Igreja conventual de frades capuchos da Província da Piedade, de tipologia maneirista, barroca; apresenta de planta longitudinal, composta por nave, antecedida de largo nartex e vasto coro-alto, capela-mor rectangular tendo anexa a sala da tribuna, antesacristia e sacrista adossadas junto ao alçado direito da cabeceira, claustro quadrangular, adossado à direita da igreja, dependências conventuais organizadas em redor do claustro, e capela dos frades adossada à esquerda do nartex. Fachada simples contrastando com a riqueza decorativa do interior, dos séculos 17 e 18, nomeadamente os retábulos de talha dourada e polícroma e as pinturas murais da sacristia, da Capela de São Francisco e da sala da Tribuna, estas semelhantes às que decoram o mesmo espaço na Igreja da Misericórdia (v. PT040714050019); alçados exteriores do claustro decorados com esgrafitos de laçarias e figuras zoomórficas e antropomórficas; nas galerias silhares de azueljos azul e branco comregresso à cor, de figura avulsa intercalados com figuras de santos, emolduradas por cartelas rocócó, da 2.ª metade do séc. 18. Cerca Conventual característica dos Conventos dos Capuchos, limitada por muro maioritariamente e composta por edifício principal com igreja e por outros edifícios de apoio a actividades agrícolas em função das quais se desenvolvem zonas de jardim, horta, pomar e campos agrícolas. Apresenta ainda elementos arquitectónicos destinados ao lazer e ornamentação. Os caminhos entre campos agrícolas ou plantações de vinha ou pomar são pontuados por bancos, nos muros de suporte inserem-se alegretes, caleiras e tanques de rega. De acordo com as leis de governo dos Conventos dos Capuchos, a cerca é pequena e recolhida longe das vilas e cidades (cerca de meia légua, 3 Km) de forma a não perturbar o recolhimento religioso mas suficientemente perto para que os frades pudessem constactar com as populações e para que estas acedessem facilmente à missa ou depositassem esmolas. Pertence ao conjunto das Cercas dos Conventos Capuchos da Província da Piedade tendo sido a primeira Casa em Portugal. Mantém ainda a respectiva cerca com zonas de jardim, horta e pomar com alegretes caleiras, tanques de rega, e o Portão da Horta, da época freirática, fazendo perdurar ainda o sentido religioso deste espaço e conferindo-lhe uma atmosfera peculiar; permanecem igualmente a maioria dos espaços conventuais. Destacam-se os esgrafitos do claustro, os revestimentos azulejares de várias dependências, os retábulos de talha dourada e as pinturas murais em particular as que preenchem a Sala do Trono, semelhantes às que decoram os mesmos espaços nas Igrejas da Misericórdia da vila e na de Arraiolos (v. PT040701010008), bem como na Igreja Matriz de Ouguela. No claustro foi aprovada a regra capucha e os respectivos estatutos.
Planta composta por igreja planta longitudinal, composta por nave, antecedida de largo nartex e vasto coro-alto, capela-mor rectangular tendo anexa a sala da tribuna, antesacristia e sacrista adossadas junto ao alçado direito da cabeceira, claustro quadrangular, adossado à direita da igreja, dependências conventuais organizadas em redor do claustro e capela dos frades adossada à esquerda do nartex. CERCA: limitada por muro com principal acesso por portão junto à igreja e dividida interiormente por muros em três áreas. O pátio da entrada é ladeado por dois espaços ajardinados: um junto ao muro, limitado por lancil de pedra e onde se encontra uma sepultura e outro, do lado oposto, no lugar do antigo horto de recreio, denominado jardim da palmeira por ESPANCA, 1970, do qual ainda permanecem o poço quadrangular de mármore, a pia de taça circular e a estrutura axial do espaço, quadripartido e formando quatro canteiros limitados por lancil de pedra. Nesta zona também se encontra uma sepultura. O complexo edificado é contornável por caminho que conduz à zona posterior, com aspecto abandonado junto ao edifício mas onde se estabelece uma horta cuidadosamente tratada e estruturada em socalcos. A zona mais elevada do terreno é constituída pelo edifício com o pátio da cisterna, com acesso por escadaria junto ao portão que dá para os campos de cultivo. Está construído sobre uma grande cisterna que alimenta toda a rega da cerca e de onde se podem obter largas vistas sobre a envolvente. Este pátio é envolvido por bancos de espaldar (antes com ornamentos e tinta de água). Tem pináculos flamejantes nos ângulos e é centrado por um poço também revestido a mármore. Um caminho junto ao muro, sob latada de vinha, conduz aos campos agrícolas, passando pelo pomar de citrinos, organizado em socalcos suportados por muretes encimados por caleiras, algumas das quais em acentuado estado de degradação. Outro caminho surge deste, alinhado com um portão no muro, contornando o pomar e deixando do lado oposto uma zona de regadio, mais baixa que contém horta e o pomar com diversas espécies de árvores de fruto. Este caminho leva ao muro que divide interiormente a cerca e onde existe um portão apilastrado e com frontão com enrolamento centrado por cruz em medalha elíptica envolvida em palmas. Para lá deste muro situa-se uma zona de cultura de regadio, com campos de cultivo separados por caminho ladeado por muros baixos. Num dos campos exite uma estufa moderna e noutro um tanque de armazenamento de água, acompanhado por banco e adossado ao muro que separa o olival, plantado em terreno mais acentuado. Exceptuando a área de olival, toda a estrutura da cerca é determinada por caleiras, que se adossam muros de suporte ou se associam a caminhos, sendo polarizada por um conjunto de três tanques e por uma nora.
Materiais
Alvenaria mista rebocada e caiada; pavimentos de tijoleira artesanal e soalho de madeira; telha; mármore nas molduras de vãos e em elementos decorativos; xisto em elementos secundários (capeamento de degraus, peitoris); azulejo; talha. Material Vegetal: laranjeira (Citrus sinensis), oliveira (Olea europaea var. europaea).
Observações
*1 - DOF: Igreja, Convento e Cerca de Nossa Senhora da Piedade; *2 - este convento, em conjunto com os conventos de Nossa Senhora da Consolação do Bosque de Borba, de São Francisco de Chaves, do Bom Jesus do Monte de Barcelos, e de Santa Sita em Tomar, entretanto fundados, formaram a Custódia de Santa Maria da Piedade em 1509 que veio a constituir em 1517 a Província da Piedade; Os Conventos Capuchos da Província da Piedade estabelecem-se, durante os sécs. 16 e 17, na proximidade de cidades ou vilas onde a coroa, o clero ou a nobreza permaneciam ou eram proprietários, particularmente os duques de Bragança, patrocinadores de muitos destes conventos, incluindo o de Viça Viçosa.