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Grupo Escolar da Calçada da Tapada

Grupo Escolar da Calçada da Tapada

O ponto de interesse Grupo Escolar da Calçada da Tapada encontra-se localizado na freguesia de Alcântara no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Escola primária, projetada e construída no primeiro quartel do século 20 pelo arquiteto Raúl Lino, obedece às características pedagógicas higienistas exigidas para a escola da I República. Muito embora já se encontrasse em funcionamento aquando da publicação do Decreto n.º 6:137, de 1919, que reorganiza o ensino infantil e primário normal, fixando as condições físicas a que um edifício destinado ao ensino deve obedecer, nomeadamente no que respeita à sua localização (em local central, salubre e de fácil acesso, longe de vizinhanças incómodas e perigosas), às condições requeridas para a sala de aula - superfície nunca inferior a 1 m2 por aluno, altura mínima de 3 metros, 2,80 metros do sobrado ao teto, uma porta e, pelo menos, duas janelas (com bandeiras móveis ou ventiladores, colocadas preferencialmente do lado esquerdo, ou em ambos, numa superfície envidraçada nunca inferior a um décimo da superfície total da sala), chão com caixa-de-ar e soalho que facilite a limpeza, tetos forrados de madeira e pintados a branco, ou estucados, paredes pintadas a dois tons (o mais escuro até 2 metros do solo), a parte inferior deve facilitar a limpeza -, à existência de vestiários, sanitários, espaços de circulação, locais específicos para recreios ao ar livre (jardim ou pátio) e cobertos (alpendre), a escola da Calçada da Tapada preenche todos os requisitos aí dispostos. De referir ainda a importância dada no projeto à cantina (primeiro piso) / sala de leitura (segundo piso), espaço destacado, amplo e muito bem iluminado, ao espaço dedicado ao corpo docente (num alpendre fechado a ladear a entrada), logo à entrada, facilitando a vigilância das entradas e saídas, bem como a ligação ao exterior (escola / família), e ao museu, espaço por excelência dedicado ao ensino empírico. Da mesma forma, a aprendizagem pela arte é também ela considerada a partir da profusão de pintura mural existente (átrio e espaços de circulação com ciclo dedicado aos ofícios de Alcântara, salas e cantina com cenas campestres e animais domésticos). A este imóvel foi acrescido um segundo edifício na década de 1950, projetado e construído por Alberto Aires braga de Sousa, ao abrigo da segunda fase do Plano dos Centenários, programa de construção em larga escala levado a cabo pelo Estado Novo a partir de 1941, em sucessivas fases, com o objetivo de constituir uma rede escolar de abrangência nacional. Nesta segunda fase do plano dos Centenários em Lisboa processa-se uma decisiva viragem para uma arquitetura moderna. Apesar de se tratar de um projeto do mesmo autor de três das cinco escolas construídas pela autarquia lisboeta ao abrigo da primeira fase do Plano dos Centenários (Alto de Santo Amaro, Rua Actor Vale e Praça do Ultramar / Novas Nações), o projeto para o segundo edifício da Calçada da Tapada apresenta-se livre do historicismo representativo da primeira fase, e não se apresentando também condicionado pela preexistência (como acontece com o projeto de Dário Vieira da Silva para o Arco do Cego), revela uma visão humanizada e funcional do edifício. Interiormente, o seu programa funcional segue as orientações iniciais do plano dos Centenários. A unidade de construção continua a ser a sala de aula, com uma capacidade máxima de 40 crianças (medindo 8 x 6 metros, com 3,5 metros de pé-direito, servidas por grandes janelas). Os grupos escolares deveriam desenvolver-se em número par, constituindo dois blocos idênticos, um destinado a alunas e outro a alunos. Neste caso foi construída apenas uma das secções, no prolongamento do recreio coberto, para ocidente, por forma a dividir a área destinada ao recreio externo.

Planta poligonal, composta, resultante da articulação de dois edifícios justapostos, de um, dois e três pisos. EDIFÍCIO RAUL LINO: planta em forma de U, resultante da junção de quatro módulos, maioritariamente de dois pisos, em torno de um pátio interno, semifechado. A perna esquerda do U, composta por dois módulos, apresenta, no final do primeiro uma saliência semicircular, após o que se completa em apenas um piso. Existe ainda um terceiro piso, uma cave, praticamente invisível do exterior, detendo apenas algumas frestas de iluminação. As suas coberturas são em telhado, de duas, três e cinco águas. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por janelas retilíneas com moldura de verga reta, de quatro batentes sob bandeira de caixilho envidraçado. O acesso ao edifício é feito a sul, para onde se encontra orientada a sua fachada principal, de quatro panos. O primeiro dos quais é centralizado por uma janela de sacada com moldura de verga reta, antecedida por pequeno alpendre murado, ao nível do primeiro piso. No segundo piso, rasga-se uma janela de sacada emoldurada por arco de volta perfeita com impostas e pedra de fecho salientes. O segundo pano é rasgado em ambos os pisos por três janelas retilíneas separadas por cunhal de alvenaria. O terceiro pano apresenta, ao nível do primeiro piso um alpendre fechado com cobertura telhada de duas águas, que antecede a entrada, precedido por três degraus, é centralizado por um arco de volta perfeita com pedra de fecho saliente, ladeado por duas janelas retilíneas que encimam dois silhares de azulejo enxaquetado. No segundo piso uma janela retilínea ladeada por duas pequenas seteiras. O quarto pano apresenta um avanço do primeiro piso, com cobertura telhada a três águas, e rasgado por três janelas retilíneas separadas por cunhais de alvenaria simples. Encima-o uma parede cega. A fachada esquerda, virada a ocidente, é composta por cinco panos, sendo os três primeiros de um só piso e os dois segundos de dois pisos. Os dois primeiros correspondem às fachadas lateral e frontal da estrutura alpendrada que serve de recreio coberto, apresentam uma cobertura telhada a duas águas assente em parede murária de tijolo e, entre cada duas, coluna simples. O segundo pano apresenta três janelas retilíneas. O terceiro pano, já de dois pisos, corresponde ao semicilindro da planta e é rasgado por cinco janelas de sacada, girantes, em ambos os pisos. Segue-se o quarto pano, também de dois pisos é rasgado, em cada piso, por três janelas retilíneas, de peitoril, separadas por cunhais de cantaria simples. A fachada norte, fachada posterior, de dois pisos, apresenta quatro panos. Os dois primeiros (topo da perna direita do U) são rasgados, em ambos os pisos, por três janelas retilíneas separadas por cunhais simples (o primeiro) e uma janela isolada (o segundo), fazem ângulo com a face interna dessa perna do U, rasgada por cinco janelas retilíneas em cada piso. Faz ângulo com o pano seguinte, rasgado em cada um dos seus dois pisos por uma janela retilínea. Faz novamente ângulo com a face interna da perna esquerda do U, esta, de dois pisos apenas na primeira metade, rasgada por uma janela em cada piso, e correspondendo ao acesso ao recreio coberto na outra metade, apresentando um vão a meia altura. INTERIOR: acede-se ao interior do edifício a partir do corpo avançado da sua fachada sul, aí se encontra o átrio de distribuição e, do seu lado direito, a sala do corpo docente, segue-se o vestiário e o acesso às cinco salas de aula do primeiro piso (duas do seu lado esquerdo, orientadas a sul e a poente, e três do seu lado direito, orientadas a nascente e norte). O átrio permite, igualmente, aceder às escadas e, assim, ao segundo piso, onde se distribuem, seguindo as mesmas orientações, mais cinco salas de aula. Sobre o átrio encontra-se o museu. A poente, no primeiro piso, o bloco saliente semicircular é ocupado pela cantina (a "casa querida dos pequenos", segundo o arquiteto), seguida por cozinha e recreio coberto. Sobre a cantina encontra-se uma sala de leitura intercomunicante com a sala de aula que lhe fica contigua. EDIFÍCIO DE ALBERTO BRAGA DE SOUSA: planta longitudinal, simples, surge a norte do edifício anterior, desenvolvendo-se, em dois e três pisos, no sentido poente / nascente. A sua cobertura é plana. As suas fachadas são rebocadas e pintadas a branco e sangue de boi, rasgadas por janelas retilíneas com peitoril e verga corridos, retos, de alvenaria simples. A sua fachada principal encontra-se orientada a sul, correspondendo à fachada principal do corpo letivo, apresenta dois panos, de três pisos, sendo o primeiro correspondente ao recreio coberto, uma galeria aberta sobre pilotis, no fim da qual se encontra, no segundo pano, a porta de acesso ao interior. Os segundo e terceiro pisos são rasgados, cada, por quatro grupos de oito janelas retilíneas separados por cunhais de alvenaria, ladeados, à direita por um pano rasgado por grelha vertical de iluminação, o que deixa antever uma caixa de escadas. Entre cunhais a parede é pintada a sangue de boi. As fachadas esquerda e direita apresentam paredes cegas. A fachada norte, encostada ao talude que separa a escola do terreno do Instituto Superior de Agronomia, é de apenas dois pisos, sendo rasgada, junto ao teto de cada piso, por pequenas janelas basculantes retilíneas. INTERIOR: acede-se ao interior por um átrio de onde partem os espaços de circulação, corredor do rés-do-chão, escadaria e corredor do primeiro andar (ambos os corredores com iluminação unilateral orientada a norte), que dão acesso a oito salas de aula semelhantes entre si (com 8 x 6 metros e 3,50 metros de pé-direito), com iluminação unilateral a sul. Pelo átrio acede-se igualmente à estrutura alpendrada que serve o recreio coberto. O recreio descoberto encontra-se hoje servido por um campo de jogos e equipamentos lúdicos. Todo o recinto é vedado por cerca de arame.

Materiais

Estrutura em alvenaria de tijolo (edifício Raul Lino) e em betão armado (edifício Alberto Aires braga de Sousa), rebocada e pintada; socos, revestimentos, degraus e pavimentos em cantaria de calcário; caixilharias em madeira, vidro e metal; azulejo.

Observações