Arquitectura religiosa, maneirista. Capela maneirista de fachada principal terminada em frontão de lanços e em avançado estado de degradação.
Capela de planta rectangular composta por nave e capela-mor indistintas, anexo precedendo a nave, sacristia adossada a S. e outro anexo a O. Cobertura destruída só com 1 asna queimada. Fachada principal terminada em frontão de lanços apoiado nas pilastras dos cunhais. O anexo protegeu a sua parte inferior encobrindo a pia baptismal, partida, localizada entre a porta central, em arco de volta perfeita e frontão recto, e a janela com grades que protegem a caixa de esmolas no interior; o único vão visível do exterior, uma janela, com cantaria e caixilharia encimada por frontão curvo. Do alçado N. sob a metade da escada para o coro que ruiu existe uma passagem para a capela-mor. Alçado E. sem vãos e no S. destaca-se a janela caída da sacristia, um banco de lajes que percorre toda a fachada, torneando a sacristia, a porta para a nave com degraus encimada por uma cruz de azulejos, as janelas da cabeceira com grades de ferro. No INTERIOR, resto do coro-alto com uma viga, 2 barrotes e 2 mísulas queimadas. Do púlpito, no lado do Evangelho, restam 4 vigas de 0,50m de madeira queimada. As paredes da nave apresentam rodapé de madeira sobreposto por silhar pintado com motivos geométricos até 1m de altura, encimado por vestígios de um antigo revestimento azulejar, e superiormente, junto à cornija, drapeados pintados de veludo com cordões dourados pendendo. Ladeando o arco triunfal, em arco de cesto com um nicho em cada coluna, os paramento assinalam o desaparecimento de 2 altares. Pavimento coberto por terra e vegetação. Na capela-mor, o altar estava sob estrado de madeira 3 degraus acima. Sacristia com lava-mãos junto da janela caída.
Materiais
Cantaria e alvenaria em basalto, madeira, revestimento em argamassa.
Observações
*1 - A Capela de Santo Amaro foi integrada na classificação do conjunto da Torre do Capitão, a qual incluía a torre, a capela e Casa dos Romeiros, cisterna, banco e balcão do adro. *2 - Documentalmente sabemos que no reinado de D. Pedro II a Capela de Santo Amaro, antigamente Ermida da Madre de Deos, obteve esta toponímia por ali estar este Santo, a quem os moradores da cidade prestavam tributo. Tinha maravilhosas pinturas, especialmente as imagens de alguns apóstolos no retábulo. Desta era pouco ou nada subsiste. *3 - Julga-se que Garcia Homem de Sousa era filho de João Homem de Sousa e neto de Pedro Hum, um dos 12 cavaleiros do Desafio de Inglaterra, mas sabe-se que foi enviado por D. Afonso V à Ilha da Madeira para casar com uma das 4 filhas de Gonçalves Zarco; casou com a 3ª - D. Catarina da Câmara, recebendo como dote as terras das actuais freguesias de Santo António e São Martinho. *4 - O pórtico da antiga quinta ficava a meio de uma nova via a ser construída, mas foi considerado elemento notável a preservar por isso as pedras de cantaria foram numeradas e marcado o precioso trabalho de argamassa, nicho e volutas que o encimavam, para então ser transladado para o muro junto da Casa dos Romeiros. Mas contratempos conduziram a cantaria para num armazém da Câmara, e o resto na Fundoa. *5 - Antes do incêndio, na nave, madeira pintada imitando mármore decorava os altares laterais e o arco triunfal de cantaria, o pavimento central era lajeado a basalto, o lateral de madeira; o tecto da nave tipo masseira forrado a madeira pintada, havia uma tela, e nos nichos do arco triunfal as imagens foram transferidas para a nova Igreja; na capela-mor o tecto era de estuque com uma moldura e um losango ao centro, e o da sacristia com moldura simples assinalavam uma das alterações pois já nem a estrutura restou. A cobertura era de 2 águas e 3 nos volumes articulados de telha lusa com beiral. Do sino existe apoio de ferro.