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Lisboa Ocidental

Lisboa Ocidental

O ponto de interesse Lisboa Ocidental encontra-se localizado na freguesia de Belém no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Setor urbano. Área urbana situada em encosta. Área rural medieval de jurisdição régia, com expansão moderna e contemporânea. Malha urbana com estruturação linear assente em eixo fundamental paralelo à frente ribeirinha. Expansão urbana da época moderna dinamizada pela atividade marítima e portuária de longa distância, e pela presença de importantes estruturas conventuais e propriedades régias, palácios e quintas de recreio. Instalação das primeiras fábricas junto à margem do rio e ao principal afluente, no contexto do processo de industrialização. Regularização e aterro da margem do rio para atividade portuária, com implantação de linha de caminho-de-ferro. Localização periférica de bairros económicos. Inclui ampla área de expansão urbana planeada, integrada nas linhas estratégicas do plano geral da cidade (1948). Organização contemporânea de zona monumental polarizada por estrutura conventual significativa. Singulariza-se pela polaridade acentuada da área monumentalizada de Belém, resultante da concentração de significativo número de objectos com valor patrimonial legalmente reconhecido associados ao período da expansão marítima e de edifícios de representação do Estado (palácio presidencial) e com função cultural. A área urbana ocidental, anteriormente conhecida como Ajuda (e hoje quase sempre associada a Belém), englobava um extenso território compreendido entre a ribeira de Alcântara e Algés. O topónimo Ajuda esteve sempre associado a uma diversidade de locais, quintas e planos de urbanização, alguns dos quais ainda hoje mantêm o sobrenome Ajuda, apesar da sua localização ser tão dispersa quanto a Tapada da Ajuda em Alcântara, Jardim Botânico da Ajuda, Cemitério da Ajuda, Plano de Urbanização da Encosta da Ajuda no Restelo, o Bairro de Casas Económicas da Ajuda no Restelo, ou ainda o Parque Florestal da Ajuda.

Área situada a O. do centro de Lisboa compreendida entre o vale da Alcântara e ribeira de Algés que constituía, até finais do século 19, um território rural do termo da cidade. O seu desenvolvimento estruturou-se em função de um eixo fundamental contínuo que percorria uma extensão de 8 km desde o Terreiro do Paço até Algés, através de uma sequência de ruas direitas, paralelas à margem do Tejo. O segmento desse eixo que atravessa a área ocidental inclui a Rua Direita de Alcântara, continua pelas ruas da Junqueira, Belém e Pedrouços, perfazendo cerca de 5 km até ao limite do concelho de Lisboa. As populações começaram por se instalar em locais ribeirinhos, destacando-se os núcleos de Alcântara e Restelo (Belém), o primeiro cedo associado a atividades proto-industriais, o segundo enquanto plataforma logística de apoio à navegação ultramarina. O crescimento populacional deste antigo subúrbio, a ocidente, justificou a instituição da paróquia de Nossa Senhora da Ajuda (século 16) com sede na ermida do mesmo nome. A primitiva freguesia da Ajuda estendia-se desde a ribeira de Alcântara até à ribeira de Algés incluindo alguns lugares no alto de Monsanto. Apesar da sede de freguesia se situar no alto da Ajuda, até meados do século XX este lugar manteve sempre um número reduzido de habitantes, em contraste com os núcleos ribeirinhos ao longo da estrada até Algés, como Alcântara, Junqueira, Belém e Pedrouços. O crescimento dos núcleos de Belém e Alcântara deveu-se à constituição dos Mosteiros de Santa Maria de Belém e do Monte Calvário que, pela sua importância, deram origem a pequenos núcleos populacionais que ainda hoje mantêm os topónimos Belém e Calvário). No início do século 17, a decisão régia de comprar algumas quintas junto ao Mosteiro do Monte Calvário para edificação de um novo paço real e, mais tarde, a aquisição de outras quintas e casais para formar a Real Tapada da Ajuda (D. João IV), atribuiu a Lisboa ocidental um novo protagonismo. No início do século 18, metade da população da freguesia da Ajuda habitava em Belém e Alcântara, aspeto esse que contribuiu para a abertura da Rua da Junqueira para ligar os dois lugares, eixo onde se foram instalando quintas pertencentes a membros da alta nobreza. O interesse régio pela zona ocidental continuou, tendo D. João V comprado as chamadas Quinta de Baixo, do Meio e de Cima, que se estendiam ao longo da encosta, desde o rio até ao alto da Ajuda. O terramoto de 1755 reforçou a ocupação nobiliárquica da zona, com a fixação da corte de D. José na Real Barraca, situada na encosta da Ajuda. Neste contexto foi aberta a calçada da Ajuda, ao longo da qual se construíram vários aquartelamentos. Após a extinção das ordens religiosas, com o Estado Liberal, ocorreu a reconversão funcional das antigas estruturas monástico-conventuais. Nesta área, começaram a ser instaladas unidades fabris (as primeiras em Belém/Bom Sucesso) junto à frente ribeirinha, vindo a constituir dois pólos industriais: Alcântara e Bom Sucesso. A industrialização acentuou a necessidade de alojamento para os trabalhadores, despertando um novo conceito de habitação operária, de que foi pioneiro o bairro operário da Fábrica de Tecidos Lisbonense, em Alcântara. A pressão imobiliária / demográfica suscitou ainda a venda e o loteamento de quintas de recreio e a construção de prédios de rendimento, de que foi primeiro exemplo a urbanização da Real Quinta do Calvário, processo promovido pela Câmara Municipal de Lisboa segundo plano de Ressano Garcia. O Bairro do Calvário, a par dos bairros da Estefânia e de Campo de Ourique, constitui uma concretização do modelo urbanístico dominante na 2ª metade do século 19, com malha urbana regular e eixos viários desafogados, hierarquizados e arborizados. Na transição do século 19 para 20, procedeu-se ao aterro e regularização da frente ribeirinha entre o Cais do Sodré e o Bom Sucesso, no âmbito da construção do porto de Lisboa. O porto e depois a linha de caminho-de-ferro Lisboa - Cascais passaram então a constituir uma barreira no acesso ao rio. No século 20, a crescente necessidade de alojamento de baixo custo deu origem à construção de bairros económicos que foram localizados nas franjas da cidade consolidada. Na zona ocidental, foram sobretudo concentrados a norte, na orla do Parque de Monsanto, introduzindo no território novas unidades morfológicas segregadas das preexistentes. A principal exceção identifica-se na encosta do Restelo, onde as unidades de habitação económica integram o traçado do plano de urbanização para a Encosta da Ajuda, de Faria da Costa. A escolha do espaço fronteiro ao mosteiro dos Jerónimos para a realização da exposição Exposição do Mundo Português determinou o desenho da zona monumentalizada de Belém-Ajuda, reforçando o seu significado simbólico e cultural.

Materiais

Não aplicável

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