Arquitectura comercial, do ferro. Mercado comum de mercado seguido em Portugal até à década de 50 do Séc. 20; edifício isolado de planta rectangular, piso único, simetria das fachadas e entradas nas extremidades; estrutura interna de ferro e madeira com cobertura de telha e vidro e portões duplos em ferro fundido.
Planta longitudinal, regular. Volumes articulados caracterizados pela horizontalidade. Cobertura diferenciada em lanternim de quatro águas sobre os espaços centrais do mercado, em lanternim de duas águas no eixo definido pelas entradas laterais, em telhado de quatro águas na zona de acesso à Lota, em telhado de uma água nas restantes partes. Edifício de piso único com um ligeiro embasamento pétreo em toda a sua extensão. Alçados desenvolvidos segundo um esquema comum de três corpos mas hierarquizados segundo a relação estabelecida entre as portas de acesso ao interior e a malha da cidade. Fachada principal voltada a O. composta por três corpos; corpo central delimitado por pilastras e terminando em frontão triangular sem decoração no tímpano, enquadrando o acesso principal ao mercado, de duplo arco de volta perfeita, com moldura em cantaria de impostas e fecho bem vincados - protótipo de todos os arcos de portas e janelas do edifício - e portões de ferro fundido verde escuro *1; corpos laterais extensos e os que verdadeiramente acentuam a horizontalidade do edifício, com duas portas intercaladas por uma janela encimada por um candeeiro, sendo a primeira destas portas, a que se encontra mais próxima do duplo arco de entrada, mais pequena e a segunda maior, sem, contudo, atingir a dimensão das entradas principais; cunhais marcados por pilastra de cantaria e platibanda corrida com balaústres, sendo interrompida pelo frontão, contendo nas extremidades do edifício um pequeno fogaréu em forma de pinha, que se repete nos vértices do frontão e no topo. Fachada lateral S. com corpo central mais desenvolvido, ligeiramente saliente em relação à caixa murária e com as pilastras formando o ângulo recto que sustenta o entablamento do frontão; este apresenta no tímpano uma moldura em tons de cinzento e branco, contendo ao centro uma lápide comemorativa da inauguração do Mercado - "MM / INAUGURADO / EM / 1887" - inserida numa decoração floral; nas bandeiras dos arcos de ferro, um medalhão ostenta igualmente duas inscrições comemorativas da construção - "CM / 1887" -; corpos laterais bastante extensos com cinco portas de acesso ao interior, com um candeeiro inserido na estrutura, sensivelmente ao centro do corpo. Fachada lateral N., virada ao rio, apresentando uma composição idêntica à sua congénere S., com excepção para o corpo central que não se destaca da caixa murária, bem como para o tímpano do frontão, sem lápide com inscrição mas com um elemento decorativo circular; corpos laterais com quatro portas e duas janelas, duas portas junto do corpo central e depois alternando com janelas. A Fachada lateral E., que estabelece a ligação com a Lota, é a mais simples compositivamente, mantendo o corpo central de duplo arco, mas desaparecendo o frontão e correndo a platibanda balaustrada a toda a extensão da fachada; corpos laterais com uma só porta ao centro, ladeada por duas janelas e encimada por um candeeiro. INTERIOR: planta rectangular simétrica desenvolvendo-se a partir de dois eixos octogonais N. - S. e E. - O. , definindo um espaço único central, não compartimentado, com acesso directo às quatro entradas no edifício e pequeno corredor de dependências em todo o perímetro do edifício, abrindo directamente para a via pública e para o interior do mercado. Este corredor de pequenos espaços, hoje adaptado a lojas, forma os alçados interiores, constituídos por vãos rematados em arcos de volta perfeita com correspondência simétrica com os vãos do exterior; nas duas dependências que ladeiam a entrada E. os arcos são abatidos por definirem um vão mais largo; estas séries de arcos são interrompidas nas zonas de acesso ao mercado. Espaço central bastante amplo conservando a estrutura de ferro que suporta o telhado e define os espaços de circulação interna: dois grandes pavilhões no centro do recinto, com cobertura em estrutura de ferro e telha opaca, separados entre si por um corredor que se desenvolve no sentido N. - S. e envolvidos por um outro corredor rectangular que estabelece a ligação com as dependências compartimentadas do interior e os acessos ao exterior; estes espaços têm pavimento em calçada portuguesa acompanhando a disposição geométrica da estrutura e tijoleira nas linhas onde assentam as colunas de ferro. Iluminação vertical proporcionada pelo lanternim desenvolvendo-se de modo contínuo no edifício, mas restrita aos corredores de circulação que envolvem os pavilhões centrais. Na intersecção da estrutura de ferro com as paredes das lojas o tecto é de madeira, em forma de sanefa com modilhões de rolo, apoiando directamente num friso de ferro.
Materiais
Alvenaria, ferro fundido, tijoleira, madeira, vidro simples, telha cerâmica
Observações
*1 - Construção dos portões de ferro efectuada na Serralharia do Lg. do Trem.