Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Convento dos Agostinhos

Convento dos Agostinhos

O ponto de interesse Convento dos Agostinhos encontra-se localizado na freguesia de Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu no municipio de Vila Viçosa e no distrito de Évora.

Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Convento de frades gracianos ou de Nossa Senhora da Graça, da Ordem de Santo Agostinho, com igreja de planta londitudinal, em cruz latina, composta por endonártex, ladeado pelas torres sineiras quadrangulares, nave única, com capelas laterais, algumas intercomunicantes, aparentando naves laterais no exterior, transepto pouco pronunciado e cabeceira com capela-mor rectangular profunda. Cobertura por abóbada de lunetas. O claustro possui arcaria plena apoiada directamente no pavimento por pilastras toscanas. Cerca conventual murada e constituída por um conjunto de espaços (pátio, jardim. mata, horta e pomar) associados à antiga habitação de uma comunidade religiosa. O retábulo-mor de linhas clássicas, italianizantes, faz parte de um conjunto alargado atribuível a José Francisco de Abreu, nomeadamente, em Vila Viçosa, da Igreja da Lapa (v. PT040714030010), em Borba da Igreja de Santo António (v. PT040703010017), em Campo Maior, os retábulos do Convento de São Francisco (v. PT041204010013), da Igreja de São João Baptista (v. PT041204030012) e da Igreja de Nossa Senhora da Expectação (V. PT041204010005), dos retábulos laterais das igrejas da Madalena e de Santa Maria do Castelo de Olivença e do retábulo da capela-mor da Sé de Elvas (v. PT041207030001). O Convento dos frades gracianos de Santo Agostinho foi a primeira casa de religiosos instituída em Vila Viçosa. Possui alguns vestígios de elementos manuelinos como arcos polilobados na entrada da cerca e na Sacristia e o Refeitório de duas naves cobertas de abóbada de nervuras com fechos esculpidos em forma de nós. A abóbada da Sacristia é polinervada estrelada mas aplicando a técnica da abobadilha e revestida de pintura a fresco. O muro do convento e cerca constitui um exemplar notável da construção murária em alvenaria de pedra utilizando argamassa de terra. No âmbito do azulejo, representação rara de episódios da vida de São Nicolau Tolentino, um deles copiando minuciosamente uma gravura italiana. O pavimento da igreja formando por fiadas de tampas de sepultura de mármore branco enquadradas por tiras de mármore negro azulado foi concebido de forma a esquematizar o espaço funerário, originalidade que permite visualizar e compreender a organização dos enterramentos na igreja, e é idêntico ao das seguintes igrejas: Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa(V. PT040714030007), igreja de São Domingos (PT041207010003) e igreja da Ordem Terceira de São Francisco(PT041207050023), em Elvas.

Planta longitudinal, em cruz latina, composta por endonártex flanqueado por torres sineiras quadrangulares, corpo da igreja de nave única, com capelas laterais, algumas comunicantes, transepto pouco saliente e capela-mor rectangular profunda. A N. adossa-se claustro quadrangular rodeado pelas antigas dependências conventuais, como o Refeitório (rectangular), a Sacristia (quadrangular) e Casa do Capítulo (rectangular) e outros anexos do seminário que se prolongam num corpo para E.. Massa de volumes articulados e escalonados, com corpos das capelas laterais corridos e mais baixos, aparentando exteriormente serem naves laterais, de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo das torres sineiras e pelo zimbório octogonal sobre o cruzeiro. Coberturas diferenciadas em telhados de uma água sobre as capelas laterais, de duas águas na nave, transepto, capela-mor e dependências do Seminário, coruchéu de oito águas revestidas de lajes, rodeadas por pináculos, no zimbório e domos coroadas por pináculos sobre as torres sineiras. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto no primeiro registo da fachada principal da igreja, em cantaria. Os panos das fachadas são delimitados por pilastras e cunhais apilastrados. Os remates são todos em cornija sob beiral. IGREJA: fachada principal orientada, com três panos em composição simétrica e três registos. No primeiro, ao centro, amplo arco em asa de cesto com portão de ferro abre para o endonártex, ladeado pelos pisos inferiores das torres, rasgados na frente por duas janelas quadrangulares; no segundo registo, separado do primeiro por cornija, abrem-se cinco janelas rematadas por frontões triangulares e encimadas por uma faixa moldurada por duas cornijas salientes; remate em platibanda rendilhada. Lateralmente o último registo corresponde às sineiras, abertas nas quatro faces das torres por arcos de volta perfeita, rematadas por frontões triangulares. Fachada S. de dois registos escalonados, o primeiro com embasamento pouco pronunciado é ritmado por janelas rectangulares abertas em cada pano correspondente às capelas laterais, e o segundo, recuado, é vazado por clerestório de janelas rectangulares transversais; no braço do transepto abre-se um portal de verga recta ladeado por colunas toscanas estriadas assentes em plintos decorados por losângos, rematado por entablamento decorado que suporta frontão curvo interrompido tendo ao centro uma cartela com inscrição e uma representação de Nossa Senhora. Fachada N.: adossada às dependências conventuais. Fachada posterior: pano da capela-mor aberto por pequena janela rectangular. INTERIOR: nave coberta por abóbada de lunetas e pavimento em taburnos de mármore branco e negro azulado, formando axadrezado, totalmente composto por tampas de sepultura maioritariamente epigrafadas. As paredes laterais são ambas abertas por três arcos de volta perfeita, de acesso às capelas laterais. A Capela de São Nicolau Tolentino tem duas paredes totalmente revestidas de azulejos setecentistas, de composição figurativa, ilustrando episódios da vida de São Nicolau. Cruzeiro coberto por cúpula assente em trompas, com pintura mural de grutescos. Capela-mor em mármore, coberta por abóbada de berço com pintura de grutescos; nas paredes laterais inscrevem-se as capelas funerárias da Casa de Bragança, providas de arcos de volta perfeita de mármore negro: o túmulo do 1º Duque de Bragança, está colocado na terceira capela do lado do Evangelho, integralmente em mármore regional policromo, possuindo um nicho pouco profundo com jambas apilastradas e tabela de volutas suportando o brasão da Casa de Bragança, onde se encaixa a arca tumular em forma de urna, de paramentos moldurados e apainelados, sobrepujada por vieira aberta. Na parede testeira retábulo-mor em mármore policromo, de planta convexa de três eixos, com tribuna recortada, enquadrada por colunas coríntias. CLAUSTRO: de dois registos, no primeiro arcaria de volta perfeita em cantaria, assente em pilastras toscanas directamente no pavimento, e no segundo panos rebocados e pintados de branco, abertos por janelas de sacada de verga recta, com guardas de ferro e remates em cornija recta; as gárgulas que rodeiam o Claustro são máscaras de grutesco; o pavimento do pátio é calcetado centrado por monograma de Cristo (XP) entre as letras gregas alfa e omega, desenhadas em pedras negras. REFEITÓRIO: a E., rectangular de duas naves e sete tramos divididos por 6 colunas de mármore sobre bases quadrangulares decoradas com quatro folhas e com capitéis com motivos vegetais estilizados, aparentando as três primeiras feitura recente; a cobertura é em abóbada de cruzaria de perfil em asa de cesto, com nervuras fechadas por cordões que formam nós diferentes de par a par. SACRISTIA: a S., com entrada por porta rectangular na galeria do Claustro; as paredes são parcialmente cobertas com silhar de azulejos azúis e brancos compondo painéis com albarradas; na parede do fundo grande lavabo de mármore com mascarões (grutescos) de cuja boca sai a água, apoiado em peanha de volutas; cobertura em abobadilha imitando abóbada polinervada estrelada de 8 pontas pintada com grutescos, frutos e vasos floridos, cravada nas paredes sem mísulas mas, nos três pontos centrais, uma decoração envolvente de estuque semelhante a coroa de pétalas; justaposta a S. outra sala ampla, rectangular, talvez a antiga Casa do Capítulo, que abre para o Claustro por porta rectangular tendo ao lado uma janela geminada de arco quebrado, entaipada; no interior existem 2 grandes arcos torais assentes no pavimento, assemelhando-se a contrafortes interiores; na parede E. há vestígios de um portal em arco cairelado com bases decoradas com estrias helicoidais com meias esferas, colunelos e arquivolta com restos de pintura de grutescos e toda a parte superior em cimento; do lado S. porta de comunicação com a igreja, de moldura rectangular com arquitrave, tendo à dir. pia de água benta; na espessura da caixa murária abre-se vão em arco pleno com escada para o púlpito; do lado O. outro resto de moldura em arco rebaixado; cobertura em abóbada de aresta seccionada; CERCA: limitada por muro de alvenaria, rebocado e pintado apenas junto à Rua Duque D. Jaime. O principal acesso é feito por portão ladeado por duas janelas na mesma rua, para um pátio murado que antecede a entrada do corpo principal do seminário que, por sua vez, dá acesso ao claustro e às restentes dependências conventuais. Junto à porta do edifício existe um canteiro de buxo de cada lado, preenchido com roseiras e onde se encontra uma inscrição comemorativa do centenário da escola prática de cavalaria. Do lado oposto do pátio, existem duas pequenas casas de apoio, adjacentes ao muro que separa este espaço do pomar. Um segundo portão frontreiro ao primeiro abre-se sobre um caminho ladeado por canteiros de buxo preenchidos com flores e arbustos. Contornando o edifício localiza-se a horta e do lado oposto está o jardim, limitado por sebe de buxo e contendo arbustos topiados e laranjeiras. A partir do jardim, duas escadarias ligam ao campo de jogos vedado por rede e contornável na zona superior por caminho em cubos de granito sob uma pequena área de mata. O campo de jogos é sustentado por muro de suporte que limita um caminho sob latada de vinha. Deste caminho até ao muro que limita a R. Duque D. Jaime, situa-se o pomar, estruturado em socalcos sustentados por muro de suporte. A zona mais elevada da cerca é ocupada por olival, entre o campo de jogos, a mata, e a horta, estendendo-se até ao muro que nesta zona se encontra em ruína.

Materiais

Cantarias e silharias de mármore da região; alvenarias mistas rebocadas e caiadas; abobadilha de tijolo na Sacristia; portas, caixilhos em madeira; retábulos de talha dourada; azulejo tradicional; gradeamentos em ferro; coberturas em telha de canudo. Material vegetal: oliveira (Olea europaea var. europaea), laranjeira (Citrus sinesis), buxo (Buxo semperviriens), roseira (Rosa sp.), boganvilea (Bouganvilea sp.).

Observações

* 1 - conjunto formado pelo Paço Ducal, Igreja dos Agostinhos e Igreja e Claustro do Convento das Chagas; *2 - Segundo Túlio Espanca (IAP, p. 542) a inscrição do livro é a seguinte: ANTE OMNIA, FRATES CARISSIMI, DILIGATUR DEUS DEINDE PROXIMUS; cuja tradução é: primeiro, que tudo, irmãos caríssimos, ama-se a Deus e depois o próximo.