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Igreja de São Domingos

Igreja de São Domingos

O ponto de interesse Igreja de São Domingos encontra-se localizado na freguesia de Santa Maria Maior no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura religiosa, barroca. Convento com igreja de planta composta, com nave única de cruz latina, transepto saliente, capela-mor rectangular profunda com passagem para cripta, de planta circular, o que confere feição arredondada à cabeceira. A S. adossam-se a ala do claustro, sacristia, portaria e outras salas. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas e disposição vertical das massas. Fachada principal orientada a O. composta por dois registos separados por friso, nele se abrindo lateralmente duas portas de verga recta e frontão curvo encimado por moldura recortada e janelas de frontão triangular, já ao nível do segundo registo; ao centro portal entre duas colunas compósitas suportando janela de sacada do segundo registo, sendo esta de frontão circular. Fachada rematada por frontão e aletas com óculo encimado por brasão e fogaréus nos cunhais. Alçado exterior da sacristia de dois registos rasgados por janelas e rematado em frontão triangular; o alçado da cabeceira é em cantaria decorado por molduras de vários formatos. No interior, a nave possui quatro altares colaterias simples em vãos de arco de volta perfeita entre duplas colunas compósitas encimadas por tribuna e janelas; coro-alto e capela nos topos do transepto. Capela-mor marcada a meio por duplas colunas compósitas e retábulo com trono e colunas apoiando restos do antigo grupo escultórico. Tecto em falsa abóbada de berço, esponjado em manganês e ocre. Cripta abobadada com lambril de azulejos de padrão. Das antigas dependências conventuais salientam-se a portaria a E. de planta rectangular com lambril de azulejos figurativos e arcossólios de essas enquadrados em estruturas de mármore com frontão interrompido ao centro e volutões laterais. Sacristia rectangualar com longos arcazes de ambos os lados, com capela no topo e várias telas. Ala do claustro com cobertura de abóbada de aresta e capelas alternados por nichos ocupados com túmulos de jacentes. Piso superior da ala do claustro com dependências paroquiais de Cetequese e sala de acesso ao Coro-Alto. Edifício de cariz pós-terramoto, pelo exterior de linhas simples que remetem para a racionalidade pombalina e para uma deliberada antecipação de um Neoclássico monótono e depurado, mas que paradoxalmente tende a prolongar o Barroco em alguns edifícios através dos apontamentos de fantasia na arquitectura e na decoração. As igrejas pombalinas constituiram, assim, pequenos desvios da regularidade geral, mas que, obviamente, obedeciam a um esquema geral que se observa em S. Domingos: nave única, fachada coroada por frontão, portais onde se repercute o risco de Ludovice e interiores ricamente decorados. Igreja de linhas exteriores depuradas e interior revelando a sua antiga riqueza, não só pela grandiosidade espacial, como pelo emprego de mármores e pinturas actualmente desaparecidas. A história bastante recuada desta Igreja é atestada pelos próprios pormenores arquitectónicos e escultóricos, de grande qualidade, como os túmulos do claustro, o aparelho rusticado e robusto das salas interiores (Cartório), os traços Maneiristas da Sacristia e da Portaria, os vários silhares de azulejo, sendo o da Portaria de desenho excepcional e crendo José Meco serem da autoria de Manuel dos Santos. Igreja modelo e referência para as demais Igrejas Pombalinas onde se pretendia ver repercutido nos portais o desenho arquitectónico de Ludovice, muito ao estilo D. João V, já que S. Domingos possui o antigo portal e sacada que o arquitecto desenhara anos antes do terramoto para a Capela Real do Paço da Ribeira e que D. José cedeu para a reconstrução da Igreja. Já o altar-mor é também da autoria de Ludovice, mas é anterior ao terramoto e subsistiu ao mesmo. Além da indiscutível importância artística, a Igreja de São Domingos destaca-se pela herança simbólica: daqui saíam em procissão os condenados à fogueira da Inquisição, mas também era aqui que se celebravam alguns dos casamentos e baptizados Reais, o que lhe confere especial valor patrimonial e significado histórico. Actualmente, e atestando a passagem do tempo e das catástrofes que a assolaram, a bela ornamentação romana dos alçados e das gigantes colunas mutiladas destacam-se pelo estado de aparente ruína, que se assume como tal, mas que não dispensou uma cuidadosa intervenção de conservação e remoção dos elementos considerados irrecuperáveis. A espacialidade interior foi, no entanto, devolvida pela recente cobertura de estrutura metálica que permitiu o abobadamento da nave, devolvendo a volumetria inicial e um toque de contemporaneidade mediante a pintura esponjada com pigmentos naturais.

De planta composta com nave única e transepto coroado nos topos por capelas com altares e Capela-mor. Esta encontra-se a um nível superior relativamente à cota da nave e do transepto e é mais estreita que a nave. A fachada principal orientada a O. (Largo de S. Domingos) constitui um corpo único, articulando-se em três registos: inferior, superior e remate, terminando este em frontão e aletas, com óculo iluminante no tímpano encimado por grupo escultórico com as armas do Reino e as da Ordem de S. Domingos. Fogaréus nos cunhais, sendo o conjunto encimado por crucifixo. Os registos inferior e superior são separados por friso em que se abrem (no registo inferior) duas portas de verga recta e áticas curvas encimadas por molduras recortadas que ladeiam o pórtico principal constituído por altas colunas de Ordem Compósita e uma pilastra recuada de cada um dos lados rematados por motivos profusamente decorados. Encimando este registo, e reforçando a sua centralidade, uma larga varanda de balaústres que circundam um janelão de sacada coroado com ática curva e ladeado por duas janelas com remate de áticas triangulares. Toda a frontaria é contornada por cortina de gradeamento.O alçado lateral virado para S. (Travessa de S. Domingos) situa-se entre prédios, é impraticável (a porta que constitui o registo central é cega e corresponde ao topo da Sacristia, onde se encontra um altar) e compõe-se por uma porta encimada por ática triangular e duas portas laterais menores, encimadas por janelas cegas, sendo a parede revestida de azulejos de padrão (séc. 19) até ao nível do limite das portas. O alçado da Cabeceira virado para E. é em cantaria decorada por molduras de janelas de vários formatos (rectangulares, circulares e com remate em verga recta), articulando-se por vários níveis sobrepujados, separados por frisos e rematados por beirado que se prolonga pelo corpo mais recuado correspondente à portaria Nascente (Rua da Palma), de cujo telhado se destaca a Torre Sineira. Um gradeamento com portão para a Rua da Palma forma um pequeno páteo que conduz ao átrio da Sacristia e sobre o qual se eleva o corpo circular na prumada da cripta, por trás da Capela-mor. No interior destaca-se a cobertura em abóbada de canhão ou berço construída em 1992 e constituída por uma inovadora estrutura de metal suportante do telhado, em substituição da anterior de madeira, que repõe a falsa abóbada e a volumetria original do espaço interior e seu remate. O estuque da abóbada está pintado de forma uniforme com pequenas variações que derivam da forma de aplicação, recriando um cromatismo que confere dimensão unitária ao espaço, bem como uma plasticidade muito rica e contemporânea. O Coro-alto de planta rectangular sobre travejamento de madeira é bastante amplo e assente sobre duas grossas pilastras duplas em pedra com varanda de fina estrutura metálica e acrílico, sendo a parede rasgada pelas três janelas iluminantes do registo superior da fachada e pelo óculo que se sobrepõe à janela central e situa quase no topo do arco de volta perfeita que remata a parede e marca o início da abóbada. Cada lado da nave possui quatro capelas separados por duas colunas adossadas à parede e sem capitel, emolduradas por arco de volta perfeita de cantaria encimada por janelas recortadas (cegas do lado direito da Capela-mor e iluminantes do lado esquerdo da Capela-mor) e altares também em cantaria. As capelas das extremidades laterais são guarnecidos por cantaria lavrada em altos relevos com nicho no centro. Do lado do Evangelho e a contar da fachada Oeste (direita da Capela-Mor e esquerda de quem entra) as capelas são consagradas, respectivamente, primeira a Nossa Senhora de Fátima, segunda a Santo António, terceira a S. Francisco de Assis, quarta a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a Nossa Senhora do Carmo e a Santa Clara de Assis. Do lado da Epístola e a contar da fachada Oeste (esquerda da Capela-mor e direita de quem entra) as capelas são consagradas, respectivamente, primeira a Nossa Senhora do Rosário, segunda a S. José, terceira a S. Domingos, quarta a Nossa Senhora da Conceição. Os topos do transepto também albergam Capelas delimitadas por duas colunas compósitas de cada lado dos altares (sendo as exteriores recuadas) que suportam coroamento em cantaria de janela iluminante. A do lado do Evangelho é Consagrada ao Sagrado Coração de Jesus e a do lado da Epístola é consagrada a Nossa Senhora das Dores, a Nosso Senhor da Boa-Morte, a Nossa Senhora da Piedade e a Nosso Senhor dos Aflitos ou Amarrados. A Capela-mor, edificada em 1748 por Ludovice e acabada por João António de Pádua é rematada por um arco de volta perfeita que marca a outra extremidade da abóbada de berço e possui quatro grandes colunas sem capitél que delimitam o receptáculo do Sacrário com porta de bronze. O conjunto é rematado por formação escultórica ladeando o registo central, duas mísulas com as estátuas de S. Domingos e S. Francisco. Nas paredes laterais, janelas ao nível do grupo escultórico superior. Sob cada uma das esculturas existem portas, sendo que a do lado Sul dá acesso a uma sala de planta circular onde se arrumam alfaias litúrgicas e paramentos e se encontra um lanço de escadas circular que dá acesso ao nível inferior. Na prumada da anterior sala, encontra-se a cripta, com silhar de azulejos de padrão, polícromo (séc. 17) interrompido por corredores simulados sem saída e bancada circular incompleta. O chão é em ladrilho e convergente para um algeroz que assim evita as anteriores inundações. No braço direito do transepto uma porta dá acesso à Sacristia através de um corredor em L, forrado por azulejos de figura avulsa, em que se encontra um vão oval com uma Imagem de Nossa Senhora da Nazaré e um nicho com imagem de Nossa Senhora da Purificação ou da Escada e respectiva legenda. À esquerda, abre-se a Portaria Nascente, com revestimento até meia altura de azulejos de composição figurativa, bastante mutilado (primeira metade do séc. 18), e cobertura em abóbada de berço ultrapassada sobre dois fortes arcos torais. Nela vêem-se dois túmulos inseridos em grandes composições arquitectónicas de mármores polícromos, com frontão interrompido ao centro e volutas, que abrangem por completo as cabeceiras da sala, incluindo as portas que os ladeiam, pertencendo ao Pregador Frei Luís de Granada e Padre-Mestre Frei João de Vasconcelos, ambos da Ordem Dominicana. Na parede oposta à da entrada desta sala, encontra-se a entrada para o Cartório Paroquial, espaço interior com paredes de aparelho de pedra semelhante a rusticado, combinado com reboco e forrado até um terço da altura por silhar de azulejos com albarradas (sécs. 17 / 18). Possui um vão rematado por arco de volta perfeita cujo interior é forrado por azulejos enxaquetados (séc. 17). Esta sala possui tecto com vigamento rematado por motivos decorativos em estuque e uma clarabóia que lhe confere iluminação natural. Contígua, encontra-se uma outra sala interior, cujo aparelho de pedra e os pormenores arquitectónicos denunciam a recuada época de construção: um arco em ogiva de aspecto pesado e robusto e um estreito nicho alongado com remate de arco de volta perfeita. A entrada para a sacristia é no fundo do referido corredor em L e por uma curta passagem abobadada e forrada com azulejos ponta de diamante, séc. 17, policromos, que se encontram de novo em estreitas barras entre as portas, no interior da sala rematada por abóbada de caixotões rebocados. Possui quatro janelões cegos e quatro portas, três delas também cegas, dando a outra acesso a uma dependência de arrumações de alfaias e paramentos. Os dois grandes arcazes de Pau-Santo finamente embutido dominam o espaço, sobrepujados, cada um, por uma lápide de mármore colorido. No topo da Sacristia encontra-se uma altar seiscentista de mármore com imagem de S. Domingos. Encostado à face poente do transepto e com entrada pela Capela de Nossa Senhora das Dores, encontra-se a ala do claustro, a única que ainda hoje pertence à Igreja e que antes constituía parte das dependências conventuais e que possui cobertura de abóbada de arestas e sete arcos de pedraria, sendo os dos extremos menores. Do lado direito (encostado à Igreja) encontram-se vãos os túmulos de Dona Sancha Pires Palhavã (1343), o da Família Pires Palhavã (séc. 14), o do Infante D. Afonso e de Dona Brites (1350), a sepultura de D. Luís de Freitas e a de Manuel Álvares (1571). No fundo desde corredor, duas portas marcam o limite da ala e o acesso às dependências da Paróquia que recentemente foram alvo de obras de recuperação. A porta da direita dá acesso a um bar e a da esquerda a escadaria em madeira que conduz à ampla sala da catequese, com janelas viradas para o saguão e traseiras do Braz & Braz. Uma outra porta dá acesso a uma pequeno espaço que antecede o acesso ao Coro-alto.

Materiais

Estrutura de cantaria; alvenaria rebocada; Calcário; Mármore; Tijolo; Tijoleira; Telha; Azulejo tradicional; Estuque pintado; Estuque trabalhado; Ferro; Bronze; Prata; Alumínio; Vidro; Alcatifas; Alvenaria; Betão Armado; Carvalho; Pinho; Madeiras exóticas; Talha Dourada

Observações

Existe uma pintura a óleo no Palácio da Ajuda, da autoria de António Manuel da Fonseca, que retrata o casamento do Rei D. Luís com Dona Maria Pia de Sabóia na Igreja de São Domingos antes do incêndio que devastou o interior e a cobertura