fachada muito adulterada em períodos sucessivos. A fachada posterior apresenta um frontão sem retorno, barroco, interrompido em volutas, resultando mais interessante que a principal, possuindo um cruzeiro de azulejos. Aliás, são os revestimentos de azulejo o mais interessante no interior da ermida, onde a produção de tapete se mistura com a figurativa, quer a de final do séc. 17, nos típicos retábulos fingidos, aqui a ladear o arco triunfal, quer a do séc. 18, de produção joanina, visível no ciclo da vida do orago que reveste a capela-mor. De destacar o contraste sistemático entre as modinaturas e elementos de calcário liós com algumas molduras ou elementos arquitectónicos em calcário vermelhão, bastante visível nos nichos que contêm as credencias e no próprio supedâneo da capela-mor. Este sustenta interessante estrutura de embutidos de calcário, formando três nichos e compondo uma estrutura retabular, apesar dos embutidos serem simples, formados apenas por elementos fitomórficos, como as rosas e acantos, revelando uma data incipiente do recurso a esta técnica. O pavimento possui várias sepulturas com inscrições, uma delas brasonada. São frequentes as datações que permitem aquilatar a época de feitura de vários elementos que ornam o interior. A torre sineira, muito alterada no séc. 19, possui uma sineira no topo, de volta perfeita e que poderá constituir o primitivo campanário.
Planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita, a que se adossam, no lado direito, a sacristia rectangular e torre sineira de planta quadrangular, de volumes articulados e massa horizontalista, cortada pela sineira, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas no templo, uma na sacristia e em terraço sobre a torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento saliente e pintado de amarelo, flanqueadas por cunhais apilastrados, também pintados de amarelo, e rematadas em beirada dupla, excepto na fachada principal, com friso e cornija. Fachada principal, voltada a SO., rematada em empena com cruz latina, de hastes tubulares, no vértice, flanqueada por volutas, e tendo, sobre os cunhais, pináculos cónicos. É rasgada por portal em arco canopial, de arquivolta única, apresentando cogulhos no extradorso, assente em finos colunelos, sobre bases de toros e escócias, aprsentando os capitéis decorados por elementos entrelaçados; a arquivolta é decoada por rosetas. O portal encontra-se protegido por duas folhas de madeira almofadadas. Está encimado por janelão em arco abatido e moldura de cantaria, sobrepujada por pequeno friso e protegido por grades de ferro, flanqueado por duas argolas em ferro e sobrepujada por pequeno óculo circular com moldura saliente. Fachada lateral esquerda, virada a NO., rasgada, na nave, por porta travessa de verga recta, rematada por friso e cornija, protegida por duas folhas de madeira almofadadas; o corpo da capela-mor, surge janela rectilínea, protegida por grades metálicas. Fachada lateral direita, virada a SE., marcada pelo corpo adossado da sacristia, com porta de acesso, de verga recta e moldura simples em cantaria. Adossada a esta e à capela-mor, a torre sineira, de dois registos divididos por friso de cantaria, o primeiro rasgado em duas das faces por fresta emoldurada, e com relógio quadrangular na face SO., surgindo, no segundo, três ventanas de volta perfeita, assentes em impostas e com pedra de fecho saliente, a virada a SO. entaipada. Encontra-se rematada em friso e cornija e tem cobertura em terraço, protegido por guarda metálica, surgindo, na face NE., uma pequena sineira em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e coroada por cruz latina. Fachada posterior rematada em frontão sem retorno, interrompido por várias volutas e rematado por cruz latina; é rasgado por duas frestas com molduras de cantaria e protegidas por grdes metálicas, que centram cruzeiro em azulejo, assente num monte policromo (azul, manganês, ocres e verdes), de 1/2+12+1/2+1+1/2+1+1/2x7, composto pelo reaproveitamento de 17 azulejos de diferentes painéis e períodos (renascentista, maneirista e barroco); o cruzeiro engloba 9 azulejos azuis e 6 diferentes, na intersecção 1 azulejo ocre com coroa de louro e a encimar a inscrição "INRI". A rematar inferiormente o conjunto nova inscrição sobre fundo branco "ANNO1628" e, sob esta, friso de azulejos monocromáticos e o espaço de 4 azulejos desaparecidos. INTERIOR com tecto de madeira em masseira, pintado de branco, assente em friso e cornija do mesmo material e com tirantes, tendo pavimento com mosaico cerâmico, formando axadrezado, composto por quadrados brancos e hexágonos de tom alaranjado, e por lajeado, onde se integram pedras tumulares dispostas longitudinalmente em direcção à capela-mor e paredes totalmente revestidas por azulejos policromos de padrão, em dois registos, o superior possuindo, em cada um dos lados, dois emblemas de São Sebastião, compondo um feixe de três setas envolvido por coroa. Coro-alto de madeira, assente em duas mísulas pétreas, com guarda de madeira torneada, tendo a base pintada com motivos fitomórficos, tendo acesso por porta de verga recta, no lado do Evangelho. O tecto do sub-coro forma apainelados de madeira, pintados com rosetões, pérolas e acantos, dispostos simetricamente. O portal axial encontra-se protegido por guarda-vento de madeira e vidro, flanqueado por pias de água benta, em calcário vermelho: a do Evangelho embutida no muro, compondo um nicho concheado, rematado em frontão tringular e com inscrição na base: "AQVA BENEDICTA / SIT MIHI SALVS / ET VITA"; a pia do lado oposto assenta em base troncopiramidal, decorada por elemento vegetalista, terminando em bacia circular, que fica embutida no muro e enquadrada por nicho de volta perfeita, revestido a azulejo monocromo, branco, um deles ornado por estrela azul, de oito pontas, tendo, na base, a data "1642". No lado do Evangelho, a porta encontra-se sobrepujada por painel de azulejos figurando São Cristóvão com o Menino. No lado oposto, o púlpito quadrangular, com bacia de pedra calcária e guarda de talha dourada e pintada de vermelho e verde, com os ângulos formados por estípides, tendo as faces ornadas por apainelados, o da face central recortado e decorado por florão, envolvido por concheados e flores-de-lis. Tem acesso por porta de verga recta com moldura em calcário vermelho, protegido por uma folha de madeira com almofadados em losango. Sobre a porta, painel de azulejo com a Pomba do Espírito Santo, de composição horizontalizante de 4x6 azulejos, inserida em cercadura simétrica de rosários e de acantos. Sob o púlpito, surge uma porta falsa, de azulejos policromos em azul e ocre, com a representação de almofadas e ferrolho, de composição verticalizante de 10+1/2x1/2+5 azulejos insere-se em cercadura simétrica de esponjados. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, totalmente pintado com "putti", carrancas, albarradas floridas, atlantes em "grisaille", elementos vegetalistas e grinaldas; os seguintes estão preenchidos a azulejo policromo com motivos vegetalistas e o arco está protegido por teia de madeira torneada, fixa por balaústres em calcário vermelho. O arco remata em estrutura de madeira, que acompanha a forma da cobertura, formando apainelado central, pintado com a "Flagelação de Cristo", de onde evoluem festões, que ligam aos painéis laterais, pintados de branco e de marmoreados fingidos azuis. Encontra-se flanqueado por duas falsas estruturas retabulares em azulejo, a do lado do Evangelho com São Pedro, encimado por painel de São Francisco, e a oposta com São Paulo, encimado por painel com Santo António. O intradorso do arco apresenta painéis monocromos (azul sobre fundo branco) figurativos que acompanham o desenho do arco triunfal com a representação de anjos tenentes, rodeados por barra de enrolamentos de acanto suportados por atlantes. Elevada por um degrau, a capela-mor possui tecto de madeira em gamela, formando caixotões pintados de branco, tendo pavimento em lajedo de calcário. As paredes encontram-se revestidas a azulejo figurativo, em monocromia, azul sobre fundo branco, formando dois registos de apainelados com cenas da vida de São Sebastião, enquadrados por dois tipos de moldura: nos painéis inferiores, volutas e contra-volutas às quais se adossam anjos e folhagens suportadas por plintos que acompanham o desenho dos degraus e, nos painéis superiores, plintos com cariátides suportando urnas floridas, com pássaros, golfinhos, carrancas, concheados e flores. No lado do Evangelho, surgem representados "Prisão de São Sebastião", "Martírio de São Sebastião"e "São Sebastião perante Diocleciano", aparecendo, no lado oposto, "São Sebastião como guerreiro", "Santa Irene cura as feridas do santo" e uma "Flagelação de São Sebastião". Confrontantes, dois nichos rectilíneos, com molduras em cantaria de calcário vermelho, contendo credencias de cantaria, compostas por tampo assente em balaústre, encimadas por azulejo monocromo (azul sobre fundo branco) rectangulares com albarradas floridas assentes sob plinto enquadradas por volutas e contra-volutas, tendo, inferiormente, friso com motivo de cordame; sob a tampa da credência, azulejos de figura avulsa com diversos motivos centrais isolados e enquadrados por aranhiço nos ângulos. Sobre supedâneo de dois degraus em cantaria de calcário vermelho, a mesa de altar, sobre dois pilares simples. A parede testeira possui a estrutura retabular, em embutidos de calcário, de três eixos definidos por seis pilastras toscanas, que sustentam três nichos de volta perfeita e pedras de fecho salientes, os laterais com abóbada de concha. Entre as pilastras, surgem apaianelados de embutidos com rosetões rodeados de acantos. A estrutura assenta em friso e cornija, na base das quais está o altar-mor paralelepipédico, encimado por três apainelados de embutidos, flanquedo por duas portas de verga recta e uma folha de madeira almofadada, de acesso à dependência posterior.
Materiais
Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; portal em calcário; modinaturas, cunhais, sineira, pavimento da capela-mor, credencias, mísulas do coro-alto em cantaria de calcário liós; embutidos de calcário; supedâneo, bacia do púlpito e modinaturas em calcário vermelhão; azulejo tradicional; grades em ferro fundido; coro-alto, tectos, portas, púlpito em madeira; janelas com vidro simples, coberturas exteriores em telha; pavimento da nave em ladrilho cerâmico.
Observações
*1 - o retábulo desmontado foi colocado em exposição na capela dos Meninos de Palhavã, no Mosteiro de São Vicente de Fora (v. PT031106510059).