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Ermidas de Santo Eustáquio, São Jerónimo e de Nossa Senhora de Belém

Ermidas de Santo Eustáquio, São Jerónimo e de Nossa Senhora de Belém

O ponto de interesse Ermidas de Santo Eustáquio, São Jerónimo e de Nossa Senhora de Belém encontra-se localizado na freguesia de Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu no municipio de Vila Viçosa e no distrito de Évora.

Arquitectura religiosa. A ermida de São Jerónimo e de Santo Eustáquio apresentam uma tipologia arquitectónica pouco vulgar na região. Na ermida de Santo Eustáquio surge revestimento a azulejo formando silhar guarnecido por cercadura cuja decoração remete para o conjunto patente na Igreja de Nossa Senhora da Conceição (v. PT040714030007), (ESPANCA, 1978), assim como a pintura mural apresenta características que permitem estabelecer um paralelo com as pinturas murais patentes na escadaria do Paço Ducal de Vila Viçosa, retratando a Batalha de Azamor. Esta ermida possuía retábulo composto por moldura de talha dourada e policroma, enquadrando tela pintada a óleo segundo temática hagiográfica sobre o orago.

Ermida de São Jerónimo: planta centralizada, composta por exonártex de planta rectangular e nave com planta circular, de volumes escalonados sendo o nártex mais baixo e com cobertura em telhados de duas águas, que a nave, com cobertura em domo, revestido a telha de aba e canudo, coroado por pináculo de cantaria. Fachadas da nave cegas rebocadas e pintadas de branco, terminadas por cornija e beirada, e percorridas por faixa pintada de azul, sendo a principal rasgada por portal recto com moldura de cantaria de xisto, rematada por cornija, com porta em madeira almofadada e pintada de verde escuro. O nártex de planta rectangular, igualmente rebocado e pintado de branco, é terminado por cornija, friso e cornija, sobrepondo-se beirada, e rasgado nas suas faces por arcos de volta perfeita, formando alpendre, possuindo, à esquerda, púlpito em alvenaria caiada, de planta semicircular irregular, com pavimento cerâmico. Apresenta cobertura em travejamento de madeira e pavimento cerâmico. A fachada posterior e lateral esquerda adossadas a eremitério de planta quadrangular, delimitada por muro de alvenaria caiada de branco, percorrido por faixa azul apenas nalguns segmentos, com acesso independente e sem acesso ao interior da ermida. INTERIOR: nave de paredes lisas e curvas, com cobertura em cúpula caiada, decorada por caixotões. O pavimento em mármore branco e azul, disposto formando axadrezado, limitado por friso de mármore azul, acompanhando a configuração circular da nave. Na parede fundeira rasga-se, em capialço, portal de verga recta, e, do lado da Epístola, pia de água benta em cantaria de mármore, de configuração circular, embutida na parede. O altar possui retábulo composto por grande painel de pintura mural, medindo 1,96m, 65m, com representação de São Jerónimo no deserto, envolvido por moldura de estuque, decorada com cabaças, conchas, medalhões, lóbulos e cartelas douradas e policromas. ERMIDA DE SANTO EUSTÁQUIO: de planta centralizada, com torre adossada, do lado direito, de planta circular, é terminada por friso, pintado de azul, seguido por cornija, rematada por platibanda plena, capeada com ladrilho cerâmico, interrompidos pelo volume da torre, servindo de guarda à cobertura plana, que apresenta revestimento cerâmico. É percorrida por embasamento formando banco, integrando o volume da torre cilíndrica e, é rasgada por portal, ligeiramente sobrelevado, de verga recta, ostentando moldura em cantaria de mármore, de meia-cana, definindo eixo vertical pontuado, sobre a platibanda, por sineira rasgada por vão de volta perfeita, pintado de azul, terminada por cornija, friso pintado de azul e cornija, coroada por frontão. À direita, torre cilíndrica, rematada por cornija, apresenta a cobertura em cupulim e, é rasgada por portal de verga recta, com moldura caiada, rematada por cornija, de acesso à cobertura, encimada por fresta rectangular de verga recta. Na fachada posterior epígrafe, em placa de cantaria de mármore branco, enquadrada por moldura quadrangular nervurada. Fachada principal voltada para eremitério integrado em terreno limitado por muro de alvenaria caiada, constituindo planta rectangular, dotada de abrigo e de um anexo. A parede interior do muro, do lado esquerdo, é rasgada por três nichos curvos e, possui banco de alvenaria caiada. Em frente à fachada posterior encontra-se um relógio de sol, rematado por pináculo metálico, apresentando as quatro faces numeradas. INTERIOR: Nave de planta circular, apresenta paredes revestidas a silhar de azulejo, de tapete, formando padrão policromo, constituído por motivos geométricos e vegetalistas estilizados, guarnecido por friso e cercadura, seguido por pintura mural rematada por cornija pintada de ocre, apresentando cobertura abobadada e pavimento de cantaria de mármore branco e azul, em axadrezado delimitado por friso de cantaria de mármore azul, acompanhando a configuração circular da nave. Na parede fundeira rasga-se, em capialço, portal simples de verga recta, apresentando silhar de azulejo composto por painel estreito de azulejo monocromo branco de produção recente, envolvido por cercadura e friso idênticos ao da nave, encimado por pintura mural composta por cartelas rectangulares. Do lado da Epístola, rasgam-se pequeno nicho quadrangular e porta de verga recta, ostentando moldura, lateral e inferiormente, revestida a azulejo monocromo branco, de produção recente, acedendo à torre cilíndrica. A torre apresenta paredes caiadas, com cobertura em cúpula e pavimento cerâmico, integrando escada helicoidal, de 38 degraus, caiada a branco à excepção do cobertor dos mesmos em cantaria de xisto aparente. Ermida de Santa Maria de Belém.

Materiais

Alvenaria de pedra e tijolo rebocada e caiada; talha dourada; silhar de azulejo; pavimento de cantaria de mármore preto e branco; pavimento cerâmico; pavimento de xisto; cobertura em telha de canudo sobre travejamento de madeira.

Observações

*1 - A administração da ermida esteve sempre a cargo da Igreja Paroquial de Santa Bárbara, integrada na Matriz de Borba. *2 - A designação de Atalaia e a dominação estratégica do morro em que se situa a ermida parece indiciar um sítio com ocupações anteriores; algumas fontes citadas por Túlio Espanca referem uma eventual atalaia de origem islâmica, aparentemente sem fundamento. Espanca refere que, no interior, sobre o rodapé de azulejos, pintura mural historiada com episódios da legenda do orago. *3 - A operação de ampliação do território da Tapada Real decorreu no período compreendido entre 1729 e 1752, implicando a colocação de porta no outeiro de São Bento, sendo necessário construir moradias novas, que servissem este e outros outeiros próximos, mas também a construção de um novo muro, que D. João V, pretendia alto a fim de nem os gamos, nem os lobos o poderem transpor e cujos lanços se desenvolvessem em segmentos rectos ou ligeiramente curvos. Depois desta ampliação a Tapada Real passou a integrar três Igrejas: a de Nossa Senhora de Belém, pertencente ao palacete da tapada e as ermidas de São Jerónimo e de Santo Eustáquio (Espanca, 1985). *4 - O frade capucho presidia ao culto na ermida e o Convento dos Capuchos recebia, da tapada real, o combustível que precisava (ESPANCA, 1985); para aceder mais rapidamente à ermida detinha a chave da porta dos Pereiras, de acesso à tapada real, que foi fechada durante a segunda metade do séc. 19. *5 - Emídio Adrião da Natividade fora oficial do exército no Brasil e era íntimo de D. João IV; *6 - Da construção primitiva restam quase todos os elementos da nave e da capela-mor, a qual teria retábulo, albergando imagem da patrona semelhante à da Ermida de São Jerónimo, (ESPANCA, 1978).