Quinta de produção integrada em paisagem cultural agrícola, de encosta.
Na margem esquerda do rio Douro, numa situação privilegiada, perante vistas sobre o rio e a paisagem de socalcos de vinha como sobre a cidade da Régua. Conjunto arquitectónico distingue-se da envolvente, pela tipologia e pela pigmentação ocre. A paisagem é também diferente pela quantidade de árvores exóticas e raras, distinguindo-se da tradicional paisagem do Douro vinhateiro que a envolve. Segue-se um caminho difícil entre a vinha que culmina no portão de entrada, de grandes dimensões. Este dá acesso, após uma rampa íngreme, a um pátio, o Pátio do Gigante, que tem no centro uma fonte com um gigante que segura uma enorme cobra, de cuja cabeça brota água e, igualmente imponente, pelo seu grande porte uma magnólia centenária. O estado degradado da frontaria e da vegetação espontânea e pioneira é evidente. No entanto, permite perceber que se trata de um lugar de excelência. A arquitectura romântica impera no corpo principal da casa, e os edifícios de apoio à actividade agrícola são inspirados na arquitectura bretã, e pintados em ocre vivo, cor de marca da quinta. Em algumas zonas consegue perceber-se o desenho romântico do jardim, de composição geométrica e pequenos canteiros, com roseiras e flores de época, delineados por baixas sebes de buxo. Este desenho estende-se por toda a quinta, que se identifica através dos pormenores do roseiral, dos portões, dos bancos, da pérgola e dos candeeiros, desenhados por Fernando de Serpa e distribuídos ao longo dos jardins, do parque e da mata. O jardim ocupa um estreito terraço em "L" que enquadra o edifício a um nível inferior. A plataforma onde assenta o edifício lança-se sobre o jardim através de um varandim de grades de ferro forjado intercalado por bancos. Na parte inferior, junto ao Douro, encontra-se o parque. A influência é sobretudo inglesa, pelo estilo paisagista do séc. 17, onde se procura a aproximação à natureza e se manifesta o movimento pitoresco. Esta tendência segue estes princípios paisagistas e românticos, pelo facto de se tirar partido da morfologia do terreno, criando-se perspectivas e caminhos que conduzem a efeitos-surpresa. As estruturas construídas mais imponentes, como a pérgola são enquadradas por grandes árvores, em contraste com cameleiras e roseirais. Disposto por vários terraços, o parque tem vários miradouros, estátuas e pedestais, embora se tenham perdido vários exemplares por roubos e vandalismo, a casa de chá (em ruínas), o poço e a lagoa, todos ligados por declives labirínticos que desfarçam o declive acentuado da encosta do Douro. As espécies, provenientes de vários locais do mundo, mantêm-se*1. São espécies da flora portuguesa mediterrânea, o carvalho (Quercus), o bordo (Acer), o medronheiro (Arbutus unedo) e algumas espécies originais pelo seu porte , coloração e textura, como a faia (Fagus sylvatica), as sequóias, o cedro (Cedrus), as Piceas, os Abetos (Abies) e as palmeiras (Washingtonia e outras), que compõem manchas de cor.
Materiais
Inerte: xisto; alvenaria, ferro, granito. Azulejo, betão; Vegetal: abetos (Abies sp), agapantos (Agapanthus africanus), alfazema (Lavandula officinalis), azevinho (Ilex aquifolium), buganvília (Bougainvillea spectabilis), buxo (Buxus sempervirens), cameleira (Camellia japonica), carvalho-americano (Quercus robur), aloe (Aloe vera), ameixoeira-dos-jardins (Prunus cerasifera), cedro-do-buçaco (Cupressus lusitanica Mill.), cerejeira-brava (Prunus avium), cipreste (Cupressus sempervirens), faia (Myrica silvatica, Fagus sylvatica), feto (Pteridium aquilinum, Asplenium obovatum), freixo (Fraxinus angustifolia), glicinia (Wisteria sinensis), hera (Hedera helix), hibisco (Hibiscus rosasinensis), hortênsia (Hydrangea macrophylla), lantana (Lantana camara, Lantana aurea), magnolia (Magnolia grandiflora), magnólia caduca (Magnolia heptapeta), palmeiras (Chamaerops excelsa, Washingtonia robusta), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), plátano (Platanus hybrida), bordo negundo (Acer pseudoplatanus), romanzeira (Punica granatum), Roseira brava (Rosa canina), Rosa galica (Rosa gallica), teixo de grande porte (Taxus semprevirens), taxus (Taxus baccata), Videira (Vitis vinifera), vinha-japonesa (Parthenocissus tricuspidata), medronheiro (Arbutos unedo), pinheiro silvestre (Pinus sylvestris), pilriteiro (Crataegus monogyna), Giesteira-amarela (Cytisus striacus var. eriocarpus), amieiro-negro (Alnus glutinosa) oliveira (Olea europea), zambujeiro (olea europea var. sylvestris), sequoia da califórnia (Sequoia semprevirens), folhado (Viburnum tinus), Vidoeira (Betula celtiberica), pimenteira-bastarda (Schinus mollis), vinha-japonesa (Parthenocissus tricuspidata), vinha-virgem (Parthenocissus quinquefolia), picea (Picea orientalis, Picea abies).
Observações
*1 - Jardins e Mata degradados pela ocorrência do incêndio de 1997; O pouco que se mantém do jardim deve-se a um jardineiro e à dona da casa da Quinta da Pacheca.