Núcleo urbano sede de freguesia. Vila situada em planície. Povoação formada a partir da implantação de igreja quinhentista e configuração do rossio com traçado trapezoidal. Crescimento linear contemporâneo tendo por referência as principais vias, uma paralela ao curso de linha de água e outra correspondente à estrada real. Até ao início do séc. 19, o núcleo urbano da freguesia resume-se à igreja matriz, rossio, às casas de serventia ao culto e a alguns estabelecimentos de comércio, sendo a ocupação do restante termo caracterizada por pequenos núcleos dispersos, quintas, casais e "montes", de vocação agrícola. Só a partir de meados do século 19, e sobretudo ao longo do século 20, é que se consolida o núcleo genético, organizado em torno da matriz, que se expande tomando como eixos de orientação as principais vias de comunicação que o atravessam. O espaço edificado inclui vários exemplares do que parece ser uma tipologia-padrão de fachada, em que os lotes têm aproximadamente as mesmas dimensões e se recorre, invariavelmente, a um mesmo sistema janela-porta-janela com platibanda. É maioritariamente formado por correntezas de casas térreas, cobertas por açoteias ou telhados, sendo estes de duas águas ou de quatro águas e revestidos com telha de canudo, vãos de cantaria e elementos decorativos, como cornijas, platibandas, socos e pilastras, em massa, por norma coloridos em tons pastel, ocres ou azuis. Em termos cromáticos, nas fachadas das zonas antigas predomina o branco da cal, mas há também numerosos casos de fachadas coloridas, e inclusive algumas cobertas por azulejos esmaltados. O espaço que se pode denominar como o "núcleo genético" da vila, isto é, o antigo rossio da igreja matriz (hoje Largo da República), encontra-se actualmente no extremo ocidental da povoação, deslocadoem relação ao todo, uma vez que a expansão do primitivo núcleo urbano se processou quase exclusivamente para N. e para N., em parte como resultado da atracção exercida pela cidade de Tavira. O tecido urbano das zonas mais antigas da vila está razoavelmente preservado, sobretudo nas correntezas de casas que existem ao longo da EN125 e da Rua de Nossa Senhora da Luz. Na década de 1970, junto o antigo rossio foi construído um conjunto de habitação social pelo Fundo de Fomento da Habitação, que depois agregou vários edifícios com equipamentos públicos.
O núcleo inicial da vila da Luz de Tavira encontra-se no actual Largo da República, espaço de planta trapezoidal, anteriormente designado como Rossio, onde se localiza a matriz quinhentista (v. PT050814030015) e uma série de edifícios civis que, no seu conjunto, delimitam o perímetro do espaço, que se posiciona ainda como limite ocidental da povoação. O edifício mais antigo e monumental desta zona é a referida igreja matriz, que ocupa o topo oriental do largo, a qual terá sido edificada em meados do século 16, em substituição de uma primitiva paroquial manuelina. Todo o largo é circunvalado por uma via de circulação, a partir da qual se acede à EN125 (antiga Estrada Real), à EM514-3 / Rua Nossa Senhora da Luz (que dá acesso à povoação de Santo Estêvão), à zona do Bairro da Luz de Tavira (v. PT050814030120) e também à EM516 (que dá acesso ao vizinho lugar de Amaro Gonçalves). O traçado urbano apresenta desenvolvimento linear, organizado em função da polaridade do rossio ou largo da igreja e do cruzamento perpendicular entre duas vias principais. O tecido construído é essencialmente formado por edifícios térreos, sobretudo casas de habitação, datáveis de finais do século 19 ou do século 20 (numa das fachadas lê-se a data de 1923), algumas com portais laterais de acesso aos quintais, e antigos armazéns agrícolas. É na frente urbana que delimita o extremo N. do Largo da República que se localizam a casa paroquial (recuada em relação às demais construções, e antecedida por um quintal rodeado por muro) e o edifício da Junta de Freguesia (construído no último quartel do século 20). Os edifícios da zona envolvente ao Largo da República são vulgarmente cobertos por telhados de duas ou de quatro águas (telhados de de tesouro"), ou, em alternativa, por açoteia (terraço). A maioria exibe cornijas e platibandas decoradas com elementos decorativos em massa (com letras, anagramas, motivos geométricos ou vegetalistas), mas também socos, pilastras, cunhais, igualmente em massa ou de cantaria. De destacar ainda um interessante conjunto de chaminés tradicionais, com exemplares das típicas chaminés rendilhadas, mas também de tipologias mais incomuns, como seja a denominada chaminé "tipo-balão". A partir do Largo da República, o núcleo urbano prolonga-se essencialmente ao longo de duas vias de comunicação, a Rua de Nossa Senhorada Luz (S.-N.) e a EN125 (E.-O.). A frente urbana da primeira é constituída por duas correntezas de casas contíguas, com fachadas perfeitamente alinhadas e paralelas à rua. A sequência é apenas interrompida, sensivelmente a meio, por duas travessas perpendiculares à via principal, que dão acesso ao Bairro da Luz de Tavira (a ocidente) e a um pequeno núcleo de casas térreas organizado nas traseiras da rua (a oriente). O espaço edificado da zona da Rua de Nossa Senhora da Luz é maioritariamente composto por edifícios térreos, datáveis da primeira metade do século 20, mas apresenta um número significativo de edifícios com dois pisos (na maioria dos casos resultantes da remodelação de antigas construções térreas) edificados ao longo do último quartel do século 20 ou depois. As construções desta zona são, na sua maioria, cobertas por telhados de duas ou de quatro águas e, com menor frequência, por açoteia. Tal como se verifica no Largo da República (Rossio), a maioria dos edifícios desta zona também apresenta cornijas, pilastras, cunhais e platibandas decoradas com elementos decorativos em massa (sobretudo com motivos geométricos e vegetalistas). Também na zona da EN125 o espaço edificado é constituído por duas correntezas de edifícios com fachadas alinhadas e paralelas à estrada, que são irregularmente interrompidas por algumas travessas e caminhos de serventia secundários, perpendiculares à via principal. No conjunto dessas vias secundárias, merecerão especial referência, pela sua importância, as ruas 5 de Outubro, 1º de Dezembro e do Burguel, assim como a Estrada da Palmeira, que se abrem no sentido Sul-Norte, mas igualmente a Rua da Estação (cuja urbanização remonta apenas à segunda metade do século 20) e a Estrada das Antas, estas últimas no sentido Norte-Sul. De um modo geral, o espaço construído ao longo das referidas vias secundárias não é tão compacto e denso como o que existe ao longo da via principal. As construções existentes ao longo da EN125 são, maioritariamente, térreas, e datáveis de finais do século XIX ou das primeiras décadas do século XX, apesar de existir um significativo número de edifícios de dois pisos, sendo estes quase todos datáveis do derradeiro quartel do século 20. Os edifícios desta zona, sobretudo os mais antigos, são geralmente cobertas por telhados, de duas ou de quatro águas, ou então por açoteia (terraço). Tal como se verifica no Largo da República e na Rua de Nossa Senhora da Luz, a maioria dos edifícios desta zona, sobretudo os de construção mais antiga, exibem cornijas, pilastras, cunhais e platibandas decoradas com elementos ornamentais em massaFaz também parte do núcleo urbano da vila o denominado "Bairro" (v. PT050814030120) um conjunto de prédios com quatro pisos, destinado a habitação social, cada um com quatro pisos, junto do qual se situa o edifício térreo do Centro de Saúde da Luz de Tavira, inaugurado na década de 90 do século 20. Também junto à zona do Bairro, está o Mercado Municipal da Luz de Tavira, inaugurado no final da década de 80 do século 20 e organizado em torno de um pátio central aberto e ainda outros edifícios de utilidade pública*2. Por último, refira-se ainda a existência de um pólo urbanístico implantado a SE. do núcleo genético, ao longo da margem ocidental da Estrada das Antas, o Lux de Tavira Residence, empreendimento turístico de grandes dimensões, construído já no início da 2ª década do século XXI. Parte dos edifícios que constituem a correnteza de casas que forma a frente urbana oriental da Rua de Nossa Senhora da Luz foram construídos sobre plataformas colocadas sobre um antigo curso de água, o designado ribeiro de Nossa Senhora da Luz, que descia da zona N. do território da freguesia e passava nas traseiras da igreja matriz, indo desaguar a Sul da Estrada Real (actual EN125). A urbanização dessa zona terá começado logo após a abertura da estrada de ligação entre a Luz de Tavira e a vizinha povoação de Santo Estêvão, a oriente da qual corria o ribeiro, ocorrida em 1890. Os primeiros edifícios dessa estrada/rua terão sido construídos logo após a abertura da estrada, formando então uma fachada contínua, que se afastava progressivamente do centro urbano, em direcção a Norte, ao longo de cerca de 200 metros, acompanhando a dita estrada. Contudo, note-se, nessa fase inicial, apenas a zona a ocidente da estrada para Santo Estêvão (actual Rua de N.ª Sr.ª da Luz) terá sido urbanizada, uma vez que a oriente desta corria o ribeiro, que lhe era paralelo. A urbanização da frente urbana implantada a ocidente da estrada de Santo Estêvão ter-se-á prolongado, no mínimo, até 1914 (data inscrita numa cantaria do extremo norte da correnteza de casas). Porém, a partir da 2ª década do século 20, com o aumento significativo da população residente, e a vontade desta em permanecer o mais próximo possível do núcleo urbano da freguesia, torna-se imperativo alargar a construção à zona situada a oriente da mencionada estrada para Santo Estêvão, uma zona urbanisticamente privilegiada, mas onde corria o leito do ribeiro. A solução encontrada foi a de colocar plataformas sobre o antigo curso de água (que foi regularizado) e, sobre elas, construir uma nova correnteza de casas.
Materiais
Não aplicável
Observações
*1 Os seguintes lugares: Igreja, Palmeira, Maragota, Belmonte, Amaro Gonçalves, Livramento, Campina da Luz, Torre de Aires, Morgadinho, Arroteia (de Cima e de Baixo), Brejo, Pereirinhas, Fundo, Pinheiro, Rato, Arroio e Antas. *2 Instituições como sejam a sede da Sociedade Columbófila Luzense, construída em 1999, e a sede do Rancho Folclórico da Luz de Tavira (fundado em 1963).