Convento da Ordem Terceira de São Francisco, composto por igreja, zona conventual, vários anexos e uma cerca. O convento, desenvolvido em torno de um claustro, tem uma das alas prolongadas, desenvolvendo um novo corpo, por onde se processa a entrada no imóvel. Possui claustro maneirista, quadrangular e com as alas de dois pisos, rasgadas por arcos de volta perfeita, sustentados por pilares, encimados por terraço. Possui salas decoradas a estuque e com pinturas alegórias tardo-barrocas. Várias dependências mantêm vestígios de azulejo figurativo e de padrão joaninos. No claustro, com canteiros recortados, surgem azulejos de figura avulsa e uma cisterna central. Edifício muito alterado por sucessivas reconstruções, como é visível na alternância de vãos em arco abatido, em arco de volta perfeita e vãos rectilíneos, por vezes entaipados. O claustro, de estrutura maneirista, apresenta profundas alterações, com o entaipamento dos vãos do piso inferior e criação de um corpo na ala em terraço do superior. Destacam-se a existência de vários painéis de azulejo, a biblioteca ou Salão Nobre, cujas paredes servem de suporte às estantes de talha policroma, de tendência neoclássica e que albergam ainda parte do espólio da livraria do convento, incluindo uma galeria a todo o perímetro da sala servida por quatro escadas de caracol localizadas nos ângulos. Apresenta no tecto uma pintura de Pedro Alexandrino, representando as Ciências e as Virtudes.
Edifício de planta quadrangular irregular, desenvolvido em torno de um pátio quadrado, o antigo claustro, evoluindo em três e quatro pisos, adaptando-se ao desnível do terreno. De volumetria articulada, é constituído por três alas de planta rectangular cobertas por telhados diferenciados a duas águas articuladas nos ângulos, sendo o braço N. prolongado no sentido E., com coberturas a duas e quatro águas com mansarda rasgada por 14 trapeiras, sendo a quadra fechada por uma estreita ala adossada ao corpo da igreja paroquial. Fachadas rebocadas e pintadas de bege, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados de aparelho isódomo e remates em cornija e beirada simples. Fachada principal virada a N., de três pisos e dividido em três panos por duas ordens de pilastras toscanas, as superiores colossais. Possuem um tratamento semelhante dos vãos, rasgados regularmente, os do piso inferior de perfis alternados, rectilíneos e em arco abatido, com molduras simples e protegidos por grades metálicas. No pano intermédio, rasga-se o acesso ao imóvel, em arco abatido e moldura boleada, com fecho saliente, envolvido por moldura recortada. No segundo piso, existe uma alternância de janelas de peitoril e de sacada, estas rectilíneas, com guarda metálica vazada e remate em friso alto e cornija. No piso superior, janelas de peitoril com molduras recortadas e prolongando-se inferiormente, formando falsos brincos. O corpo reentrante e correspondente a uma das alas do pátio é rasgado no segundo piso por janelas de peitoril, surgindo no terceiro vestígios de vãos entaipados, de peitoril e de sacada. Fachada lateral esquerda virada a E. de três pisos, rasgado por vãos rectilíneos, de peitoril e de sacada no piso intermédio. Fachada posterior com o corpo do lado direito de três pisos e rasgado com janelas de peitoril nos pisos inferior e superior e de sacada no intermédio, surgindo, no extremo esquerdo, amplo vão em arco de volta perfeita. Perpendicularmente, desenvolve-se um corpo de quatro pisos, tendo, adossado, no extremo direito, um pequeno volume com cobertura a uma água e rasgado por vãos rectilíneos. No piso inferior, surgem janelas de peitoril ou janelas jacentes, adaptando-se ao declive do terreno, surgindo, no segundo piso, seis janelas de varandim com guarda metálica, encimadas por oito janelas de peitoril e uma janela de sacada no extremo direito. No piso superior, uma janela de sacada no extremo direito, mas desencontrada da anterior. A face S. deste corpo possui vários tipos de vãos, em arco de volta perfeita, abatidos e rectilíneos, com molduras recortadas e com várias sacadas. É seccionado por um corpo que permite criar um pequeno espaço restrito e protegido por portões metálicos, de acesso à antiga portaria do convento, com porta de verga recta e remate em frontão. Acede-se ao INTERIOR através de um vestíbulo de planta rectangular, a partir do qual se desenvolve a escada de acesso ao piso nobre, totalmente em cantaria, de dois lanços rectos paralelos, com patamar intermédio. O claustro é quadrangular, com a quadra pavimentada a lajeado, sendo ocupada por um jardim de quatro canteiros rectilíneos e sobrelevados, revestidos a azulejo de figura avulsa e figurativo em bicromia azul e branco, possuindo várias espécies arbóreas; os ângulos centrais são curvos, criando um espaço para a existência de uma cisterna cuja guarda é de pedra. Cada uma das alas tem, no primeiro piso, seis arcadas de volta perfeita em cantaria, sustentadas por pilares, que se prolongam superiormente, formando os acrotérios das guardas do piso superior, em metal. As arcadas encontram-se entaipadas, com acesso por portas de verga recta, ladeadas por janelas em arco de volta perfeita. As alas superiores encontram-se fechadas por corpo de uma água, rasgado regularmente por janelas de peitoril rectilíneas e de moldura simples. Sobre este, são visíveis aos vãos do piso superior, alguns entaipados, sendo visíveis janelas de sacada. Neste espaço, destacam-se a Sala das Sessões, o primitivo refeitório conventual, a denominada Sala de Pedra, cuja designação lhe advém do tipo de pavimento em lajeado a Sala da Biblioteca ou Salão Nobre, totalmente revestida com estantes de talha dourada e policroma, com galeria em redor de balaustrada contínua, com acesso por quatro escadas de caracol, nos quatro cantos do espaço rectangular. Possui pavimento em parquet e falsa abóbada de penetrações, com apainelados pintados e elementos em estuque, tendo, no espaço central, as Virtudes, rodeadas por grupos de anjos com atributos associados ao conhecimento. O antigo espaço ocupado pela Biblioteca Popular de Lisboa dispõe-se contiguamente ao claustro do edifício e é de planta rectangular, com sala de leitura de duplo pé direito, percorrida por silhar de azulejo de padrão em bicromia, azul e branco, e tecto em caixotões de madeira, formando losangos. No lado E., identifica-se motivo serliano em cantaria, vazado nos extremos por portas pelas quais se acede ao espaço descrito, enquanto o oposto exibe, ao nível do andar superior, três vãos com emolduramento em madeira e varandins em platibanda, suportados por mísulas em cantaria, sendo um dos extremos servido por escadaria em caracol. Observa-se ainda adjacente à sala de leitura e intercomunicante através de arco de volta perfeita em cantaria, um outro espaço complementar, destinado à mesma função. Este espaço corresponde a parte do claustro, parcialmente fechado. Os restantes espaços que complementavam a biblioteca e funcionavam como depósito de livros, caracterizam-se por áreas de planta rectangular ou quadrangular com tectos estucados, destacando-se os da sala de leitura da antiga Faculdade de Letras e respectiva sala de aulas, articulando-se por corredores ostentando silhares de azulejo de padrão.
Materiais
Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; socos, cunhais, cornijas, pavimentos, pilares, pilastras em cantaria de calcário; elementos em mármore; paredes e tectos com estuques pintados; painéis de azulejo; caixilharias, portas, estantes e coberturas de madeira, com elementos pintados e dourados; guardas em ferro forjado e ferro fundido.
Observações
*1 - classificado como um conjunto de que fazem parte: o Antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus e restos da cerca conventual, incluindo a Igreja de Nosso Senhor de Jesus, a Academia das Ciências, o Museu Geológico, a Capela da Ordem Terceira de Nosso Senhor de Jesus e o Hospital de Jesus. Zona Especial de Proteção Conjunta do Bairro Alto e Imóveis Classificados na sua Área Envolvente. *2 - após a fundação da Academia, esta funcionou no Palácio das Necessidades (v. PT031106260127), daí passou para o Poço Novo, depois para o Palácio do Monteiro Mor, onde ficou até 1800; daqui foi para outras instalações do Largo do Calhariz; em 1823, foi posta no edifício do Colégio dos Monges Beneditinos na Estrela (v. PT0311061700623) passou ainda pelo Palácio do Conde de Lumiares, no Passeio Público. *3 - durante a estadia da Faculdade de Letras de Lisboa no edifício, o claustro foi dividido em vários compartimentos por meio de tabiques, nos quais funcionavam a secretaria, os laboratórios, algumas aulas e o gabinete do director.