Arquitetura infraestrutural, cultural, novecentista, eclética. Edifício que conjuga elementos ecléticos, proto-modernistas e característicos da Casa Portuguesa. Estação elevatória de águas de planta rectangular, em betão armado e cimento, genericamente a caminho de uma linguagem arquitectónica modernista (na funcionalidade dos espaços, na organização dos vãos de iluminação), mas ainda com elementos ecléticos (métopas da cornija superior do Reservatório e frontão sobre o pano central da fachada principal da Casa das Bombas) elementos de construção tradicional algarvia ( registos superiores das fachadas do Reservatório tratados com cartelas rectangulares relevadas sem decoração ) e elementos da Casa Portuguesa de Raul Lino *10 (painéis de azulejos como apontamentos decorativos).
Planta longitudinal irregular, composta por dois edifícios principais (casa das Bombas e Reservatório) e três reservas de água (Fonte da Praça, tanque e Bebedouro). Volumes articulados dispostos horizontalmente, à excepção do Reservatório, que se dispõe verticalmente. Coberturas diferenciadas, a Casa das Bombas com telhado de duas águas e o Reservatório com cúpula pouco pronunciada, em forma de terraço circular; restantes espaços descobertos. CASA DAS BOMBAS: planta longitudinal regular, desenvolvendo-se paralelamente ao rio e em ligeiro desnível S. - N.; ângulos do edifício marcados com cunhais pouco pronunciados Fachada principal orientada a N. e organizada a um só registo de três panos diferenciados, com embasamento pronunciado e realizado através de lajes de pedra polida dispostas verticalmente. Pano central composto por uma porta de arco recto, que corresponde à entrada principal, com lintel reforçado por moldura em cantaria, decorada com losangos no rodapé, que ocupa cerca de um terço de altura, e por rectângulos de vidros quadriculados até ao topo; a encimar a porta um painel de azulejos formado por duas linhas horizontais de 10 azulejos, de padrão floral de folhas de quatro pétalas inseridas num fundo azul, delimitados por uma ligeira moldura azulejar de motivos geométricos; arquitrave desenvolvida a toda a largura da fachada, com cornija imediatamente acima dos azulejos e prolongando-se em frontão irregular curvo neste pano central, com extremidades salientes no sentido vertical e definido lateralmente por duas volutas. Panos laterais idênticos com duas janelas de dimensão idêntica a ladear o portal principal, quadrangulares e com lintel e parapeitos em cantaria, encimadas por painéis de azulejos iguais ao do pano central, apenas maiores no sentido horizontal; arquitrave antecede o beiral bastante desenvolvido, que é interrompido ao centro pelo frontão do pano principal, com dois pequenos fogaréus nas extremidades. Fachadas laterais orientadas a E. e a O. organizadas de forma idêntica, com embasamento acompanhando o declive do terreno, duas janelas iguais às dos panos laterais da fachada principal, encimadas por um painel de azulejos e por uma cornija pouco pronunciada; terminam em frontão triangular acompanhando o desenho do telhado, prolongando a ampla cornija que rodeia todo o edifício. Fachada posterior virada a S., de menor altura pela cota mais alta do terreno, rompe a simetria das restantes fachadas, contendo apenas dois elementos definidores dispostos simetricamente no alçado mas de dimensões diferentes: uma janela a O. com lintel pronunciado e encimada por um painel de azulejos e uma porta de serviço a E., de arco recto e lintel moldurado em cantaria, sem qualquer painel de azulejos a encimá-la; ao centro, uma caixa de electricidade com embasamento quadrangular em pedra. INTERIOR: Espaços diferenciados em duas divisões rectangulares, com tectos rectos em estuque; Sala das Máquinas: acesso a partir da porta principal, espaço com ampla iluminação natural (quatro janelas de três alçados diferentes), integralmente ocupado por dois motores de captação de água e respectitas tubagens, sendo a secção SE. das paredes preenchida por azulejos brancos: Sala de Serviços com acesso interior através da Sala das Máquinas, por uma porta recta de bandeira de duplo lume preenchida por vidro, e com acesso exterior pela porta na fachada posterior. RESERVATÓRIO: planta quadrangular regular, com embasamento parcial (fachada E.). Fachada principal orientada a N., a que se adossa um tanque que ocupa a maior parte do comprimento do alçado desde o ângulo E.; entre o tanque e o ângulo O. uma porta de acesso ao interior, de arco recto com moldura em cantaria, de vão bastante estreito e alto, a que se acede por meio de um degrau; cornija antecede a arquitrave, desenvolvendo-se superiormente um beiral assente em métopas; telhado assenta numa estrutura quadrangular que acompanha a planta do edifício, decorada nas faces laterais com cartelas de relevo diferenciado, sem elementos decorativos. Fachada E. com embasamento pronunciado até ao nível da parte superior do tanque, desenvolvendo-se posteriormente sem qualquer elemento divisor à excepção de uma cartela com inscrição. Fachada S. adossada ao muro que divide a envolvente em duas cotas distintas, sem elementos decorativos ou divisores, parcialmente encoberta pelo adossamento do reservatório a um edifício contíguo. Fachada O. idêntica às restantes, compõe-se de uma massa homogénea vertical, sem qualquer elemento; ângulo S. adossado a um edifício contíguo. FONTE DA PRAÇA: localiza-se entre a Casa das Bombas e o Reservatório; chafariz circular vertical, com um tanque de planta irregular, definindo um quadrilátero que acompanha o muro a que se adossa a fonte. TANQUE: planta rectangular regular, adossado à fachada principal do Reservatório; compõe-se de três bicas ao nível do solo, de feição circular e sem elementos decorativos; estrutura diferencia-se do Reservatório pelo diferente revestimento do fundo, em pedra polida acinzentada definindo um pequeno frontão triangular irregular de diferente relevo das extremidades para o centro. BEBEDOURO: planta rectangular regular e estreita, desenvolve-se longitudinalmente em relação ao prolongamento O. da fachada posterior do Reservatório, de onde sai uma pequena bica que abastece o leito; secção S. adossada a um edifício contíguo, com parapeito regular horizontal; para N., em direcção ao rio, um amplo espaço público quadrangular.
Materiais
Alvenaria rebocada e caiada; Betão armado; ferro fundido; madeira; vidro; telha; azulejo
Observações
*1 - Devido ao diminuto espaço do Centro Interpretativo, propôs-se como metodologia museológica a expansão de conteúdos científicos ao exterior, "que deve aludir às memórias do abastecimento e ao quotidiano urbano que se respirava nesse local" (LOPES, 2001); *2 - Construtor do Depósito de água no Alto de Santa Maria em 1932, conforme lápide no local; *3 - Ao longo dos séculos, o Chafariz da Praça teve como principais funções o abastecimento de água à população, a moagem de cereais, a curtição de peles e o abastecimento às embarcações (LOPES, 2001); *4 - Em época incerta, junto a esta fonte, existiram alcaçarias, estruturas para o ttratamento de peles. O topónimo "Pelames" indica isso mesmo (VASCONCELOS, 1989); *5 - Foram quatro as vertentes essenciais deste projecto: aproveitamento do Chafariz da Praça e sua nascente; construção de um reservatório; construção da Casa das Bombas; instalação das máquinas, situando-se o "reservatório de captação por baixo do edifício" (LOPES, 2001); *6 - Este projecto pautou-se pela construção de dois poços de captação de água na Fonte da Praça e seu transporte para o depósito situado no Alto de Santa Maria; os dois grupos moto-bombas custaram 29.400$00 e o depósito 90.612$00 (ANICA, 2002); *7 - entre as várias medidas aqui constantes, destacava-se a obrigatoriedade dos proprietários de prédios urbanos em construir canalizações; *8 - Neste plano previa-se a demolição desta Casa das Bombas para que a Calçada de D. Ana tivesse como cenário oriental o rio; *9 - Este projecto visava uma substancial transformação do edifício e da zona envolvente, com particular impacto sobre a Capela de Nossa Senhora da Piedade. Entre as várias alterações propostas neste primeiro projecto, salientavam-se as seguintes: estrutura em semi-cave como forma de aumentar o espaço do edifício principal; arborização com árvores de baixa altura junto às margens do rio; iluminação nocturna de toda a área envolvente; pavimentação da envolvente com paralelepípedo de calcário, com inclusão de alguns lanços de escada; manutenção do embasamento do antigo depósito; colocação de uma porta de vidro à entrada da Capela de Nossa Senhora da Piedade; intervenções menores em edifícios contíguos (LAMAS E ASSOCIADOS, 1999); *10 - Raul Lino trabalhou para Tavira, sendo autor de um Ante-plano de Urbanização de Tavira, e desenhou duas moradias unifamiliares para a família Guerreiro, que ainda se conservam (v. PT050814060044)