Arquitectura religiosa, maneirista, barroca. Igreja paroquial com uma nave com cobertura de 3 planos (inicialmente em madeira), capela-mor abobadada, torre sineira adossada ao alçado lateral; espacialidade postridentina. Esquema decorativo da fachada e perfil da cúpula bolbosa da sineira de gosto barroco, que inspirou outros artistas regionais. A igreja paroquial da Zibreira adoptou uma solução idêntica na fachada principal, estando a torre sineira igualmente adossada à fachada lateral, embora não tão recuada. A igreja paroquial da Zibreira adoptou uma solução idêntica na fachada principal.
Planta longitudinal composta, nave e capela-mor, de planta rectângular justaposta, a que se adossam anexos a N. e a S.. Volumes escalonados com cobertura diferenciada em telhados de 2 e 1 águas. Fachada principal virada a E., de pano único enquadrado por cunhais apilastrados encimados por pináculos, rematada por frontão triangular com cruz no vértice; portal axial de verga recta, sobre o qual assenta porta-janela enquadrada por profusa decoração em cantaria interrompendo a moldura do frontão da fachada, que se retrai em arco conopial. Na verga do portal a inscrição: "Foi feita matriz em 1876". Na fachada lateral N. a torre sineira, recuada em relação à fachada principal, com ventanas de verga semicircular, cunhais apilastrados encimados por pináculos e cobertura em cúpula bolbosa; a esta fachada adossa-se um anexo recente que também rodeia a cabeceira. Na fachada lateral S., os corpos da nave e da capela-mor com cunhais rusticados encimados por pináculos, o primeiro rasgado por porta rectangular e 2 janelas de verga em arco segmentar, com um anexo adossado, o segundo rasgado por janela rectangular. INTERIOR: nave única com tecto de 3 planos longitudinais em betão, coro alto em madeira, sobre a porta principal, assente em colunas toscanas em pedra; silhar de azulejo recente; no alçado N. o arco de acesso ao baptistério, o púlpito de caixa em madeira, com balaústres apenas relevados, apoiada em mísula de pedra, o vão entaipado de uma janela e uma capela com acesso por arco semicircular, com retábulo tardo-barroco em cantaria; uma capela e um retábulo idênticos repetem-se no alçado S.; altares colaterais com retábulos de estilo nacional em talha dourada sobre fundo verde; arco triunfal semicircular apoiado em pilastras toscanas, com pintura de motivos florais; acima do fecho um medalhão em talah dourada com o Cordeiro de Deus relevado. A capela-mor, coberta por abóbada de berço redondo vazada por 4 frestas e apoiada em cimalha moldurada, mostra as paredes laterais integralmente cobertas por azulejos azuis e brancos joaninos setecentistas, figurando cenas da vida de S. João Baptista (nascimento, baptismo de Jesus, do lado da Epístola, degolação e entrega da cabeça a Salomé, do lado do Evangelho); retábulo em talha dourada e cinza de estilo nacional, com o Crucificado na tribuna. Sacristia a N. da capela-mor, com ela comunicando por porta de verga recta.
Materiais
Estrutura em alvenaria de pedra, rebocada e caiada; tecto da nave em betão. Cantaria em molduras, colunas, arcos e pilastras. Telha cerâmica. Azulejos em revestimentos internos. Pavimento em madeira e pedra.
Observações
(1) Em 1758 a igreja era sede de 2 confrarias, a do Santíssimo e a de São João; o altar-mor era dedicado a São João Baptista e tinha boas imagens de São João Baptista, Santo António e São Sebastião; o altar-colateral do lado da Epístola, dedicado a Nossa Senhora Mãe dos Homens, com a respectiva imagem; o altar do lado do Evangelho com uma imagem de Santa Catarina, a ela dedicado. A igreja dependia da paroquial de Santa Maria da Serra, no lugar de Alqueidão. (2) No séc. 18, os moradores da povoação, alegando que a sua igreja era maior e estava melhor situada, tentaram a transferência da sede da freguesia da igreja do Alqueidão da Serra; tiveram contudo a oposição dos moradores de Alqueidão e A do Freire. (3) O cruzeiro outrora existente em frente à igreja foi deslocado para a entrada do cemitério; com emblemas da Paixão de Cristo relevados, nele inscreve-se a data de 1865.