Edifício de escritórios construído na década de 70 do séc. 20, de planta retangular, numa zona histórica da cidade, afirmando-se plenamente na malha urbana, não se preocupando em estabelecer diálogo com as construções envolventes. Apresenta característica do Movimento Moderno do pós guerra, de linhas arquitetónicas simples e geométricas, verticais e horizontais, evidenciando os elementos construtivos, como os pilares e prumos de betão, com palas que formam quebra-sol, sendo coberto por terraço. As fachadas são amplamente rasgadas por vãos retilíneos simples, com caixilharia de alumínio e decoradas inferiormente com pastilhas cerâmicas azuis, elemento decorativo muito utilizado na arquitetura entre os anos 60 e 70. No interior, os pisos, projetados para escritórios, estruturam-se em torno de caixa de escada e dois elevadores, dispostos ao centro, em torno dos quais se distribuem os gabinetes e instalações sanitárias, separados entre si por paredes não estruturais. O último piso no projeto original apresentava um apartamento para porteira. O programa arquitetónico chegou aos nossos dias sem alterações irreversíveis. Faz parte de um conjunto de edifícios construídos de raiz em diversos pontos da cidade, em plenos bairros históricos consolidados, na segunda metade do século 20, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, visto considerar-se na época a adaptação de edifícios existentes muito onerosa e pouco satisfatória face às necessidades específicas dos equipamentos a instalar, constituindo este um excelente exemplo de arquitetura do final dos anos 60, início dos anos 70. O edifico foi desenhado pelo arquiteto José Segurado, autor, entre outros, do projeto da Pousada do Infante em Sagres (1960), e que integrou a equipa de projetistas responsáveis pela conceção dos edifícios na Av. dos EUA, n.º 97 e Av. de Roma, n.º 58, 63 e 60, e na Av. João XXI, n.º 3 a 9 e 4 a 22.
Planta retangular simples, com massa disposta na vertical e coberturas em terraços. Fachada principal virada a oeste, para a R. Passos Manuel, marcada por esquadria de quatro pilares, criando três panos, e com sete frisos separadores de pisos coincidentes com as lajes, todos pintados a vermelho. Piso térreo rasgado por três amplos vãos retilíneos, encimados por palas, com caixilharia de alumínio, sendo o central de porta. Entre os pisos dois e seis, abrem-se entre os pilares verticais, conjunto de quatro janelas verticais, com caixilharia em alumínio, bandeira e pano de peitoril envidraçados, separados entre si por pilaretes pintados de branco e assentes sobre pano de muro revestido com pastilhas cerâmicas azul. O oitavo piso surge recuado, não visível da R. Passos Manuel, rasgado por uma porta, que abre para terraço, e cinco frestas. Fachada posterior, voltada a E., para logradouro, idêntica à principal, mas com nove pisos, os dois inferiores avançados, cobertos por terraço. INTERIOR: planta dos pisos idêntica, retangular, com caixa de escada, e dois elevadores ao centro, em torno dos quais se organizam as dependências separadas entre si por pares não estruturais: na cave, posto de transformação, casa da bomba e arrumos; no piso térreo, vestíbulo, alinhado com o pano central da fachada principal, de pavimento em mármore e paredes revestidas a azulejos vidrados, castanhos, instalações sanitárias e arrumos; no segundo e sétimo piso, existem gabinetes de trabalho, separados por paredes em pladour, e instalações sanitárias encostadas à empena lateral esquerda, ao centro; no oitavo piso, de menor área, recuado e sem elevador, fica a casa dos elevadores, duas instalações sanitárias e sete salas *1. A cave e o segundo piso têm acesso a pátios que se desenvolvem nas traseiras do imóvel. Escada em "U", com patamares intermédios, em mármore preto e branco e guarda rebocada e pintada, com guarda em alvenaria rebocada e pintada na mesma cor das paredes, beije. Pavimento da cave e piso térreo em linóleo e nos superiores em tacos de madeira. Paredes dos gabinetes rebocadas e pintados de branco, com tetos falsos.
Materiais
Estrutura de betão; alvenaria rebocada; revestimento das fachadas com pastilhas cerâmicas; caixilharia de alumínio; pavimentos em tacos de madeira, materiais sintéticos e cerâmico; escadas em mármore; vidros simples; revestimento das paredes do vestíbulo com azulejos; coberturas em terraço.
Observações
*1 - No projeto original, no lado esquerdo do 7.º andar situava-se a habitação da porteira, composta por quarto, sala, casa-de-banho, cozinha e pátio exterior voltado para a R. Passos Manuel. Este apartamento foi convertidos em gabinetes e bar.